sexta-feira, 12 de julho de 2013

Paralisação

O dia de paralisação convocado, ontem, pelas centrais sindicais, gerou controvérsia. Alguns o consideraram um sucesso, outros, um fracasso. Foram várias as diferenças entre as manifestações do mês passado e a de ontem. As passeatas que encheram as ruas surgiram espontaneamente, atraindo multidões. A paralisação de ontem se caracterizou por pequenos grupos de manifestantes em meio a ruas desertas. Em Porto Alegre, por exemplo, com a ausência de transporte coletivo, dada a adesão integral dos rodoviários ao dia de greve, muitas empresas nem abriram as portas. O resultado mais visível foram ruas desertas, e num dia útil, uma aparência de fim de semana, com pessoas frequentando os parques e um trânsito tranquilo. Seja como for, foi uma demonstração de força das centrais sindicais, que conseguiram alterar a rotina das cidades. O efeito prático das manifestações é algo ainda a ser avaliado, mas parece claro que o país vive um novo momento. Protestar não é mais uma atitude episódica dos brasileiros. Está se tornando um hábito. Ao contrário do que sustentam os conservadores mais empedernidos, isso não é ruim. Não se trata de quebra da ordem, baderna ou qualquer definição semelhante. Trata-se da cidadania, exercida, finalmente, por um povo que se acostumara à letargia. Não é mais assim. Os brasileiros pegaram gosto pelas reivindicações públicas. Perceberam que, para que seus anseios sejam realizados, é necessário pressionar a classe política. As coisas não vão mudar da noite para o dia, no Brasil, mas o povo não mais assistirá passivamente aos desmandos dos políticos. Estamos diante de um quadro novo, que está só nos seus primeiros passos. Por enquanto, ainda há dificuldade de todos de analisar essa nova realidade. Porém, não se deve apostar que seja um fenômeno passageiro. Seja lotando as ruas ou esvaziando-as, sem um comando central ou convocadas por instituições, as manifestações e protestos estão mudando a face do país, e, tudo indica, para que alcancemos tempos muito melhores.