segunda-feira, 28 de maio de 2012

Um denunciante sem credibilidade

Na sua luta infatigável para desalojar o PT do poder, a revista "Veja" deu mais uma tacada. Na sua edição dessa semana, apresenta um depoimento do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, dando conta de que, num encontro realizado no escritório do ex-ministro da Defesa Nélson Jobim, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva teria lhe pressionado a agir para que o julgamento do chamado "mensalão" só ocorresse em em 2013, após as eleições municipais de outubro próximo. A denúncia é impactante, e está movimentando o país. Não me cabe fazer a defesa deste ou daquele lado. Sabe-se que Lula é um político que, embora seus inegáveis méritos como presidente, comete, por vezes, atos discutíveis sob o ponto de vista ético. O problema não reside aí e, sim, na credibilidade do denunciante. Gilmar Mendes é, sem qualquer dúvida, o pior dos 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal. Exibe um perfil extremamente conservador, na pior acepção da palavra. Defende os interesses das elites econômicas, protege bandidos de colarinho branco. Foi o responsável pela queda da exigência de diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista, atendendo a uma antiga aspiração dos proprietários dos meios de comunicação. Dessa forma, colaborou para a invasão da atividade jornalística por toda a sorte de aventureiros, diminuindo a qualidade da informação e favorecendo o aviltamento salarial da profissão. Portanto, não é por acaso que Gilmar Mendes sempre contou com fartos espaços e generosos elogios nas páginas de "Veja", já que está plenamente afinado com a linha ideológica da publicação. O assunto "mensalão", aliás, é um prato requentado que "Veja" insiste em empurrar goela abaixo dos brasileiros. Trata-se de mais uma tentativa da revista de fabricar um escândalo que, como as anteriores, não vai dar em nada. Fica a recomendação de que, da próxima vez que tentar fazer barulho com sua denúncias pretensamente bombásticas, "Veja" se valha de alguém com um mínimo de credibilidade, o que, decididamente, não é o caso de Gilmar Mendes.