terça-feira, 14 de junho de 2022

Sem palavra

Na política brasileira, não há, salvo honrosas exceções, compromisso com a verdade. Ontem, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, deu mais uma demonstração disso, e se mostrou um homem sem palavra. Leite anunciou sua pré-candidatura a governador, depois de ter renunciado ao cargo, numa manobra que acabou fracassada, de tentar a indicação para concorrer a presidente, mesmo depois de derrotado nas prévias do PSDB. A esperança de Leite era que o vencedor das prévias, o ex-governador do Estado de São Paulo, João Dória Júnior, renunciasse à indicação, por seus baixos índices nas pesquisas de intenção de voto. Dória acabou renunciando, forçado pelo partido, mas o PDSB decidiu apoiar a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB). Com seu projeto presidencial frustrado, Leite rasgou sua promessa de não concorrer à reeleição, e puxou o tapete do atual governador, que era seu vice, Ranolfo Vieira Júnior, o qual já havia lançado sua pré-candidatura. Dessa forma, Leite não repete a atitude tomada quando foi prefeito de Pelotas e afirmou que não concorreria á reeleição. Na ocasião, Leite cumpriu a promessa, mesmo tendo uma vitória garantida, conforme as pesquisas. Resta saber como o eleitorado do Rio Grande do Sul reagirá ao gesto de um governador que renuncia ao cargo para, meses depois, ser pré-candidato ao mesmo posto. Houve um tempo em que a palavra empenhada era um valor apreciado socialmente. Porém, atualmente, parece não haver lugar na sociedade para valores sólidos.