segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Retrocesso

A grande ameaça que paira sobre o Brasil, no momento, é a de um retrocesso político e institucional. Movidos por um ódio irracional, políticos mal intencionados insuflam os incautos com a ideia do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Por não assimilarem uma derrota legítima nas urnas, querem interromper um mandato de quatro anos antes que complete o primeiro. O mais incrível é que essas ideias prosseguem mesmo que orgãos representativos da imprensa do exterior, como o jornal "The New York Times", por exemplo, destaquem que não existe nenhuma razão concreta para o impeachment de Dilma Rousseff, e que uma continuidade democrática de 30 anos não deve ser quebrada. Os que se deixam levar pelas insidiosas campanhas para derrubar Dilma Rousseff não devem ter parado para pensar no que aconteceria caso sua pretensão se concretizasse. Acaso imaginam que bastaria a troca de governo para que todos os problemas do país se resolvessem de imediato? Não é possível que tenham uma visão tão ingênua da realidade. Os que postulam a ideia de chegar ao poder pela via do golpe deveriam refletir que nada poderia ser pior do que ter que corresponder à expectativa de resolver problemas de forma mágica. Obviamente, isso não seria alcançado, o que geraria enorme frustração social, com consequências danosas. Para aqueles que acham que basta tirar Dilma Rousseff e o PT do poder que tudo se resolverá, há um exemplo concreto e prático do que ocorreria se o governo, repentinamente, trocasse de mãos. Observe-se o que acontece no Rio Grande do Sul. Levado pelo mesmo tipo de campanha antipetista feita no plano federal, o eleitor colocou no cargo de governador um defensor das ideias neoliberais de "austeridade". O panorama resultante dessa escolha, em menos de um ano de governo, é simplesmente caótico. Funcionários públicos com salários parcelados, educação e saúde sucateadas, falta de segurança absoluta, com a população indefesa diante da criminalidade. Um dia, as pessoas irão perceber que a direita não é a solução para nenhum problema. Afinal, ela, em si, é o problema. Essas afirmações não são minhas, nem inéditas, você já deve tê-las visto anteriormente. Pois, então, acredite, não são frases de efeito, de mero exercício retórico. Constituem uma grande verdade. O que o Brasil precisa é de continuidade democrática e solidez institucional. Como expressa o ditado, no andar da carruagem, as melancias se acomodam. Mudar as regras com o jogo andando, como o  Brasil já fez tantas vezes no passado, é próprio de uma república das bananas. O Brasil não cabe mais nesse figurino.