segunda-feira, 27 de maio de 2013

Mortes na imprensa conservadora

Nos últimos dias, dois dos maiores representantes da imprensa de direita no Brasil faleceram. Primeiro foi Ruy Mesquita, da família proprietária do jornal "O Estado de São Paulo", depois Roberto Civita diretor editorial do Grupo Abril, que foi fundado por seu pai. Dentre as várias publicações da Editora Abril, a menina dos olhos de Roberto Civita era a revista semanal "Veja". A revista despeja, a cada semana, a visão de mundo de Civita, americanófila, antiesquerdista, defensora do capitalismo selvagem, da lei do mercado, do Estado mínimo, da "meritocracia". "Veja" se torna cômica, por vezes, pois sua linha editorial é tão facciosa que chega a ser panfletária. O que se vê nas páginas da publicação não pode ser chamado de jornalismo. Não há a mínima isenção nos assuntos abordados, apenas uma pregação insistente e histérica dos preceitos mais caros ao direitismo. "O Estado de São Paulo", jornal da família Mesquita, não fica atrás. O chamado "Estadão" apoiou abertamente o espúrio golpe militar de 1964. O veículo teria se "arrependido" de tal apoio quando o regime militar suprimiu as eleições previstas para 1965. Mais tarde, com a censura a várias matérias, o jornal publicou poemas de Camões nos espaços a elas destinados, numa postura de aparente resistência e rebeldia, mas nunca deixou de ser, no seu ideário, um bastião do conservadorismo. Mesquita e Civita representam um tipo que, para o bem do país, deveria sair, definitivamente de cena. Refiro-me aos barões da imprensa, ricos herdeiros de impérios jornalísticos erguidos por seus ascendentes, que se dedicam a tentar doutrinar a opinião pública com suas ideias elitistas, sectárias, preconceituosas e neoliberais. Alardeiam a pretensão de servirem de farol para a sociedade, quando, na realidade, apenas defendem os seus interesses e os dos grupos a eles associados. O resultado prático das ideias que apregoam é um país cada vez mais injusto e desigual, onde poucos ficam com quase tudo, e milhões dividem as migalhas que sobram. Posam de "avançados", mas representam o que há de mais atrasado e retrógado no pensamento ocidental. Não deixam nenhum legado que possa ser festejado. Pelo contrário, ajudaram a construir impérios que disseminam a má informação e a manipulação ideológica mais rasteira. Foram homens poderosos. Porém, não foram grandes homens. Serviram a si e aos seus, em detrimento dos interesses maiores da população.