quinta-feira, 2 de julho de 2015

Manobras

Num dia, o financiamento privado de campanhas é rejeitado pela Câmara dos Deputados, no seguinte a mesma matéria é novamente votada, e, dessa vez, aprovada. O mesmo ocorre, semanas mais tarde, com a redução da maioridade penal, rejeitada num dia e aprovada no seguinte. Os parlamentares derrotados por tais manobras, apontam, com razão, a irregularidade de se votar a mesma matéria em  tão curto espaço de tempo. Os apoiadores do artifício, valendo-se do "juridiquês", argumentam não haver nenhuma impropriedade no procedimento. Por trás de tudo, a execrável figura do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Conhecedor profundo dos aspectos regimentais que envolvem o exercício da função legislativa, Cunha se aproveita de cada brecha legal disponível para levar adiante seu projeto de causar derrotas ao governo e favorecer os interesses sombrios que representa. Aproveitando-se do momento de instabilidade vivido pelo governo, Cunha busca impor sua agenda medieval ao país, consentânea com sua condição de evangélico e de defensor do grande capital. Algo precisa ser feito. O país não pode ficar a mercê desse energúmeno. O que está em jogo é a democracia brasileira, tão duramente conquistada. O mandato de presidente da Câmara dos Deputados, obtido por Cunha, não pode lhe servir como um cheque em branco, que lhe permita submeter o país ao atendimento dos seus interesses e aos dos grupos que apoia. Se Cunha, por meio do estudo dos regimentos legislativos, consegue embasamento para levar adiante suas manobras, o mesmo método deverá ser usado para detê-lo e, se possível, defenestrá-lo do cargo que ocupa. Cunha foi eleito deputado federal por uma fração do eleitorado do seu Estado. Elegeu-se para ser integrante de uma das casas parlamentares do país e, escolhido por seus pares, tornou-se presidente da mesma. Porém, entre suas atribuições não estão as de chefe do Poder Executivo. Até agora, Cunha tem "pintado e bordado". Não pode continuar sendo assim. As mentes mais lúcidas e responsáveis do país precisam fazer um esforço, sair da sua postura acomodada, e, usando os meio legais existentes, neutralizar as ações de Cunha. Essa é uma tarefa para ser cumprida o quanto antes, em defesa do país.