sexta-feira, 12 de junho de 2015

O amor na hipermodernidade

O Dia dos Namorados, que hoje transcorre, é mais uma data comercial, como outras que são dedicadas às mães, aos pais e às crianças, por exemplo. Porém, ainda que tais datas sejam um meio de aquecer o consumo e aumentar as vendas do comércio, elas podem ensejar algumas reflexões. No que se refere ao Dia dos Namorados, ele propicia que pensemos sobre o amor, palavra tão curta, de significado lindo e profundo, mas desvalorizada na atualidade. Vivemos uma época denominada por muitos de "hipermodernidade", ou seja, um estágio adiante da "pós-modernidade", que já nos soava tão assustadora. Nessa etapa da história humana, de notáveis avanços científicos e tecnológicos, e aceleradas transformações comportamentais, o amor tende a ser visto como algo anacrônico, ou de significado meramente literário. Não por acaso, uma sensação de aridez parece tomar conta de tudo e de todos. Falta encantamento aos nossos dias. Deixamo-nos empolgar pelas invenções de última geração, estabelecendo relacionamentos virtuais, "conversando" por meio de computadores e mensagens de celular, abolindo, cada vez mais, o contato pessoal e epidérmico. Saímos de um mundo real para ingressar em um no qual até as relações pessoais tem uma condição virtual. Diante desse quadro, como fica o amor na hipermodernidade? Descaracterizado, aviltado, desconsiderado, desvirtuado. O romantismo de outros tempos, hoje é visto como "brega". Parece não haver espaço para manifestações mais calorosas dos sentimentos. Somos envolvidos pelo ritmo trepidante de uma época em que tudo é vivido aceleradamente, sem tempo para a contemplação. A natureza humana, no entanto, na sua essência, é sempre a mesma. Precisamos de carinho e atenção. Por trás de tantos apelos à frivolidade e ao consumismo, mergulhados que estamos numa existência superficial e insípida, há a chama, enfraquecida, mas jamais extinta, do amor. No fim das contas, ele é o que, verdadeiramente, há de mais essencial na vida humana. Sem ele, tudo torna-se vão, carente de significado. Não é à toa, portanto, que um dos grandes sucessos do maior grupo musical de todos os tempos tem por título "All You Need Is Love". Pura verdade. O amor é tudo de que necessitamos. Ele nos supre. Tomara que as pessoas se apercebam disso, e que, um dia, ao conceituarmos o ser humano, possamos defini-lo como "hiperamoroso".