quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Ineficiência

No último sábado, nesse espaço, manifestei minha posição contrária ao chamado "endurecimento" da Lei Seca, por entender que ele visa muito mais aumentar a arrecadação de multas do que salvar vidas no trânsito. Bastaram poucos dias para que isso se comprovasse. No feriadão de Natal, já com as mudanças da referida lei em vigor, as mortes no trânsito aumentaram em todo o país. Isso confirma o que tenho sustentado, isto é, de que as leis não são capazes de modificar o comportamento humano. Ninguém deixa de agir dessa ou daquela forma por causa da edição de leis mais rigorosas. Comportamentos só se alteram através da educação, e isso leva muito tempo. Como não temos paciência para esperar os frutos de ações de longo prazo, apelamos para o imediatismo de leis mais duras. Sem resultados práticos, como já se viu no feriadão de Natal. A ideia de que multas mais altas diminuiriam os casos de embriaguez ao volante é um equívoco. Seria como acreditar que as pessoas deixariam de fumar caso os cigarros tivessem seu preço sensivelmente aumentado. A queda do consumo de cigarros, verificada nos últimos anos, é efeito das campanhas de conscientização, que conseguiram demonstrar para as pessoas, os inúmeros e graves malefícios causados pelo fumo. Com o trânsito, não há de ser diferente. Enquanto as pessoas não se aperceberem dos riscos a que submetem a si próprias e aos outros quando dirigem sob o efeito de álcool, não haverá lei, por mais drástica que seja, que reduza os alarmantes números de mortes no trânsito. A Lei Seca desperta a simpatia de grande parte da opinião pública, mas seu efeito prático é quase nulo.