sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O aviso que vem do Chile

Não poderia ser mais emblemático. As manifestações populares que tomaram conta das ruas do Chile há oito dias, escancaram as atrocidades do neoliberalismo. Pois é, justamente o Chile, o país cantado em prosa e verso pelos neoliberais brasileiros, e modelo seguido pelo ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, para formular suas perversidades contra o povo. Guedes pretende, entre outros horrores, implantar o sistema de capitalização, que está levando muitos idosos chilenos ao desespero, por receberem pensões menores que o salário mínimo. Esse é o aviso que vem do Chile, já que não é preciso ser adivinho para saber que os fatos ocorridos naquele país irão se propagar para o Brasil. Será apenas uma questão de tempo. Afinal, o Chile não foi o primeiro país a se rebelar contra o neoliberalismo na América do Sul. O Equador já teve manifestações populares contra as medidas econômicas de direita, e a Argentina deverá trazer a esquerda novamente ao poder nas eleições que se realizarão brevemente. Todos esses fatos não impediram que o Senado brasileiro aprovasse a cruel Reforma da Previdência. Porém, o que está acontecendo na América do Sul não são fatos episódicos. São os ventos da mudança. A acusação do secretário da OEA, Luís Maduro, de que as manifestações no Equador e Chile foram estimuladas pelos governos da Venezuela e de Cuba não são mais do que um mau perdedor a espernear. As manifestações são orgânicas e autênticas, e resultam da revolta do povo com a desigualdade social cada vez maior em seus países. Como disse a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sobre a eleição em seu país, o neoliberalismo será derrotado para nunca mais voltar por lá. Assim será, também, no Brasil. Poderá demorar um pouco mais, mas será inevitável.