sexta-feira, 25 de abril de 2014

Trinta anos de uma frustração

O dia de hoje marca mais uma data redonda. Porém, sem motivos para comemorações. Há 30 anos, a emenda Dante de Oliveira, que propunha a restituição da eleição direta para presidente da República, foi rejeitada pelo Congresso Nacional. Faltaram 22 votos para a aprovação. Durante mais de um ano, comícios e concentrações populares nas principais capitais brasileiras levaram multidões às ruas, pedindo a volta da eleição direta para presidente. Nos palanques, grandes expressões políticas do país, como Leonel Brizola, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Franco Montoro, entre outros, juntavam-se a astros do futebol e do meio artístico na conclamação do povo para o apoio à emenda. Foi um espetáculo cívico grandioso. Milhões de brasileiros indo às ruas exigir a volta da democracia.plena ao país. Porém, mesmo com toda a mobilização, a emenda não foi aprovada. Afora os que votaram contra, mais de uma centena de parlamentares sequer compareceram ao plenário. O governo militar, já em seus estertores, criou um clima de intimidação em torno de Brasília, onde a emenda foi votada. Foi, no entanto, uma falsa vitória do regime militar, que não tinha mais futuro. Em janeiro de 1985, ainda com uma eleição indireta no chamado "colégio eleitoral", Tancredo Neves, candidato da oposição, foi escolhido presidente, derrotando o representante da ditadura, Paulo Maluf. Tancredo acabou não tomando posse, pois foi internado na véspera e faleceu depois de uma longa agonia, e seu vice-presidente, José Sarney, ex-integrante do partido de sustentação da ditadura, assumiu o cargo. Mais uma frustração para o povo brasileiro. Findo o mandato de Sarney, no entanto, a eleição direta para presidente, finalmente, foi restituída. O primeiro presidente a ser eleito, Fernando Collor de Mello, acabou afastado por corrupção, dois anos depois da posse. Mais um triste momento da história política brasileira. O importante, contudo, é que, a partir de então, vivemos o maior período de continuidade democrática da história do Brasil. Uma conquista que não pode ser revogada jamais, sob nenhum argumento.