segunda-feira, 2 de maio de 2011

Regozijo com a morte

Nada pode ser mais incompatível com a condição humana civilizada do que o regozijo com a morte de quem quer que seja. A vida é o bem maior que cada um de nós possui. Dessa forma, assassinar alguém, seja em nome do que for, é um ato torpe e ignóbil. Regozijar-se de tê-lo feito é simplesmente, abjeto e repugnante. Nem mesmo a morte de um assassino em série, terrorista, ou qualquer tipo de criminoso de alta periculosidade, encontra justificativa moral. Ao dar cabo da vida de um criminoso, estamos partilhando de sua conduta e, portanto, nos igualando a ele em sua bestialidade. Por isso, não posso concordar com os que festejaram ruidosamente a morte de Osama Bin Laden. Sim, sabemos todos do que aconteceu no atentado às Torres Gêmeas e ao Pentágono, das muitas mortes que ocorreram. Claro, ficamos todos sensibilizados com a dor dos que perderam pessoas queridas naquele episódio. Porém, dor alguma, por mais intensa que seja, justifica a sede pelo sangue alheio. Os que procedem assim não desejam justiça, querem vingança, um sentimento rasteiro. Muitas vidas se perderam no atentado de setembro de 2001, é verdade, mas genocídios, chacinas e atrocidades ocorrem todos os dias, nos mais diferentes lugares do mundo, sem causar a mesma comoção. Será que a vida dos africanos que morrem de fome e doenças aos milhões, dos israelenses e palestinos que destroem-se uns aos outros com seus atentados e explosões, dos civis mortos em meio às diversas guerras espalhadas pelo mundo, valem menos que as das vítimas do 11 de setembro? Diante de tais casos, as pessoas reagem com indiferença, como se fosse algo natural. Já um atentado em Nova York, capital cultural do mundo, leva todos à estupefação e à revolta. Como alguém que tem a pretensão de ser civilizado, entendo que Osama Bin Laden deveria ter sido capturado e julgado por um tribunal penal internacional. Ao eliminá-lo, seus executores se igualaram a ele no mesmo grau de desumanidade e crueldade. Os que comemoraram tal ato renunciaram a condição de seres humanos evoluídos e regrediram à barbárie.