Não poderia ser mais emblemático. As manifestações populares que tomaram conta das ruas do Chile há oito dias, escancaram as atrocidades do neoliberalismo. Pois é, justamente o Chile, o país cantado em prosa e verso pelos neoliberais brasileiros, e modelo seguido pelo ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, para formular suas perversidades contra o povo. Guedes pretende, entre outros horrores, implantar o sistema de capitalização, que está levando muitos idosos chilenos ao desespero, por receberem pensões menores que o salário mínimo. Esse é o aviso que vem do Chile, já que não é preciso ser adivinho para saber que os fatos ocorridos naquele país irão se propagar para o Brasil. Será apenas uma questão de tempo. Afinal, o Chile não foi o primeiro país a se rebelar contra o neoliberalismo na América do Sul. O Equador já teve manifestações populares contra as medidas econômicas de direita, e a Argentina deverá trazer a esquerda novamente ao poder nas eleições que se realizarão brevemente. Todos esses fatos não impediram que o Senado brasileiro aprovasse a cruel Reforma da Previdência. Porém, o que está acontecendo na América do Sul não são fatos episódicos. São os ventos da mudança. A acusação do secretário da OEA, Luís Maduro, de que as manifestações no Equador e Chile foram estimuladas pelos governos da Venezuela e de Cuba não são mais do que um mau perdedor a espernear. As manifestações são orgânicas e autênticas, e resultam da revolta do povo com a desigualdade social cada vez maior em seus países. Como disse a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sobre a eleição em seu país, o neoliberalismo será derrotado para nunca mais voltar por lá. Assim será, também, no Brasil. Poderá demorar um pouco mais, mas será inevitável.