quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Bolsonaro fugiu da raia

O debate final dos candidatos a presidente não contou com o primeiro colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro  (PSL). Consciente das suas limitações intelectuais e culturais, Bolsonaro fugiu da raia. O argumento de que o candidato não compareceu por razões médicas é risível. Afinal, Bolsonaro concedeu uma entrevista para a Rede Record, que foi exibida paralelamente ao debate. Mesmo sem a presença de Bolsonaro, o debate foi importante pelo que revelou de cada candidato. O destaque negativo foi, sem dúvida, Álvaro Dias  (Podemos). Confuso e atrapalhado, Dias tentou ser agressivo, mas foi apenas grosseiro, o que lhe valeu ser devidamente enquadrado por Fernando Haddad (PT) num dos grandes momentos do encontro. Geraldo Alckmin (PSDB), como sempre, foi insosso, assim como Henrique Meirelles (MDB). Ciro Gomes (PDT) não teve a sua incisividade habitual, pareceu preocupado em se mostrar simpático. Consciente de que, assim como acontece com Bolsonaro, é um alvo preferencial dos outros candidatos, Haddad adotou uma postura firme, mas num tom ameno. Marina Silva (Rede) só foi mais assertiva nas considerações finais, quando afirmou que só ela pode pacificar o país. O maior destaque do debate foi Guilherme Boulos (Psol). Em pelo menos três momentos, Boulos brilhou. Diante de uma resposta mais agressiva de Meirelles, que disse que trabalhou muito em sua vida, algo que talvez ele não soubesse o que é, Boulos não se abalou e declarou:"Você falou que trabalhou muito, Meirelles. Você é banqueiro. Banqueiro não trabalha, Meirelles." Outra manifestação marcante de Boulos foi quando afirmou que não quer que suas filhas cresçam numa ditadura.  O melhor momento de Boulos, no entanto, foi quando ele afirmou: " Ao contrário do que diz a Globo, o agro não é pop. O agro é tóxico, e mata", arrancando aplausos de pessoas presentes ao estúdio. Agora, a hora da eleição se aproxima. O eleitor tem de pensar muito bem em quem irá votar. O Brasil não pode cair no abismo de um governo autoritário e estimulador da violência. O caminho da retomada de melhores tempos está bastante claro.