quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Terceiro turno

O noticiário da grande imprensa brasileira, em termos de assunto principal, virou um samba de uma nota só. Rádios, tevês, revistas, jornais e sites de internet batem firme no "Petrolão" e suas conexões com o PT. A manchete de hoje é a de que um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobrás teria revelado que o PT recebeu US$ 200 milhões originados das negociatas dentro da empresa. Não há dia sem que uma nova denúncia do gênero seja ecoada pelos meios de comunicação. Nada tenho contra a veiculação de qualquer notícia, pois informar é o papel da imprensa. O que chama a atenção é o furor com que a imprensa se empenha na tarefa de desgastar a imagem pública do PT, conectando-o com malfeitos de toda a ordem. Chega-se a ter a impressão de que foi o PT que instalou a corrupção no Brasil. A mesma indignação, no entanto, não foi vista quando o PSDB governou o país, nem em relação ao seu desempenho no estado de São Paulo, que comanda há 20 anos. Como se sabe, em termos de corrupção, o PSDB não fica a dever a nenhum partido, muito antes pelo contrário. Na verdade, a afinidade ideológica entre os proprietários dos grandes veículos de comunicação do país e o PSDB faz com que a imprensa aja de forma indulgente com o partido. Sim, o governo federal tem problemas, a presidente Dilma Rousseff obteve a sua reeleição com pequena margem de votos, a corrupção é um fato, e a economia vive um momento delicado. Porém, nada disso justifica a tentativa de se fazer um terceiro turno eleitoral, levantando, até mesmo, hipóteses irresponsáveis, como a do impeachment da presidente Dilma. Para desgosto dos fomentadores do golpismo, pesquisas dão conta de que a simpatia pelo PT voltou a crescer junto ao eleitorado brasileiro. Não haverá terceiro turno. A democracia brasileira, que está atingindo 30 anos de exercício continuo, não será interrompida. O governo foi eleito legitimamente, nas urnas. Esse é o único aval de que ele precisa.