sábado, 28 de fevereiro de 2015

Choque inevitável

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, levou um "puxão de orelhas" da presidente Dilma Rousseff sobre declarações que deu a respeito da desoneração da folha de pagamento das empresas, e foi obrigado a retratar-se, admitindo que, em sua fala, abusou do coloquialismo. Episódio semelhante já havia ocorrido com o ministro do Planejamento, Nélson Barbosa, no seu primeiro dia de trabalho, quando se pronunciou sobre o reajuste do salário mínimo. Duas situações constrangedoras ocorridas ainda nos dois primeiros meses do segundo mandato de Dilma. Não deve haver, no entanto, nenhuma surpresa diante de tais fatos pois esse tipo de choque era inevitável. Dilma Rousseff, na ânsia de brecar a crise econômica e atrair a simpatia do mercado, colocou em postos estratégicos do governo figuras afinadas com a cartilha neoliberal. Essa é uma receita fadada ao fracasso. Ao incluir em sua administração ministros com esse perfil, Dilma contraria a vontade de seus eleitores e das bases de seu partido, sem que obtenha qualquer trégua por parte da oposição e da grande imprensa, que estão obstinadas em promover o seu impeachment. A busca da governabilidade tem levado aos acordos mais esdrúxulos entre partidos e políticos, juntando pessoas de espectros ideológicos antagônicos. Essa prática transforma a política num balcão de negócios, desacreditando-a perante a opinião pública. Porém, até para a flexibilização de posições ideológicas há limites. Não é possível misturar água e azeite. Um nome como Joaquim Levy será sempre um corpo estranho num governo do PT, e que tem como presidente uma ex-torturada pelo regime militar. Não é preciso ser nenhum adivinho para saber que o atual ministro da Fazenda não terá vida longa no governo. Mais cedo ou mais tarde, Dilma terá de enfrentar toda a carga da oposição e da mídia golpista e montar uma equipe econômica que esteja de acordo com as aspirações dos seus eleitores e das bases do seu partido. Afinal, se não tiver a sustentação de ambos, seu governo caminhará para um final inglório.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Frivolidade

A internet é, sem dúvida, um meio fantástico de disseminação de informações. Talvez nenhum outro invento, em toda a história da humanidade, tenha sido tão revolucionário na sua capacidade de armazenar e distribuir conhecimentos. Hoje, estar conectado não é mais uma opção, é, praticamente, uma imposição, sob pena de, em caso contrário, experimentar-se uma sensação de marginalização social. Todo instrumento de difusão de ideias e notícias, no entanto, dependerá do uso que dele se fizer. Com a internet, não é diferente. Ela permite o acesso a grandes conteúdos culturais, mas também se presta para comentários estúpidos e agressivos nas redes sociais, ou para a mais absoluta frivolidade, como se verificou nas últimas horas. A postagem que rodou o mundo perguntando sobre qual é a cor de um determinado vestido, e que foi um dos assuntos mais comentados desde ontem pelos internautas, é uma demonstração quase insuperável da propensão humana para a banalidade. Num mundo com tantos problemas e conflitos, anônimos e famosos ocuparam seu tempo a palpitar sobre a verdadeira cor do referido vestido, e leigos e estudiosos deram explicações sobre as diferentes percepções que os indivíduos tem das cores, e por que isso acontece. Foi como se toda a realidade dura que nos cerca ficasse em suspenso, para que todos pudessem se entregar a tarefa de opinar sobre tão "estimulante" assunto. Poucas vezes se viu tantas pessoas se debruçarem sobre algo tão irrelevante, e em escala mundial! Foi uma ode à superficialidade, e um retrato fiel do vazio que habita os seres humanos na sociedade atual.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Dever cumprido

A derrota na estreia da Libertadores para o The Strongest, fora de casa, obrigava o Inter a obter uma vitória, hoje, contra a Universidad de Chile, no Beira-Rio. O Inter venceu por 3 x 1, e o dever foi cumprido O primeiro gol do Inter só foi marcado aos 44 minutos do primeiro tempo, de pênalti, mas a vitória foi tranquila. A Universidad de Chile mostrou um time tecnicamente frágil em campo e, mesmo fazendo um gol quando perdia por 2 x 0, não chegou a ameaçar uma reviravolta no resultado. Com a vitória, o Inter e seu técnico, Diego Aguirre, ficam mais aliviados, depois de uma semana de fortes pressões em função do revés no Hernando Siles. Por sinal, Diego Aguirre sai fortalecido do jogo de hoje, pois foi dele a aposta, que se mostrou acertada, no desacreditado Jorge Henrique, que teve grande atuação e ainda marcou um gol. Agora, o Inter terá mais um jogo decisivo em casa, contra o Emelec. Se vencer, empatará em pontos com o próprio Emelec, que é o líder do grupo. Com a Universidad de Chile virtualmente eliminada, após sofrer duas derrotas, e o The Strongest com uma incapacidade crônica de marcar pontos fora de casa, Emelec e Inter se encaminham, naturalmente, para serem os classificados do grupo, restando saber, apenas, a posição de cada um, se em primeiro ou segundo lugar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Um sopro de esperança

Um gol aos 47 minutos do segundo tempo impediu que o Brasil de Pelotas fosse eliminado da Copa do Brasil pelo Flamengo sem a chance de um segundo jogo. Num Bento Freitas lotado, o Brasil perdeu por 2 x 1 para o Flamengo, mas um gol no final do jogo garantiu a realização da segunda partida, no Maracanã. Em campo, o Brasil foi um time esforçado, empurrado por sua fanática torcida, mas mostrou muitas limitações técnicas, criando poucas chances de gol ao longo do jogo. Com isso, o Flamengo não demorou a dominar a partida e chegou a estar vencendo por 2 x 0, o que lhe garantiria a classificação sem a necessidade de um segundo jogo. A marcação do gol que protelou a definição do confronto surgiu mais da pressão final de um time que buscava não ser eliminado, do que por um futebol de qualidade. Na verdade, tudo indica que o Flamengo não terá dificuldade de se impor no segundo jogo e obter a sua classificação. Porém, ao adiar a definição da disputa entre os dois clubes, o gol do Brasil mostrou a fibra de um time que não se entrega antes do apito final do árbitro, e fez explodir uma torcida apaixonada. Um gol que representa um sopro de esperança, e, como se sabe, sonhar não custa nada. Será difícil o Brasil conseguir uma façanha no Maracanã, mas só ter a chance de tentá-la já enche de orgulho o seu torcedor.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Premiações justas

Na noite de domingo, aconteceu pela, 87ª , vez a cerimônia de entrega do Oscar, o mais importante prêmio do cinema mundial. Todos os anos, não faltam os que criticam a dinâmica da cerimônia, ou que a qualifiquem de chata e sem graça, mas o fato é que ela é assistida em mais de 100 países em todo o mundo, o que comprova que seu fascínio e glamour continuam intactos. Os filmes que receberam o maior número de indicações para os prêmios caracterizaram-se pela boa qualidade. Até por isso, não houve uma concentração de Oscars num único filme, e as premiações foram justas, distribuindo-se entre os vários indicados. A única escolha que, longe de ser injusta, poderia ser questionada, é a de Melhor Ator para Eddie Redmayne, por "A Teoria de Tudo". Redmayne teve uma atuação excepcional, mas Michael Keaton, que concorria na mesma categoria, não ficou atrás com seu desempenho em "Birdman", que foi escolhido como Melhor Filme e ainda arrebatou o prêmio de diretor para o mexicano Alejandro González Iñarritu. As demais escolhas foram dentro do esperado. Julianne Moore, como era cogitado, venceu como Melhor Atriz por  "Simplesmente Alice". Lamentavelmente, o filme só entrará em circuito no Brasil no dia 12 de março. O trabalho brilhante de J.K. Simmons em "Whiplash" fazia dele o favorito absoluto para o prêmio de Ator Coadjuvante, o que, afinal, se confirmou. Patrícia Arquette também correspondeu às expectativas, vencendo na categoria Atriz Coadjuvante. "O Grande Hotel Budapeste", um filme de composição esmerada, ganhou os prêmios de Maquiagem e Cabelo, Trilha Sonora e Design de Produção. "Selma", tido por muitos como um filme injustiçado no número de categorias para as quais foi indicado, ganhou o prêmio de Melhor Canção, com a comovente "Glory", cuja interpretação, feita por John Legend e Common, arrancou lágrimas da plateia. Por outro lado, "Sniper Americano" recebeu apenas o prêmio de Edição de Som, uma categoria técnica, mostrando que nem os americanos levaram a sério a patriotada dirigida por Clint Eastwood. Num ano de bons filmes, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood soube, na quase totalidade dos casos, distribuir os prêmios de acordo com os méritos de cada um.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Sem ataque

Grande humorista gaúcho, nos primórdios do século passado, e riograndino como eu, radicado no Rio de Janeiro, Aparício Torelly, o "Barão de Itararé", dizia que de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. A lembrança da tirada do célebre humorista me ocorre devido à produção ofensiva do time do Grêmio. Hoje, o Grêmio empatou em 0 x 0 com o Juventude, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho, e não jogou mal. No segundo tempo, o Grêmio, praticamente, "alugou" o campo do Juventude. Porém, não havia quem fizesse os gols. Pedro Rocha não repetiu suas atuações anteriores, foi apenas esforçado. Everaldo, que começou o jogo, e Lucas Coelho, que entrou durante a partida, não possuem condições de vestir a camisa do Grêmio. Negociar dois goleadores como Barcos e Marcelo Moreno de uma só vez, ficando só com garotos no grupo, era algo que, evidentemente, teria consequências duras para o Grêmio, pois o time ficou sem ataque. A atuação do Grêmio contra o Juventude talvez tenha sido a melhor do ano, até agora, mas a absoluta incapacidade do time de transformar as oportunidades criadas em gols, leva qualquer torcedor à exasperação. Se ganhasse o jogo de hoje, o Grêmio iria, pelos critérios, para o quarto lugar no Gauchão. Com o empate, ficou num constrangedor oitavo lugar, última posição da zona de classificação. Suas únicas vitórias na competição foram contra os três clubes que estão na zona de rebaixamento. Para piorar, domingo tem Gre-Nal, no Beira-Rio. Mesmo que o Inter anuncie que irá jogar com um time misto, não há nenhuma razão para otimismo por parte do Grêmio. As entrevistas do técnico Felipão e do gerente de futebol remunerado Rui Costa, após o jogo de hoje, deixaram claro que nem dentro do próprio Grêmio há esperança de melhores dias a curto prazo. O fim do sofrimento do torcedor gremista é uma perspectiva cada vez mais longínqua.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Mais uma do apito amigo

Nada é mais previsível do que um jogo do Inter no Campeonato Gaúcho. Toda vez que joga pelo Gauchão, o Inter é brindado com "erros" de arbitragem que lhe favorecem extremamente o objetivo de ganhar as partidas. Hoje à tarde, contra o São Paulo, de Rio Grande, no Aldo Dapuzzo, não foi diferente. Ainda que o time do São Paulo seja muito fraco, a participação do árbitro Francisco Silva Neto na vitória do Inter por 2 x 1 foi decisiva. Francisco Neto marcou impedimentos inexistentes do São Paulo, não deu um escanteio claro em favor do clube riograndino, marcou dois pênaltis em favor do Inter, sendo que o segundo foi absolutamente inexistente, e deu cinco cartões amarelos para o mandante e apenas um para o visitante. Foi mais uma demonstração da força do "apito amigo", com a qual o Inter conta em todas as edições do campeonato estadual. O Inter, com o "misto quente" que colocou em campo, tinha plenas condições de vencer o modesto time do São Paulo, ao natural. O árbitro, no entanto, conhecido nos círculos mais íntimos pela alcunha de "Chico Colorado", preferiu tomar a tarefa para si. Revoltante!

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Verdades irrebatíveis

A edição da revista "Veja" que chegou às bancas nesse fim de semana traz, em suas páginas amarelas, uma entrevista com a advogada francesa Marine Le Pen, candidata favorita nas eleições para presidente da França que ocorrerão em 2017. Marine pertence à Frente Nacional, partido de extrema direita fundado em 1972 por seu pai, Jean Marie Le Pen. O curioso é que, mesmo com essa orientação ideológica, Marine recebeu críticas de "Veja". Tudo porque, segundo a revista, Marine manifesta "aversão ao liberalismo e antiamericanismo", o que provaria que esquerda e direita se encontram nos extremos. "Veja" sustenta que, nesse caso, esquerda e direita estão unidas pelo nacionalismo, como isso fosse algo negativo. Por mais que se discorde da ideologia de Marine, como é o meu caso, não há como não destacar o acerto de várias de suas afirmações na entrevista. Marine declara que seu partido, que ela nega ser de extrema direita, é uma organização patriota, que preza o Estado-nação, o nacionalismo econômico, a independência diplomática em relação aos Estados Unidos e defende uma imigração controlada. Convenhamos, nada há de errado com tais conceitos. Um Estado com forte identidade nacional, com uma economia soberana, independente da influência diplomática americana é o que deveriam buscar todos os países que tenham pretensões a ser algo mais do que uma república das bananas. A questão da imigração é mais controvertida, tem muito a ver com o ranço xenófobo típico da direita, mas é certo que ela exige um ordenamento, não pode ser feita de forma indiscriminada. Em relação à economia da Europa, Marine diz que o continente, um dos mais ricos do mundo, está falido, o que teria começado com a adoção do euro. O desemprego e a pobreza explodiram, declara Marine, que acrescenta que as políticas de austeridade criaram um sofrimento imenso. Marine vai adiante e afirma que no século XX houve dois tipos de totalitarismo: o comunismo e o nazismo. Para Marine, os de hoje são o islamismo, que quer impor a lei muçulmana a tudo, e a globalização, que reconhece apenas os interesses do comércio. Em relação a vitória do partido de extrema esquerda Syriza em recentes eleições na Grécia, Marine reconhece que é uma sigla que defende muitas ideias totalmente contrárias às da Frente Nacional. Porém, Marine apoia a decisão do povo grego de tomar as rédeas do seu destino e de recusar os mandos da União Europeia. Marine revela que admira a luta dos gregos para escapar da escravidão que lhes foi imposta pela dívida que contraíram. Como se vê, até mesmo num partido de direita há quem consiga analisar os fatos com lucidez e rejeite a receita tão ardorosamente defendida por "Veja" e outros orgãos da grande imprensa brasileira, que inclui um americanofilismo servil, a expansão sem restrições da globalização, e a aplicação de medidas de "austeridade" cujo único propósito é preservar os interesses de empreiteiras e bancos, impondo sacrifícios à sociedade. Os conceitos proclamados por Marine Le Pen em sua entrevista, são, quase todos, verdades irrebatíveis. Eles não pertencem a nenhuma corrente ideológica, são próprios de seres humanos capazes de pensar com autonomia, recusando o papel de meros instrumentos de sórdidos interesses econômicos transnacionais.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Governo desastroso

O Rio Grande do Sul está vivendo, talvez, o pior governo de toda a sua história. O atual governador do Estado, José Ivo Sartori (PMDB), há menos de dois meses no cargo, já conseguiu surpreender negativamente até os críticos mais moderados. Seu próprio partido considera seu desempenho, até o momento, decepcionante e, o mais espantoso, não acredita que ele possa melhorar. Não poderia haver notícia pior em se tratando de um governante cujo mandato só expirará em 1º de janeiro de 2019. Não há nada de positivo que parta de Sartori. Nas poucas vezes em que se posiciona ou faz alguma declaração, já que a inação é a sua principal característica, Sartori é, apenas, um portador de más notícias. Agora, o governador informa que, possivelmente, irá atrasar o pagamento de servidores. A alegação é a mesma de sempre, tão surrada quanto mentirosa, a da falta de recursos. "Se não há dinheiro, não se pode pagar", diz Sartori, cinicamente. O inepto governador tornou a declarar que tomará medidas impopulares, e, por isso mesmo, tem de aproveitar para tirar fotos com eleitores agora, pois, admite, daqui a seis meses, ninguém desejará fazê-lo. Todos já conhecem esse filme. Nada mais é do que a velha aplicação da "austeridade" como forma de governar, típica do neoliberalismo. Vende-se para a sociedade a ideia de que o Estado está "quebrado" e sem dinheiro, e, portanto, é preciso fazer cortes de gastos, que implicam em "sacrifícios" para a população. O combate à sonegação por parte das empresas, que seria um meio altamente eficiente de se obter recursos, nem é cogitado pelos arautos do "cinto apertado". Na verdade, o que governos como o de Sartori fazem é favorecer os interesses dos setores mais privilegiados da sociedade. Estes não podem sofrer "calotes", ainda que para pagá-los seja preciso tungar o bolso dos mais frágeis na escala social, ou seja, Sartori e outros de sua turma agem como um Robin Hood às avessas, que tiram dos pobres para dar aos ricos. Certamente, muitos do que elegeram Sartori já devem estar fortemente arrependidos. Deixaram-se levar pelas artimanhas da grande imprensa e negaram a reeleição a um político e intelectual brilhante, Tarso Genro, colocando em seu lugar um homem bronco e incapaz. Todos os habitantes do Rio Grande do Sul irão pagar o preço desse desatino, sofrendo, por longos quatro anos, os efeitos de um governo desastroso.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Falência ética

A vitória da Beija-Flor nos desfiles de Carnaval na Marquês de Sapucaí escancara a falência ética que se abate sobre o Brasil. Como referi anteriormente nesse espaço, a escola recebeu uma doação de R$10 milhões do regime ditatorial da Guiné Equatorial, há 35 anos no poder. A Beija-Flor nega ter recebido a doação, e diz que seu desfile foi financiado por empreiteiras brasileiras que tem negócios naquele país africano. Uma das construtoras apontadas como financiadoras do desfile, a Odebrecht, desmentiu que tenha injetado recursos na Beija-Flor. Para piorar essa história malcheirosa, o puxador de samba da escola, Neguinho da Beija-Flor, em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, embora tenha dito que não houve a doação da Guiné Equatorial, argumentou que o Carnaval do Rio de Janeiro era uma bagunça em outros tempos, e que foi a contravenção que transformou-o num espetáculo magnífico, de repercussão internacional. O brasileiro é leniente com transgressões éticas, desde que seus objetivos sejam alcançados, ou seja, é a velha história de que os fins justificam os meios, ou do político que rouba mas faz. Em sua entrevista, Neguinho da Beija-Flor desdenhou dos reparos à vitória de sua escola de samba. Destacou o fato de que o enredo exaltava a cultura africana. Citou o fato de os negros terem sido escravizados e queixou-se de que quando se homenageia a cultura desse povo isso é alvo de críticas. O puxador da Beija-Flor meteu os pés pelas mãos em suas declarações, e foi um retrato fiel da falta de senso ético que caracteriza o Brasil.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Recuperação

A inadiável recuperação do Grêmio ocorreu hoje á noite, com a vitória de 2 x 0 sobre o Passo Fundo, no Vermelhão da Serra, pelo Campeonato Gaúcho. O Grêmio não começou bem no jogo. Cometia erros de passes primários e falhava no acabamento das jogadas. Porém, a partir do gol de Erazo, numa cobrança primorosa de escanteio por parte de Douglas, o time ganhou tranquilidade e desenvolveu um melhor futebol. Ao fazer 2 x 0, no segundo tempo, o Grêmio consolidou sua vitória. Afora o resultado em si, a boa notícia foram as atuações de alguns jogadores. Júnior provou que já é titular indiscutível da lateral esquerda, foi o melhor do Grêmio em campo. Erazo fez sua melhor partida pelo Grêmio, até agora. Douglas subiu de produção. Pedro Rocha, mais uma vez, agradou. Os destaques negativos foram Araújo, muito mal tecnicamente, e Everaldo, que apesar de ter sido participativo, está muito abaixo das necessidades de um time como o Grêmio. A vitória era uma obrigação e foi alcançada. Ela levou o Grêmio de volta ao grupo dos oito clubes da zona de classificação. Ainda é muito pouco para o Grêmio. Resta esperar que na segunda-feira, contra o Juventude, na Arena, o Grêmio possa firmar uma nova fase e entrar com ânimo renovado no Gre-Nal do dia 1º de março, no Beira-Rio, quando, possivelmente, já poderá contar com novos reforços.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Má estreia

O Inter estreou na Libertadores perdendo por 3 x 1 para o The Strongest, no Hernando Siles. A primeira chance clara de gol do jogo foi do Inter, mas Nilmar desperdiçou. A partir daí, o The Strongest foi dominante e marcou dois gols muito cedo, o que complicou as chances do Inter no jogo. O técnico do Inter, Diego Aguirre, errou na escalação, ao colocar Anderson de titular e deixar Vitinho no banco. Aos 35 minutos de jogo, evidenciando  o erro, retirou Anderson, que não estava jogando nada, e colocou Vitinho. Desde sua entrada, Vitinho se mostrou bem mais participativo que Anderson. Depois de ser totalmente envolvido no primeiro tempo, o Inter voltou bem melhor no segundo e fez um gol, de pênalti, logo aos 4 minutos. O gol motivou o Inter e abalou um pouco o The Strongest. Vitinho quase empatou o jogo, colocando uma bola no travessão, mas o segundo gol não veio e, então, o cansaço falou mais alto e o The Strongest voltou a tomar conta do jogo, fazendo o terceiro e decisivo gol. Foi uma má estreia do Inter na Libertadores. Pelos critérios, o Inter é o lanterna do grupo. Seus dois próximos jogos na competição serão em casa. A vitória, em ambos, é obrigatória. Caso contrário, a classificação para as oitavas de final ficará seriamente ameaçada.

O show não pode parar

O Carnaval está chegando ao fim, com o espetáculo cada vez mais deslumbrante e extasiante dos desfiles do sambódromo da Marquês de Sapucaí, cujos resultados serão conhecidos amanhã, mas, ainda na ressaca dos dias de festa, o show não pode parar. Assim, ainda hoje, a Champions League, depois de dois meses de intervalo, será retomada, e começará a Libertadores. Portanto, após alguns dias apenas com os insossos campeonatos estaduais, os apaixonados por futebol poderão assistir jogos de qualidade e emoção. Muitos dizem que, no Brasil, o ano só começa, de fato, após o Carnaval. No que tange ao futebol, em 2015, isso é verdadeiro. Hoje, na Champions League, jogarão Paris Saint Germain x Chelsea e Shakhtar Donetsk x Bayern de Munique. Duas partidas com vários jogadores de renome internacional, muitos deles brasileiros, e que irão despertar atenção aqui e em muitos lugares ao redor do mundo. Na Libertadores, o Inter será o primeiro clube brasileiro a estrear, jogando contra o The Strongest, na altitude de La Paz. Portanto, não há tempo para descanso. Antes mesmo da Quarta-Feira de Cinzas, e da retomada da rotina, novas emoções estão chegando. Depois da batucada, é hora do grito de gol.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Carnaval manchado

Desde que se transformou num espetáculo milionário, o desfile das escolas de samba da avenida Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro convive com uma promíscua relação com a contravenção. Os homens que comandam as escolas de samba, na sua maioria, são bicheiros. Ganhando muito dinheiro com o jogo do bicho, eles bancam as escolas e são adorados por suas comunidades. Na medida em que o Carnaval do Rio de Janeiro foi ganhando importância midiática e repercussão internacional, outras fontes de recursos, eticamente discutíveis, foram surgindo. No Carnaval de 2006, a PDVSA, a petrolífera estatal da Venezuela, injetou dinheiro em uma escola de samba. Agora, é o governo da Guiné Equatorial que fez uma doação de R$ 10 milhões para a Beija-Flor, que abordará o país em seu enredo no Carnaval desse ano. O fato por si só, já não parece algo adequado, e se torna pior quando se sabe que a Guiné Equatorial é presidida pelo ditador Teodoro Obiang Nguema há 35 anos. Obiang acumula uma extensa lista de acusações de violações de direitos humanos, e é o oitavo líder mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em R$1,7 bilhão. Sua família possui mansões, carros e propriedades nos Estados Unidos, França e Brasil. A Guiné Equatorial é um pequeno país, de apenas 700 mil habitantes. A população é extremamente pobre, o estado é rico. A Beija-Flor se defende ressaltando as "melhorias" para a população promovidas pelo governo da Guiné Equatorial. Alega, também, querer divulgar a trajetória do povo da Guiné Equatorial. A verdade é que tudo isso cheira muito mal, e o Carnaval de 2015 está manchado. Por que uma escola de samba escolheria para seu enredo a homenagem a um país minúsculo, de apenas 700 mil habitantes, se não fosse pela injeção de recursos recebida? Dessa forma, o Carnaval, uma das maiores expressões culturais do Brasil, mergulha no mercantilismo que invade a sociedade como um todo, deslustrando a festa. A Beija-Flor, que deve a sua ascensão ao comando do bicheiro Aniz Abraão David, de ficha nada limpa, agora recebe dinheiro de um ditador. Deplorável!

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Rotina

O Inter obteve sua segunda vitória em cinco jogos pelo Campeonato Gaúcho, ao ganhar do Caxias por 1 x 0, hoje, no Francisco Stédile. Como já se tornou rotina em todos os jogos do Inter no Gauchão, a arbitragem foi protagonista. O jogo estava 1 x 0 para o Inter quando o árbitro marcou um pênalti indiscutível em favor do Caxias. Desacostumados a terem pênaltis marcados contra si, os jogadores do Inter protestaram por longos minutos, até que a cobrança fosse feita e o Caxias empatasse o jogo. O resultado parecia definitivo quando, já nos acréscimos, Valdívia cabeceou uma bola que não chegou a ultrapassar totalmente a linha de gol. O árbitro, mesmo assim, confirmou o gol, que deu a vitória para o Inter. Pena, para o Inter, que a Libertadores, sua prioridade em 2015, não seja apitada pelos árbitros da Federação Gaúcha de Futebol.

Hecatombe

O que mais falta acontecer ao Grêmio? A derrota de hoje, por 1 x 0, para o Veranópolis, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho, foi uma hecatombe. Foi a terceira derrota em cinco jogos pelo Gauchão, a segunda consecutiva dentro de casa! O time não apresentou nada, mostrou-se um amontoado de jogadores sem noção de conjunto. Não houve destaques técnicos, todos afundaram na mediocridade, com exceção do garoto Pedro Rocha, que entrou no segundo tempo, e foi o único a ter alguns lampejos de lucidez. O técnico do Grêmio, Felipão, abandonou o seu reservado e foi para o vestiário antes do final do jogo, numa atitude que repercutiu negativamente em todos os noticiários, e que mostra o poço sem fundo em que o clube foi jogado. O Grêmio é, hoje, o quadro da desolação. Não tem time, seu técnico vive da fama auferida em outros tempos, é presidido por uma figura inexpressiva sem história no clube, e está sem recursos. O Grêmio caminha para o naufrágio total. Seu passado recente é de fracassos. Seu presente, é uma calamidade. Seu futuro é ausente de perspectivas. Para seu torcedor, o sofrimento parece não ter fim.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Carnaval

Mais uma vez, é Carnaval. Os desfiles de escolas de samba começarão hoje, em cidades como São Paulo e Porto Alegre. No Rio de Janeiro, serão no domingo e na segunda. Em lugares como Salvador, Recife e Olinda, as multidões já pulam pelas ruas, e só cessarão na Quarta-Feira de Cinzas. Porém, para quem já viveu um grande número de carnavais, é inevitável a sensação de que a festa não é mais a mesma. O Carnaval mais espontâneo, com brincadeiras de rua envolvendo a população, já não é tão expressivo como no passado. Os bailes em clubes, que eram um momento marcante da festa, hoje são escassos e de pouca repercussão. Antes um acontecimento que se espalhava por todo o país, adaptando-se as peculiaridades de cada localidade, hoje o Carnaval praticamente se restringe a alguns polos tradicionais. Seus tempos românticos ficaram para trás. Épocas de marchinhas especialmente compostas para a festa, de enorme sucesso e que permanecem na memória de várias gerações, de confete e serpentina, de pierrôs e colombinas, dos blocos de sujos, de uma euforia autêntica que se perdeu no tempo. Hoje, grande parte das pessoas vê o Carnaval apenas como um feriadão para ser aproveitado em viagens. Notável manifestação cultural no Brasil, o Carnaval segue forte como acontecimento midiático, mas já não tem o mesmo enraizamento de outros tempos no coração do povo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Repetição

Nada muda no Campeonato Gaúcho, em termos de arbitragem, a cada ano que passa, numa nauseante repetição. Ontem, pelo segundo jogo consecutivo, o Inter teve um pênalti inexistente marcado a seu favor. A diferença é que, dessa vez, o goleiro adversário defendeu a cobrança, impedindo a perpetração de uma injustiça inominável. Com isso, o Inter empatou em 0 x 0 com o Cruzeiro, no Vieirão. O Cruzeiro, que faz bela campanha no Gauchão, foi melhor do que o Inter em boa parte do jogo e não merecia perder. Não bastasse marcar um pênalti que só ele viu, o árbitro Anderson Farias ainda expulsou o jogador que supostamente o teria cometido, Laerte, o que torna a "falha" de arbitragem ainda mais revoltante. Em relação ao futebol que apresentou, o Inter, que só ganhou um jogo dos quatro que fez no Gauchão devido a um pênalti inexistente marcado contra o Novo Hamburgo, num"erro" escandaloso de arbitragem, mais uma vez, deixou seu torcedor preocupado. A estreia do Inter na Libertadores, será na terça-feira, contra o The Strongest (BOL), no Hernando Siles, e o time mostra-se muito longe de estar pronto. O técnico do Inter, Diego Aguirre ainda parece estar procurando a melhor escalação e o esquema mais adequado. Para agravar mais esse quadro, na Libertadores os árbitros não são tão bonzinhos e generosos como no Campeonato Estadual.

Descalabro

O Grêmio segue desafiando a paciência do seu apaixonado torcedor. Perdeu, ontem, por 1 x 0, para o Brasil, de Pelotas, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. Foi a segunda derrota em quatro jogos no modestíssimo Gauchão. Para piorar, Marcelo Moreno fez seu último jogo pelo clube. Assim, o Grêmio, que tinha em seu time dois dos principais goleadores do Campeonato Brasileiro de 2014, Marcelo Moreno e Barcos, agora não tem nenhum. O discurso da diretoria segue inflexível em relação à necessidade de cortar custos. O gerente de futebol remunerado do clube, Rui Costa, chegou ao desplante de dizer que o Grêmio talvez só contrate reforços em junho! Essas declarações, absurdas e afrontosas à grandeza do Grêmio, são tidas como "realistas" e apoiadas por cronistas aberta ou veladamente identificados com o seu maior rival, o Inter. Afinal, desejam, de forma permanente, de que tudo o que haja de pior aconteça ao Grêmio. Porém, nenhuma política de futebol, por mais convicção que exista por parte de quem a aplique, sobrevive aos maus resultados de campo. A torcida, que, ontem, reagiu com bom humor ao descalabro que se abateu sobre o clube, portando uma faixa com os dizeres "Eu vim torcer, não me vendam", não terá paciência para sempre. Mais cedo do que se pensa, a política de "austeridade" do Grêmio terá de ser, ao menos em parte, alterada. Os resultados de campo são imperativos num clube de futebol, e derrotas em sequência desmancham qualquer convicção.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Negligência

O caso do menino argentino, de apenas 3 anos, que caiu de uma sacada do 3º andar de um hotel em Capão da Canoa, no litoral norte do Rio Grande do Sul, é algo que estarrece pela negligência. A mãe do menino disse que descera para tomar café e deixara-o no apartamento porque ele dormia profundamente. No entanto, qualquer pessoa que esteja dormindo pode despertar de uma hora para a outra. A atitude descuidada da mãe resultou na queda do filho, que sofreu múltiplas fraturas e pode vir a não sobreviver. Crianças, principalmente se muito pequenas, exigem vigilância permanente, pois qualquer descuido pode ter consequências terríveis. As aflições da mãe do menino estão apenas começando. Afora o sofrimento com o que ocorreu com o filho, ela terá de enfrentar a acusação por lesão corporal culposa e negligência. Pode-se argumentar de que ela não agiu por mal, mas a imprevidência cobra o seu preço. A maternidade é uma vivência existencial maravilhosa, mas ela traz consigo os seus ônus. Não se descuidar dos filhos pequenos por um segundo sequer, é um deles.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O exemplo da Grècia

A recente vitória do partido esquerdista Syriza nas eleições da Grècia mostra que a tentativa de estimular uma guinada à direita no Brasil está na contramão dos tempos atuais. A vitória do Syriza foi uma vigorosa resposta do povo grego às medidas de "austeridade" impostas ao país pela Comunidade Européia, um exemplo a ser seguido por muitos países. Sabe-se, há muito tempo, que a propalada "austeridade", defendida pelos neoliberais como meio de sanear financeiramente países endividados, visa, apenas, garantir que os credores, como bancos e empreiteiras, recebam o que lhes é devido. Para a população, tudo o que tais medidas ocasionam é recessão, desemprego, miséria, falta de perspectivas. Os gregos resolveram dar um basta aos métodos conservadores de "recuperação econômica". Como a Grécia é um país de economia pequena, as grandes potências européias ainda não manifestam maior preocupação. Porém, se países de maior expressão econômica, como a Espanha, por exemplo, que vive grave crise, aderirem ao exemplo grego, tudo mudará de figura. Mesmo com toda a apologia ao neoliberalismo por parte da grande imprensa, a esquerda vem expandindo sua influência no mundo. Na América do Sul, Brasil, Argentina, Uruguai, Equador, Venezuela, Bolívia e Chile tem governos de esquerda, todos eleitos democraticamente. No Chile, por sinal, após uma breve experiência com um governo de direita, tendo como presidente um magnata, o povo devolveu o poder à esquerda. A direita grita, mas os eleitores não lhe ouvem. Por isso, qualquer tentativa de golpe será rechaçada no Brasil. Ninguém vai impor ao povo brasileiro um caminho diferente daquele que foi por escolhido por ele nas urnas.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Reabilitação

O Grêmio, que vinha de derrota, obteve a sua reabilitação ao vencer o Avenida, nos Eucaliptos, por 3x1, hoje, pelo Campeonato Gaúcho. Não há motivos, no entanto, para comemorações. A vitória foi obtida sobre um adversário fraquíssimo, lanterna absoluto do Gauchão. Ainda assim foi construída com um gol de pênalti, outro marcado contra, e um frango do goleiro. Pior que isso, o jogo chegou a estar empatado em 1 x 1. A vitória só foi alcançada depois que Marcelo Moreno e Éverton entraram no time. Aliás, Marcelo Moreno está sendo vendido, o que é uma notícia aterrorizante para o torcedor. A vitória de hoje não encobre o momento terrível que vive o Grêmio, um clube que vende todos os seus bons valores em nome de uma necessidade de cortar custos. Até o técnico Felipão já avisou que serão necessárias reposições, pois com o grupo atual, o Grêmio não pode almejar nada. Para um clube que não ganha títulos expressivos há 14 anos e não conquista sequer o campeonato estadual desde 2010, não poderia haver um quadro mais desalentador.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Apito amigo

O jogo Inter x Novo Hamburgo, hoje,  no Beira-Rio, pelo Campeonato Gaúcho, assemelhou-se a um filme muitas vezes visto, do qual se conhece o enredo de cor. O Inter, jogando com um time reserva, não teve uma boa atuação, e merecia empatar com o esforçado Novo Hamburgo, mas venceu por 1 x 0, devido a um pênalti inexistente, marcado no final do primeiro tempo. Nada que não se assista repetidamente no futebol gaúcho, todos os anos. Sempre que o Inter tem dificuldades para resolver o jogo com o seu futebol, surge o "apito amigo" para facilitar tudo. Hoje, não foi diferente. Assim, o princípio de crise que já se insinuava é interrompido, e a tranquilidade, ao menos por enquanto, volta a predominar no Inter. Pena, para o Inter, que nas competições fora do Rio Grande do Sul, os árbitros não sejam tão generosos.

Mercado

A escolha de Aldemar Bendine para presidente da Petrobrás, ontem divulgada, foi mal recebida pelo "mercado". Um jornal americano chegou a destacar que esperava-se a indicação de um nome mais "independente". Chega a ser risível, mas é isso mesmo. O "mercado" e seus defensores querem que uma empresa estatal seja presidida por alguém que tome decisões não afinadas com as diretrizes de quem o nomeou, no caso a presidente Dilma Rousseff, mas que sejam do agrado dos "investidores", termo elegante usado para definir os grandes especuladores do mercado financeiro. Por certo, os que fazem esse tipo de análise gostariam de ver no cargo alguém do perfil do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que reza pela cartilha neoliberal. Dilma Rousseff trocou a diretoria da Petrobrás, como era inevitável que fosse feito, mas, é claro, indicou nomes da sua confiança. Não poderia ser diferente. O "mercado" sonha com um estado mínimo, que governe para os seus interesses. Porém, ainda não será dessa vez. A presidente, ao nomear Bendine, mostrou que é ela quem governa o país. Para o bem do Brasil.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Terceiro turno

O noticiário da grande imprensa brasileira, em termos de assunto principal, virou um samba de uma nota só. Rádios, tevês, revistas, jornais e sites de internet batem firme no "Petrolão" e suas conexões com o PT. A manchete de hoje é a de que um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobrás teria revelado que o PT recebeu US$ 200 milhões originados das negociatas dentro da empresa. Não há dia sem que uma nova denúncia do gênero seja ecoada pelos meios de comunicação. Nada tenho contra a veiculação de qualquer notícia, pois informar é o papel da imprensa. O que chama a atenção é o furor com que a imprensa se empenha na tarefa de desgastar a imagem pública do PT, conectando-o com malfeitos de toda a ordem. Chega-se a ter a impressão de que foi o PT que instalou a corrupção no Brasil. A mesma indignação, no entanto, não foi vista quando o PSDB governou o país, nem em relação ao seu desempenho no estado de São Paulo, que comanda há 20 anos. Como se sabe, em termos de corrupção, o PSDB não fica a dever a nenhum partido, muito antes pelo contrário. Na verdade, a afinidade ideológica entre os proprietários dos grandes veículos de comunicação do país e o PSDB faz com que a imprensa aja de forma indulgente com o partido. Sim, o governo federal tem problemas, a presidente Dilma Rousseff obteve a sua reeleição com pequena margem de votos, a corrupção é um fato, e a economia vive um momento delicado. Porém, nada disso justifica a tentativa de se fazer um terceiro turno eleitoral, levantando, até mesmo, hipóteses irresponsáveis, como a do impeachment da presidente Dilma. Para desgosto dos fomentadores do golpismo, pesquisas dão conta de que a simpatia pelo PT voltou a crescer junto ao eleitorado brasileiro. Não haverá terceiro turno. A democracia brasileira, que está atingindo 30 anos de exercício continuo, não será interrompida. O governo foi eleito legitimamente, nas urnas. Esse é o único aval de que ele precisa.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Vexames

Grêmio e Inter vivem realidades econômicas diferentes, mas, hoje à noite, no Campeonato Gaúcho, igualaram-se na capacidade de proporcionar vexames. O Inter jogou mais cedo, às 19h30min. Em pleno Beira-Rio, num jogo em que chegou a estar goleando o São José por 3 x 0, empatou em 4 x 4, sofrendo um gol aos 45 minutos do segundo tempo. Se a produção ofensiva agradou, com o estreante Vitinho e Eduardo Sasha fazendo dois gols cada um, a defesa foi um descalabro. Como disse, com acerto, o técnico do Inter, Diego Aguirre, independentemente do esquema tático que seja adotado, nenhum time pode levar quatro gols num único jogo. Foi o segundo jogo do Inter no Gauchão, contra adversários modestos, e ambos terminaram empatados. Diego Aguirre recebeu críticas fortes do presidente do Inter, Vitório Píffero, que deixou claro que ele não foi escolha sua. Foi o vice-presidente de futebol Luís Fernando Costa, recentemente falecido, quem o escolheu, o que lhe deixa sem respaldo para enfrentar eventuais pressões, e pode fazer com que sua passagem pelo Inter seja extremamente breve. Mais tarde, às 22h, o Grêmio, jogando no Cristo Rei, perdeu para o Aimoré por 2 x 1. Os gols do Aimoré foram no início e no fim do primeiro tempo. No segundo, o Grêmio descontou, mas não teve forças para obter um melhor resultado. As carências do Grêmio ficaram escancaradas. Poucos jogadores tiveram boa atuação. Talvez o mais destacado tenha sido Júnior, que já mereceria ser efetivado como lateral esquerdo titular. Douglas e Fellipe Bastos estiveram mal, Marcelo Oliveira falhou grosseiramente no primeiro gol do Aimoré, e Galhardo foi inexpressivo tanto na lateral direita quanto como volante. Ao perder para um adversário tão modesto, o Grêmio sinaliza que 2015 será mais um ano de muito sofrimento para seus torcedores.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A saída de Barcos

A saída do centroavante Barcos, vendido para o Changtun Yatai, da China, embora lamentada por alguns, foi conveniente para o Grêmio. O clube se verá livre de seu polpudo salário, de R$ 700 mil, saldará as dívidas que tem com o próprio jogador e, possivelmente, encaminhará a rescisão do contrato de Kléber, que também tem um ganho mensal muito elevado. Com isso, o Grêmio fará uma substancial redução na sua folha de pagamentos, o que ajudará no processo de saneamento financeiro a que está sendo submetido. O jogador, de sua parte, fará um contrato milionário aos 30 anos de idade, algo difícil de se conseguir. Em relação ao aspecto técnico, a perda não foi tão expressiva como querem alguns. Barcos fez 45 gols em dois anos de Grêmio, mas eles foram mal distribuídos e faltaram em momentos decisivos. Afora isso, Barcos não ganhou nenhum título pelo Grêmio. O Grêmio é um time com grandes carências em termos de qualidade, mas a saída de Barcos não as agrava.  Marcelo Moreno será, agora, titular absoluto, sem ter de disputar posição com Barcos ou jogar junto com ele, e tem tudo para corresponder plenamente. O problema do Grêmio se situa em outras posições, principalmente nas duas laterais. A venda de Barcos foi um negócio de ocasião para todas as partes. Nada há a lamentar.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sem esperança

Os brasileiros, já tão desencantados com a política, devem estar sem nenhuma esperança de melhoras nesse campo, depois do dia de ontem. Como era esperado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ganhou a eleição para presidente da Câmara dos Deputados. Também como estava previsto, Renan Calheiros (PMDB-AL) reelegeu-se presidente do Senado. Cunha e Calheiros são dois representantes do que há de pior na política brasileira, e pertencem a um partido fisiológico, que busca estar sempre no poder, independentemente de quem governe. Com eles nos mais altos cargos do Congresso Nacional, as novas legislaturas de ambas as casas confirmam o seu caráter retrógrado e conservador, incompatível com tempos de fervilhantes mudanças como os que atualmente se verificam. A agenda institucional brasileira, tão necessitada de profundas e urgentes mudanças, não avançará enquanto figuras tão deletérias comandarem o Poder Legislativo do país. Mais uma vez, Brasília confirma ser uma ilha da fantasia, desconectada do Brasil real. Nela, imperam os interesses de grupos políticos descompromissados com os interesses maiores da população. Num país que clama por mudanças, as eleições de Cunha e Calheiros representam a manutenção das velhas práticas políticas que tanta revolta causam nos brasileiros.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Bivice-campeão

O Inter, que se autodenomina o "campeão de tudo" não está conseguindo comprovar isso na prática. Hoje, ao empatar em 1 x 1 com o Lajeadense, na Arena Alvi-Azul, em sua estreia no Campeonato Gaúcho, teve de disputar nos tiros livres da marca do pênalti, o título da Recopa Gaúcha, competição que reúne o campeão estadual e o da Copa da Federação do ano anterior. Derrotado nas cobranças por 3 x 1, o Inter perdeu o título da competição pela segunda vez consecutiva. Em 2014, jogando com o seu time B, o Inter perdera por 3 x 2, de virada, para o Pelotas, na Boca do Lobo. Como a Recopa Gaúcha só teve, até hoje, essas duas edições, o Inter como bivice-campeão, ainda não pode inclui-la no seu rol de conquistas. Não é, portanto, um "campeão de tudo". No jogo em si, o empate ficou bem ajustado ao futebol apresentado pelos dois times. Depois de um primeiro tempo equilibrado, o Lajeadense abriu o placar logo aos dois minutos do segundo, num pênalti que também acarretou a expulsão do lateral direito Leandro, do Inter. Numa falha da defesa do Lajeadense, após uma cobrança de escanteio, o Inter empatou o jogo. O gol sofrido abalou o Lajeadense, e fez o Inter, mesmo com um jogador a menos crescer em campo. Porém, o Lajeadense soube suportar a pressão e, com a entrada do jovem atacante Quaresma, revelação de suas categorias inferiores, tornou a levar perigo ao gol do Inter. Com o empate, o Inter já larga atrás no Gauchão, pois essa primeira fase da competição é de pontos corridos, em turno único. Esse fato, e mais a perda do primeiro título do ano, fizeram com que o Inter começasse as disputas de 2015 preocupando o seu torcedor. Claro, é muito cedo ainda, o time não estava completo, alguns jogadores ainda não estrearam e outros serão contratados, mas o resultado de hoje, somado ao amistoso contra o Shakthar Donetsk, em que foi totalmente envolvido pelo adversário, já deixam muitos com a pulga atrás da orelha sobre as perspectivas do Inter no ano.