sexta-feira, 21 de abril de 2023

Exumação jornalística

Soa muito estranha a polêmica envolvendo o novo técnico do Corinthians, Cuca, e sua condenação por estupro em 1987, na Suiça, durante uma excursão do Grêmio, clube em que atuava como jogador (meio campista) na época. A vítima era uma menina suiça de 13 anos, e três outros jogadores do Grêmio, o goleiro Eduardo, o zagueiro Henrique, e o atacante Fernando, também foram condenados no episódio. Cuca disse que não participou do estupro, e que a menina não o reconheceu como um dos agressores. Porém, detalhes do fato não são relevantes para o objeto do presente texto. A questão que se coloca é o porquè de se empreender esse trabalho de exumação jornalística. Ainda que tenha ocorrido um crime, pelo tempo que transcorreu, já está prescrito. Os detalhes do caso estão protegidos por forte sigilo pela Justiça da Suiça, a pedido da própria vítima. Nos 36 anos que decorreram desde então, Cuca cumpriu uma exitosa carreira de jogador, após a qual tornou-se um técnico vitorioso. O Corinthians será o décimo entre os 12 maiores clubes do país que Cuca irá treinar. Em 2022, no entanto, a história do estupro voltou a ser lembrada. A partir daí, os clubes que contratam Cuca enfrentam protestos de seus torcedores. Muitos dizem que Cuca tem de falar sobre o caso, pedir desculpas, contribuir financeiramente e participar ativamente de ações concernentes às causas femininas, etc. Cuca está sendo submetido a uma política de cancelamento, típica dos tempos atuais. O cerco ao técnico não ajudará o movimento feminista, só revela intolerância por parte de quem o promove.