segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Um simulacro de democracia

O impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, foi, na verdade, um golpe, com a consequente ruptura institucional. Os promotores do golpe e seus cúmplices sustentaram, e o fazem até hoje, de que as instituições estavam atuando normalmente, e que a democracia fora preservada. Nada pode ser mais falso. A democracia foi violada, abrindo caminho para a eleição de um governo fascista. Governo que tem praticado, desde a posse, inúmeras agressões aos mais basilares princípios democráticos e de probidade administrativa, sem que o Congresso coloque em votação ao menos um dos muitos pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro que já recebeu. Não faltam motivos para a deposição de Bolsonaro. São muitos os crimes devidamente tipificados praticados pelo ex-capitão desde que assumiu o cargo. Agora, por exemplo, a pergunta que está no ar é porque a mulher de Bolsonaro, Michele, recebeu um cheque de R$ 89 mil do policial aposentado Fabrício Queiroz. Ao ser indagado sobre isso por um jornalista, Bolsonaro disse que tinha vontade de lhe dar um soco na cara. Uma conduta inaceitável para um presidente. Porém, tudo o que o repugnante ato de Bolsonaro gerou como consequência foi a tradicional manifestação de repúdio por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ). Maia, no entanto, não dá andamento a nenhum dos pedidos de impeachment que lhe foram encaminhados, alegando que o momento não é propício. Prossegue, assim, um simulacro de democracia, com o país caminhando para o abismo.