segunda-feira, 2 de abril de 2012

Enfrentando um tabu histórico

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já teria garantido o seu lugar na história pelo simples fato de ser o primeiro negro a comandar um país que durante anos viveu numa condição de racismo explícito, mas está, afora isso, ousando enfrentar uma questão que ainda é tabu entre os americanos. Obama quer aumentar os impostos para os americanos mais ricos. Em seu discurso semanal por rádio e internet, realizado no último sábado, Obama destacou que são injustas as vantagens concedidas pelo atual sistema de impostos para os que têm rendimentos mais elevados. Obama citou multimilionários como o investidor Warren Buffet e o fundador da Microsoft, Bill Gates, que, sob o atual sistema de impostos, estão pagando taxas mais baixas que os secretários de seu governo. O presidente americano chegou a perguntar: "Queremos seguir concedendo taxas baixas a americanos como eu, ou  Buffet, ou Gates, pessoas que não precisam disso e que nunca pediram isso? Ou queremos continuar investindo dinheiro para fazer nossa economia crescer e nos mantermos seguros?" Barack Obama está comprando uma briga indigesta. O conservadorismo americano sempre recusou a ideia de impostos altos paras os mais ricos. Impedir a elevação de impostos, ou a criação de novas taxações,  é uma bandeira permanente do Partido Republicano. A evidente injustiça social de tal situação não comove os republicanos, defensores intransigentes que são dos privilégios dos mais ricos. Não é fácil bater de frente com algo tão arraigado na cultura americana. Obama, contudo, deu o primeiro passo. A sabedoria popular ensina que não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. A fala de Obama pode ser o início de um processo que culmine numa revisão de conceitos nos Estados Unidos, cujos reflexos se fariam notar em vários outros países, inclusive o Brasil, onde a mesma injustiça tributária é praticada. Uma mudança que, ainda, parece distante, mas, a partir do pronunciamento de Obama, tornou-se mais factível.