quinta-feira, 3 de julho de 2014

Desconfiança

Na véspera do jogo da Seleção Brasileira contra a Colômbia, pelas quartas de final da Copa do Mundo, um estranho sentimento de desconfiança dos brasileiros em relação à sua equipe é perceptível. Numa Copa realizada no Brasil, é algo inusitado. No entanto, é um sentimento justificado. A Seleção está entre as oito equipes que restaram na Copa, mas seu futebol desmanchou com qualquer entusiasmo do torcedor. Se ainda vier a ser campeã, só poderá igualar a campanha de 1994, quando a Seleção empatou dois jogos. Nas demais Copas, a Seleção ganhou todos os jogos em 1970 e 2002, e empatou uma partida em 1958 e 1962. A esperança de título ainda persiste, mas calcada em fatores como o de a Copa ser no Brasil, na força da camiseta e da tradição e outros alheios ao futebol dentro de campo. No gramado o que se tem visto é uma equipe desconexa, sem jogadas de meio campo, abusando das bolas rifadas, e com uma sobrecarga emocional evidente, caracterizada no choro de muitos jogadores antes e depois da cobrança de tiros livres da marca do pênalti contra o Chile. O período de seis dias até o jogo contra a Colômbia trouxe, ainda, novas demonstrações de descontrole do sempre explosivo técnico Felipão, que chegou a mandar jornalistas "para o inferno". Alguns jogadores discordaram publicamente do técnico, negando que haja tensão emocional entre eles. A "família Scolari" de 2002 não está sendo reproduzida em 2014. Dentro de campo, o desempenho, também, está longe de ser o mesmo. O adversário de amanhã, é, sem dúvida, o mais qualificado de todos até aqui e tem o jogador que vem sendo o melhor da competição, James Rodriguez. Como se vê, é um conjunto de tendências pouco animador. Mais do que nunca, a tradição terá de falar mais alto. Só assim a Seleção poderá evitar uma melancólica desclassificação e a perda de uma segunda Copa em solo brasileiro.