sábado, 7 de maio de 2011

A direita sem discurso

Os meios de comunicação tem batido na tecla de que a oposição está em crise no Brasil. Não consegue formular uma linha de conduta, está dividida e desorientada. O que se passa com o DEM, partido que é um dos sucedâneos da antiga Arena, é exemplar. Pelo andar da carruagem, o partido caminha para a extinção. Tal crise, porém, é explicável. As forças de direita, no Brasil, ficaram sem discurso. Todos os fantasmas com que tentaram atemorizar os eleitores para que não votassem em Lula para presidente da República não fizeram efeito. Lula foi eleito, mais tarde reeleito, e fez a sua sucessora, Dilma Roussef. A hipótese de que o ex-presidente modificaria a legislação para obter um terceiro mandato foi aventada pela imprensa, mas Lula a rechaçou de pronto, mostrando respeito às normas legais, ainda que se saiba que, se o desejasse, a aprovação da alteração seria líquida e certa. A grande imprensa tentou relacionar os êxitos obtidos no governo Lula ao fato de terem sido mantidos, em sua administração, os fundamentos econômicos implantados por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Sim, é verdade que Lula não subverteu o ordenamento econômico até então existente, mas seu governo avançou muito mais na direção da expansão dos empregos e da diminuição das desigualdades. Fala-se em educação de baixa qualidade e falta de mão-de-obra qualificada para preencher vagas nas empresas. Ora, o que não se diz é que houve uma notável expansão no número de empregos gerados, depois de anos de estagnação do mercado, sendo natural que faltem, num primeiro momento, pessoas que possam preencher todas as vagas. Longe de ser um problema grave, é um sinal inequívoco, de um país em estágio de crescimento econômico, com redução de desigualdades e maciça inserção no mercado de segmentos antes excluídos do consumo. Não é à toa que Lula deixou o governo com o mais alto índice de popularidade de um presidente brasileiro em todos os tempos. O eleitor não vota movido por preconceitos ideológicos, pensa no seu bolso e no seu estômago. Dessa forma, foi capaz de eleger para presidente um ex-operário e, agora, a primeira mulher a ocupar o cargo, por sinal uma ex-ativista de esquerda. As primeiras medições de popularidade de Dilma Roussef mostram que a maioria do eleitorado continua satisfeita. O governo anterior, e o atual, possuem muitos defeitos, alguns bastante graves. Não se trata, aqui, de fazer um texto laudatório a quem está no poder. Trata-se, apenas, de reconhecer os grandes avanços sociais e econômicos alcançados a partir do governo Lula. Em resumo, a direita ficou sem discurso porque o Brasil está dando certo.