sexta-feira, 22 de maio de 2020

Sobram motivos para o impeachment

Depois da exibição, na quase totalidade, do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, é inaceitável a continuidade do presidente Jair Bolsonaro no cargo. O conteúdo da reunião é estarrecedor. O ex-capitão utiliza uma linguagem imprópria até para bordéis, e profere um total de 29 palavrões ao longo do encontro. Sobram motivos para o impeachment de Bolsonaro. Fica claro no vídeo, ainda que o próprio presidente e seus apoiadores neguem, sua intenção de interferir na Polícia Federal. Durante a reunião, Bolsonaro ofende os governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro com impropérios, afirma que quer armar toda a população para evitar uma "ditadura", reclamou dos órgãos de informação que não lhe abasteciam adequadamente, mas destacou possuir um, de natureza particular, que funciona muito bem, não dando, no entanto, nenhum esclarecimento a respeito. Afora os absurdos ditos por Bolsonaro, alguns ministros também declararam barbaridades. O da Educação, Abraham Weintraub, disse que era preciso prender os ministros do Supremo Tribunal Federal. A ministra das Mulheres, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, manifestou o desejo de prender governadores e prefeitos por suas ações no enfrentamento à pandemia de coronavírus. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que era preciso aproveitar que a atenção da imprensa está focada na pandemia para aprovar "de baciada", as desregulamentações pretendidas para a sua área. Se, do ponto de vista jurídico, o vídeo é visto por alguns como frágil para sustentar as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, contra Bolsonaro, no terreno político ele é devastador. O país não pode continuar sendo governado por um desequilibrado e seus ministros de índole criminosa. Em meio a maior tragédia sanitária da história do país, Bolsonaro e seus ministros não mostram nenhuma preocupação com o assunto, voltando-se, tão somente, para o cumprimento de sua nefasta agenda de governo. O governo Bolsonaro é um cadáver insepulto. O impeachment é uma necessidade, e a cada dia que essa medida é postergada perpetra-se um crime lesa-pátria contra o Brasil.