segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Auxílio-tablet

O desembargador Ivan Sartori, que tomou posse hoje como novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, defendeu a instituição do chamado "auxílio-tablet", isto é, uma verba extra para que os magistrados adquiram tablets, notebooks  e netbooks, que, no seu entender, são recursos indispensáveis para que desempenhem a contento a sua atividade. Sartori autorizou o auxílio e justificou que nem foi uma ideia sua, mas sim de seu antecessor no cargo, a qual, apenas, levou a efeito. O valor do auxílio, em si, nem é tão significativo, R$ 2.500 a cada três anos, sob a forma de reembolso. Porém, se utilizado pelos mais de 2.500 magistrados do estado de São Paulo, implicará numa despesa de R$ 6,2 milhões. Assim, mais uma vez, o dinheiro público é usado para criar "auxílios" que permitam aos poderes da República desenvolverem melhor as suas atividades. Os parlamentares, por exemplo, contam, além do polpudo salário, com uma série de verbas e vantagens extras tais como auxílio-moradia, franquia postal, cota de combustível, passagens áereas. Até mesmo uma verba para assinatura de publicações lhes é concedida! Ora, porque um parlamentar não pode assinar jornais e revistas com dinheiro do seu próprio bolso? Na mesma linha de raciocínio, porque os magistrados tem de recorrer ao dinheiro público para adquirir computadores e assemelhados, em vez de fazê-lo com seus próprios ganhos? Porém, partindo de Sartori, a criação do "auxílio-tablet" é bem coerente, pois ele declara, nas páginas amarelas da edição dessa semana da revista "Veja", que o salário de um juiz, R$ 24 mil, não está a altura do cargo. O desembargador, para sustentar seu argumento, diz que um alto executivo de uma empresa privada ganha R$ 80 mil por mês e que o salário do presidente da Petrobrás deve ser superior a R$ 45 mil. Para quem considera R$ 24 mil um salário insuficiente, é bastante lógica a criação da verba de auxílio para aquisição de tablets e computadores. Difícil é explicar isso para quem nem sonha em ganhar tal quantia a cada mês, mas é chamado a financiar mais essa "mamata", ou seja, o pobre e indefeso contribuinte brasileiro.