sexta-feira, 15 de maio de 2020

Desgoverno

O pedido de demissão do ministro da Saúde, Nélson Teich, apenas 28 dias depois de assumir o cargo é um retrato fiel do descalabro que vive o país. O Brasil está entregue a um desgoverno. No momento em que vive os terríveis efeitos da pandemia de coronavírus, que está causando a morte de mais de oitocentas pessoas por dia, o país se vê nas mãos de um presidente, Jair Bolsonaro, que só se preocupa com sua permanência no cargo. A insistência de Bolsonaro em recomendar o uso da cloroquina como remédio contra a doença, e sua obsessão em pôr fim ao confinamento, tornaram inviável a continuidade de Teich como ministro da Saúde. O uso da cloroquina contra o coronavirus não tem respaldo da comunidade médica. A medicação não tem qualquer efeito benéfico contra a doença, e ainda apresenta uma série de efeitos colaterais. Em relação ao confinamento, a medida é cada vez mais necessária, dado o crescente número de mortes, com a possibilidade de se ampliar para um "lockdown", ou seja, um fechamento total. Uma flexibilização do confinamento, nesse momento, é uma atitude genocida. O Brasil vive uma tragédia sanitária que só tende a se ampliar, pois quem deveria zelar pelo país e por sua população, age em sentido contrário. O próximo ministro da Saúde, provavelmente, não será um médico, mas sim alguém disposto a aceitar todas as imposições de Bolsonaro para a área. Nenhum médico deverá concordar com isso, até porque sofreria sanções dos seus conselhos profissionais por agir em desacordo com as orientações científicas. O impeachment de Bolsonaro não é uma questão política, é a única chance de salvar o país do maior genocídio da sua história.