terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Arcaísmo político

A cada novo ano que chega, nossas expectativas se renovam, e imaginamos que a troca de calendário seja capaz, por si só, de nos remeter a novos tempos. Há quem diga que o calendário é apenas uma convenção humana e, que por isso, não há sentido em dar a ele tamanho significado. Porém, seja como for, é algo mais ou menos inevitável associar um novo ano com a ideia de mudanças. Num setor da vida brasileira, contudo, isso não é levado em consideração. Na política do país, o passado insiste em voltar, impedindo uma desejável alteração de usos e costumes. Uma prova disso é o fato de que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é o mais cotado para ser o próximo presidente do Senado. Trata-se de algo incompreensível, pois Calheiros ocupava o mesmo cargo em 2007 e renunciou após denúncias de corrupção que quase resultaram na sua cassação. Como pode alguém com esse histórico voltar a exercer o cargo? Convém lembrar que o atual presidente do Senado é José Sarney (PMDB-AP), outra figura nefasta da política brasileira. A política, no Brasil, resiste a qualquer tentativa de moralização. Não há protesto da opinião pública nem cobrança da imprensa que mudem esse quadro. Velhas e execráveis figuras se agarram ao poder e dele não desgrudam, transformando a política num balcão de negócios, visando cargos e vantagens. O Brasil vem evoluindo, e muito, em vários setores. Porém, no campo político, continua no mais absoluto arcaísmo. A provável volta de Renan Calheiros ao cargo de presidente do Senado é uma demonstração disso.