sábado, 24 de janeiro de 2015

A realidade superando a ficção

A literatura e o cinema, vez por outra, lançam mão de enredos catastróficos, em que cidades, países, continentes, ou o mundo inteiro, são vitimados por desastres climáticos e devastações de toda ordem. Em geral, são histórias muito imaginativas, quase delirantes, que fazem o deleite dos apreciadores do gênero. No entanto, o Brasil está perto de vivenciar um desastre em que a realidade superará a ficção. A extrema severidade dos dois últimos verões, com temperaturas altíssimas e baixa ocorrência de chuvas, fez os reservatórios hídricos de São Paulo e da região Sudeste sofrerem uma redução dramática. Desde 2014, a cidade de São Paulo, a maior do país, enfrenta problemas no abastecimento de água. Porém, o que antes era um problema, tornou-se um drama. Com o segundo verão seguido de poucas chuvas, os reservatórios seguem tendo seu volume reduzido. O racionamento de água, antes apenas uma hipótese, começa a tomar contornos de providência inevitável nos próximos meses. O que antes era uma situação localizada no Estado de São Paulo já se reflete em toda a região Sudeste, e o espectro da escassez de água já alcança o Rio de Janeiro. Em poucos meses, caso o volume de chuvas não cresça significativamente, poderemos ter as duas maiores cidades do Brasil paralisadas pela falta de água e, em consequência, pelo racionamento de energia. Seria um desastre, pois São Paulo é a locomotiva econômica que puxa o país, e todo o Brasil sofreria os reflexos desse acontecimento. A ação irresponsável do homem em relação a natureza está gerando abalos ambientais em todas as partes do mundo. O  que está ocorrendo em São Paulo é um deles. Ainda assim, não se pode, apenas, culpar a natureza. Faltou uma ação administrativa mais eficaz. O PSDB governa o Estado de São Paulo há cerca de vinte anos. Em todo esse período, contou, apenas, com as costumeiramente abundantes chuvas de verão para que os reservatórios fossem abastecidos. Com as prolongadas secas dos dois últimos anos, o governo se viu surpreendido, e não consegue achar uma solução satisfatória para a escassez de água. O problema está longe de ter atingido o seu ápice. Os próximos meses poderão levar o país a uma crise sem precedentes, por falta de água e luz para fazer girar a economia.