terça-feira, 31 de maio de 2022

Esquerda dividida

A esquerda tende a ir dividida na eleição para governador do Rio Grande do Sul, abrindo caminho para a vitória de um candidato bolsonarista, o que seria terrível para o estado. Tudo porque, mais uma vez, partidos desse segmento político insistem em lançar candidato próprio no primeiro turno, em vez de formar um "chapão", em que todos rumassem juntos. A alegação, que já vem de outras eleições, é que o PT não abre mão da cabeça de chapa, o que inviabiliza o acordo. Porém, como poderia ser diferente? O PT tem muito maior número de governantes, parlamentares, filiados e eleitores do que os outros partidos de esquerda. Portanto, é natural que o PT encabece a chapa, ainda que o seu candidato, o deputado estadual Edegar Pretto, não seja um nome de grande impacto. O PSOL terá como candidato o vereador de Porto Alegre Pedro Ruas, um excelente nome, e já definiu que estará fechado com o PT num eventual segundo turno. A postura faz sentido em dois aspectos. Um é o de que o primeiro turno é o estágio em que o eleitor deve votar no seu candidato preferido, independentemente de suas chances eleitorais. O segundo é o de que um candidato próprio ajuda a formar uma bancada mais numerosa do partido na Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados. Os mesmos argumentos valeriam, portanto, para o pré-candidato do PSB, Beto Albuquerque. No entanto, há diferenças. Beto sinaliza que sequer comporá com os demais partidos de esquerda, e avalia outras alianças. Na verdade, Beto e seu partido pouco tem de "esquerda", verdadeiramente. O ex-deputado se autoconcede um protagonismo que jamais possuiu. Sua vaidade e estupidez não lhe permitem admitir que sua chance de ganhar a eleição para governador é nenhuma, em qualquer contexto. Se fosse um autêntico homem de esquerda, empenhado, prioritariamente, em derrotar o bolsonarismo, Beto aceitaria compor uma chapa encabeçada pelo PT, como candidato a senador, eleição em que teria boas chances. O ideal seria uma superchapa, com Edegar para governador, Ruas como vice, e Beto concorrendo a senador. Uma composição desse nível teria chances muito maiores de vencer o bolsonarismo. Ainda há tempo de deixar interesses mesquinhos e imediatistas de lado, impedindo que o Rio Grande do Sul venha a ser governado por uma figura execrável de extrema direita como Onix Lorenzoni (PL), por exemplo.