sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A empulhação da cultura alternativa

O cantor, compositor e líder do grupo musical Skank, Samuel Rosa, deu uma declaração com a qual me identifiquei totalmente. Samuel afirmou que não acredita no jeitão "blasé" de quem diz que faz um trabalho experimental, alternativo, e dá de ombros para o fato de as pessoas gostarem ou não. Para ele, "a resposta de quem ouve o som que você faz é condição básica!". Ele considera, também, que toda e qualquer grupo musical tem que ter este respaldo, pois é uma maneira de mostrar respeito pelo seu público. O assunto pode parecer irrelevante, para alguns, mas me toca de maneira especial. Nunca engoli a chamada "cultura alternativa". Com o argumento de que fazem um trabalho que não se encaixa na "ditadura da mídia" e não segue as determinações da "indústria cultural", o que esses "artistas alternativos" fazem, quase sempre, é tentar nos empurrar música, poesia e literatura de baixíssima qualidade. Como o que nunca falta no mundo são pessoas incautas, tais artistas conseguem formar em torno de si um grupo, pequeno mas ruidoso, de admiradores, que exaltam a autenticidade e a profundidade de um trabalho que "não se dobra às imposições da cultura de massa". Claro que muitas obras de péssimo nível são transformadas em fenômenos de vendagem pela força avassaladora da mídia. Porém, a ideia de que a recíproca seja verdadeira não se sustenta. Não há produção artística de boa qualidade que não receba o reconhecimento do público. Aqueles que não conseguem atingir o grande circuito para mostrar sua obra, não são vítimas da má vontade da indústria cultural, nem autores de um trabalho que só pode ser captado na sua essência por pessoas mais sensíveis. Sua situação se deve, tão somente, a falta de qualidade daquilo que criam, o que os afasta da maioria do público, restringindo-os à admiração de uns poucos que acham que o apoio a tais artistas caracteriza uma demonstração de independência intelectual em relação à cultura de massas. Pura pretensão. Como diz a célebre música "Nos Bailes da Vida", de Mílton Nascimento e Fernando Brant, "todo o artista tem de ir aonde o povo está". O resto é empulhação.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Situações opostas

Se após o resultado do Gre-Nal se podia dizer que Grêmio e Inter estavam diante de perspectivas diferentes no Campeonato Brasileiro, após a disputa, ontem, da primeira rodada do segundo turno, já se pode afirmar que estão em situações opostas. Enquanto o Grêmio só vence, o Inter apenas perde. Os resultados paralelos beneficiam o Grêmio, fazendo-o aproximar-se dos primeiros colocados, e prejudicam o Inter, que vai caindo posições na tabela. Com a derrota para o Coritiba por 1 x 0, o discurso do técnico do Inter, Fernandão, logo depois do Gre-Nal, já não se sustenta. Fernandão afirmara que o Inter buscaria ganhar, no segundo turno, 40 pontos, o que é altamente improvável para um clube que somou apenas 31 no primeiro turno. O novo tropeço torna essa intenção quase uma fantasia. O Inter perdeu mais uma posição, e já é o sétimo colocado, distanciando-se ainda mais da zona de classificação para a Libertadores e tornando a conquista do título uma pretensão quase absurda. A crise não pode mais ser disfarçada, é uma realidade. A chance de uma reviravolta imediata é pouco provável. Fernandão parece perdido, sem definir um esquema e uma escalação. Alguns jogadores aparentam desinteresse, outros já deviam, há muito tempo, terem encerrado o seu período no clube. O próximo jogo, no Beira-Rio, contra o Flamengo, não deverá ser nada fácil. A torcida não se mostrará paciente, pois está muito decepcionada, e o técnico do Flamengo, Dorival Júnior, por certo, estará especialmente motivado, após ter sido demitido pelo Inter. Afora isso, o Flamengo vem ensaiando uma recuperação no Brasileirão e Vágner Love vem marcando muitos gols, o que torna a tarefa do Inter, de buscar uma vitória, ainda mais complicada. Os próximos dias do Inter não deverão ser fáceis. Inteiramente diverso é o quadro vivido pelo Grêmio. Após a vitória sobre o Vasco, por 2 x 0, no Olímpico, o Grêmio atingiu 40 pontos, quatro a menos que o líder, Atlético Mineiro, e três abaixo do vice-líder, Fluminense. Em relação ao Fluminense, o Grêmio poderá superá-lo, pelos critérios, já na próxima rodada, pelo número de vitórias. O próximo adversário do Grêmio, o Palmeiras, sábado, no Pacaembu, foi goleado pela Portuguesa e não sairá da zona de rebaixamento nem mesmo no caso de uma vitória. Afora a sua tradição e o retrospecto favorável do técnico Felipão contra o Grêmio, são pouco os fatores com que o Palmeiras poderá contar. Portanto, o Grêmio terá uma excelente oportunidade de alcançar mais uma vitória. No jogo contra o Vasco, o Grêmio conseguiu vencer mesmo com as ausências de dois importantes titulares, Gilberto Silva e Elano. Contra o Palmeiras, Gilberto Silva, que estava cumprindo suspensão, tem volta garantida. Elano recupera-se rapidamente da lesão que sofreu no Gre-Nal e, talvez, antecipe o seu retorno para sábado. O futuro imediato do Grêmio tem tudo para ser risonho. Grêmio e Inter são dois grandes clubes, rivais entre si, que, como se vê, vivem emoções muito diferentes, em que o otimismo começa a se expandir de um lado, e o desânimo a tomar conta de outro.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O futebol virou comércio

O futebol profissionalizou-se há muito tempo. No Brasil, isso se deu em 1933, ou seja, há 79 anos. Ainda assim, em outras épocas, não havia se transformado no negócio bilionário que o caracteriza atualmente. Jogadores e seus empresários ganham verdadeiras fortunas com as transações de um clube para outro. O futebol tornou-se um negócio tão bom e vantajoso que futuros craques são procurados com avidez por empresários, ansiosos por faturarem altas somas representando-os e transacionando-os. Isso acabou se refletindo, até mesmo, no calendário de competições. Novos torneios e campeonatos Sub-15, Sub-17 e Sub-20 surgem a cada dia. Agora, por exemplo, a CBF anunciou a criação da Copa do Brasil Sub-20, que será classificatória para a Libertadores Sub-20, competição que já teve duas edições sem que, praticamente, ninguém soubesse. Não é de se estranhar. Essas competições, tanto as de clubes como as de seleções, não visam levar pessoas aos estádios, nem atrair telespectadores. Seu intuito, ainda que não confessado por seus promotores, é servir de chamariz para os empresários, facilitando sua tarefa de prospectar novos talentos que possam render muito dinheiro. Os jogadores, como se fossem gado numa exposição, mostram o seu futebol para olhos gananciosos. Os jovens jogadores, antes mesmo de fazerem história nos clubes que os revelaram, já são negociados para o exterior, garantindo sua independência financeira e proporcionando polpudas comissões para seus procuradores e representantes. Nesse comércio milionário, em que tantos ganham, só o torcedor é que perde. Afinal, os craques que poderiam lhe encantar a cada jogo, cedo saem em busca de um salário com muitos zeros à direita. O futebol, a cada dia, vai deixando de ser um esporte, e se transformando, apenas, em mais uma forma de fazer a fortuna de uns poucos à custa da paixão de muitos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Eleições

Começou, no dia 21, a propaganda eleitoral para o pleito de outubro próximo. No entanto, seja pelo fato de que as eleições se incorporaram à rotina dos brasileiros, ou pelo desencanto da população com os políticos, o fato é que as campanhas continuam tão mornas quanto antes do início do horário eleitoral gratuito. Basta conferir, diariamente, nos jornais, a agenda externa dos candidatos a prefeito de Porto Alegre, por exemplo,  para que se perceba á diferença com disputas eleitorais anteriores. Os atos públicos externos são reduzidos, a maior parte dos compromissos se constitui de encontros em locais fechados, com representantes de diversos grupos e corporações. As grandes concentrações públicas parecem ter sido deixadas de lado. Os discursos inflamados, as grandes passeatas, ficaram na lembrança. As eleições são vistas com indiferença pela maioria da população. O panorama, como um todo, é pouco estimulante. O nível médio dos candidatos não é dos melhores. Suas propostas são pouco criativas. Há mais preocupação com a imagem dos candidatos do que com o conteúdo de suas proposições. Tudo remete a um imenso vazio. Alguns talvez vejam nisso tudo um sinal de amadurecimento do povo, de quem se acostumou com a realização regular de eleições e não mais se deixa comover por elas. Não nos iludamos, contudo. A política não pode prescindir da participação popular. Caso contrário, torna-se uma prática burocratizada e apática. O Brasil ainda tem muitos problemas para resolver antes que as pessoas achem que não precisam mais sair ás ruas e sacudir suas bandeiras. Eleições amorfas só servem às intenções dos mais conservadores. A política, em outros tempos, foi capaz de empolgar multidões. Esse interesse tem de ser resgatado.

domingo, 26 de agosto de 2012

Perspectivas diferentes

A vitória do Grêmio sobre o Inter, por 1 x 0, hoje, no Beira-Rio, torna as perspectivas dos dois clubes no Campeonato Brasileiro inteiramente diferentes. Ao Inter restou buscar a classificação para a Libertadores, mas mesmo essa hipótese ficou bastante difícil de ser concretizada. A conquista do título se tornou, praticamente, impossível. O Inter caiu para o 6º lugar na tabela, e já está seis pontos atrás do Grêmio, que é o 3º colocado. O Grêmio, por sua vez, ao subir uma posição, consolidou ainda mais sua presença na zona de classificação para a Libertadores e, dependendo de tropeços de Atlético Mineiro e Fluminense, pode, até mesmo, postular o título. Os indícios verificados nas campanhas dos dois clubes se confirmaram no Gre-Nal. O Grêmio mostrou ser um time mais organizado e consolidado, enquanto o Inter sofre com as indefinições de seu técnico, Fernandão. Entre outros equívocos, Fernandão improvisou, mais uma vez, Kléber como meia, experiência que já não dera certo contra o Corinthians. Depois do jogo contra a Portuguesa, admitira que ainda não havia encontrado o seu time ideal. O Inter, portanto, carece de uma escalação e de um esquema tático estabelecidos, e as consequências disso estão aparecendo nos maus resultados de campo. No Grêmio, o único fato a causar preocupação, por enquanto, é a falta de um banco de reservas mais qualificado. A lesão de Elano no início da partida, resultou na entrada de Marquinhos, que é bom jogador mas não consegue manter o mesmo nível do titular. Com a lesão de Werley e a suspensão de Gilberto Silva, o Grêmio poderá ter uma zaga muito frágil para o jogo contra o Vasco, no Olímpico, partida que é fundamental para as pretensões do clube no Brasileirão. Porém, mesmo com essas preocupações, o momento do Grêmio na competição é muito bom. A classificação para a Libertadores parece cada vez mais certa, e o título, embora difícil, não é mais uma miragem. Depois do Gre-Nal de hoje, a gangorra histórica do futebol gaúcho pende inteiramente para o lado azul.

sábado, 25 de agosto de 2012

O Gre-Nal e suas consequências

Na véspera de mais um Gre-Nal, o que há a fazer é projetar as consequências que poderão ter cada um dos resultados possíveis do jogo. A vitória do Inter servirá muito mais para atrapalhar a vida do seu maior rival do que para lhe trazer um benefício mais concreto. O Inter tenta passar a ideia de que uma vitória no Gre-Nal seria o começo de uma grande reação no segundo turno, confiando em que, agora, o seu time está mais reforçado, mas isso parece pouco provável. No segundo turno, o Inter não estará tão mais forte como pretende, pois continuará sofrendo desfalques pela convocação de seus jogadores para várias seleções. O Inter está distante na tabela em relação aos primeiros colocados. Tem, por exemplo, 11 pontos a menos que o Atlético Mineiro, líder do campeonato, que está com um jogo atrasado em relação aos demais. Com a vitória do Fluminense sobre o Vasco, hoje, o Inter também ficou, até o jogo de amanhã, 11 pontos atrás do tricolor carioca. O Vasco, mesmo com a derrota de hoje, permanecerá na frente do Inter, qualquer que seja o resultado do Gre-Nal. O Grêmio, mesmo que o Inter ganhe, ficará na frente do seu maior rival pelos critérios. Um empate, por sua vez, nada resolveria para o Inter e pouco ajudaria o Grêmio. Porém, uma vitória do Grêmio teria um enorme efeito sobre a campanha de ambos os clubes. Ela faria o Grêmio abrir seis pontos de vantagem sobre o seu maior rival. Por outro lado, sepultaria, praticamente, qualquer chance do Inter de buscar algo melhor  no Campeonato Brasileiro, e levaria o Grêmio para o terceiro lugar na competição, com dois pontos a mais que o Vasco. Seria o impulso definitivo do Grêmio para garantir classificação para a Libertadores e, até mesmo, dependendo de tropeços de Atlético Mineiro e Fluminense, lutar pelo título. O Gre-Nal deverá ser equilibrado, pois os times titulares se equivalem em virtudes e defeitos. O Inter possui melhores opções no banco de reservas, mas o momento do Grêmio é melhor. O Inter jogará em casa, mas a pouca capacidade de público do Beira-Rio, atualmente, deverá minimizar o peso desse fator. Difícil, portanto, fazer um prognóstico, mas o Grêmio leva uma tênue vantagem por ter um time mais entrosado e em melhor momento. Resta esperar para ver.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Félix

A morte do ex-goleiro Félix, hoje, aos 74 anos, é a terceira de um jogador do grupo da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1970. O primeiro a falecer, em 1974, foi o lateral esquerdo da equipe, Everaldo, com apenas 30 anos, num acidente de carro. Em 1980, Fontana, um dos zagueiros reservas, também faleceu precocemente, aos 39 anos, de ataque cardíaco, jogando uma "pelada com amigos". O tempo é implacável e mais um integrante daquela célebre Seleção se foi. Félix, que morreu de enfisema pulmonar, carregava consigo a marca de não ser considerado um jogador à altura do resto da equipe. Não era raro que algumas pessoas dissessem que a Seleção de 70 fora campeã apesar de ter um goleiro fraco. Félix, na verdade, não era um goleiro excepcional, mas deu sua contribuição para a conquista. Seu nome, como o de todos os seus companheiros entrou para a história dos jogadores que foram campeões mundiais, um grupo seleto e honorabilíssimo. Ainda que não fosse um expoente de sua posição, Félix chegou aonde muitos craques não conseguiram, isto é, ganhar uma Copa do Mundo. Muitos não tiveram o privilégio de ver aquela Seleção jogar. Eu, apesar da tenra idade na época, apenas oito anos, acompanhei pela televisão a conquista brasileira. Seus jogadores, portanto, sempre tiveram, para mim, uma condição especial, pois para quem estava começando a acompanhar o futebol, um título ganho com tanto brilho, por uma equipe de tamanha qualidade, é uma lembrança que fica marcada para sempre. Obrigado, Félix. Você fez a sua parte numa conquista que jamais será esquecida pelos brasileiros.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mudança em boa hora

O presidente da CBF, José Maria Marin, cumpriu o que prometera ao dizer, na terça-feira, que tomaria medidas enérgicas em relação à arbitragem no futebol brasileiro. Já no dia de ontem, Marin demitiu o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, e o substituiu pelo ex-bandeirinha Aristeu Leonardo Tavares. A mudança era mais do que necessária. A arbitragem brasileira nunca primou, de um modo geral, pela qualidade, ainda que tenhamos tido alguns bons árbitros. Porém, atualmente, o quadro é desolador. No Campeonato Brasileiro, os erros graves de arbitragem se sucedem em praticamente todos os jogos. Uma das causas para isso parece ser a política de renovação do quadro de árbitros. Embora a renovação seja necessária, ela leva a que muitos árbitros inexperientes sintam o peso de apitar jogos dos maiores clubes do país. Afora isso, as câmeras de televisão, cada vez em maior número na transmissão dos jogos, escancaram os erros cometidos pelos árbitros, pelo detalhamento que possibilitam de cada lance. Tamanha é a disparidade entre o "olhar" das câmeras e a capacidade de visualização da arbitragem que impõe-se que a FIFA deixe a sua intransigência de lado e admita o auxílio eletrônico para os lances mais polêmicos e decisivos. Essa, contudo, é uma questão para ser resolvida a longo prazo. O problema da arbitragem brasileira, por sua vez, exigia uma medida imediata para se tentar corrigir rumos, e ela foi tomada. Não se sabe se Aristeu Tavares vai fazer, ou não, um bom trabalho. Porém, diante do que vinha acontecendo na arbitragem brasileira, pior, certamente, não há de ficar.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Classificação dramática

Muitos torcedores do Grêmio gostam de cultivar a ideia da "imortalidade", isto é, da capacidade do clube de não se entregar nunca, de alcançar seus objetivos em jornadas recheadas de heroísmo. Para essas pessoas, o jogo de hoje á noite, entre Coritiba e Grêmio, no Couto Pereira, pela Copa Sul-Americana, deve ter sido um banquete. O Coritiba venceu por 3 x 2, mas o Grêmio, que ganhara o primeiro jogo por 1 x 0, no Olímpico, se classificou para a próxima fase por ter marcado gols na casa do adversário. O Grêmio perdia o jogo por 3 x 1, o que lhe eliminaria da competição, quando Marcelo Moreno, aos 44 minutos do segundo tempo, fez o gol da classificação. A classificação do Grêmio, contudo, poderia ter sido mais tranquila. O primeiro tempo terminou empatado em 1 x 1, resultado que servia ao Grêmio. No entanto, a substituição de Gilberto Silva por Naldo, no intervalo, visando poupá-lo para o Gre-Nal, acabou comprometendo o sistema defensivo do Grêmio, e já aos 5 minutos do segundo tempo o Coritiba faria 2 x 1 no placar. Naldo comprovou, mais uma vez, que não possui condição técnica de jogar pelo Grêmio. Mais tarde, Pereira faria 3 x 1, tornando o jogo dramático até o final. Aliás, Pereira só teve oportunidade de marcar um gol porque o árbitro da partida, Wilson Seneme, absurdamente, não o expulsou, ainda no primeiro tempo, após ele ter cometido um pênalti, mesmo com o jogador já tendo recebido um cartão amarelo anteriormente. O Grêmio obteve, pela primeira vez, a classificação para a fase internacional da Copa Sul-Americana, e isso irá repercutir positivamente no ânimo dos jogadores e da torcida para o importante Gre-Nal de domingo, pelo Campeonato Brasileiro. Porém, convém atentar para o fato de que o jogo de hoje demonstrou que, para algumas posições, não há reservas qualificados, e isso poderá custar caro para o Grêmio, mais adiante.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Uma obra sempre revisitada

Os Beatles existiram como grupo por apenas oito anos. Já se passaram 42 anos da sua dissolução. Dois de seus quatro integrantes já faleceram. Ainda assim, dada a excelência inigualável de seu trabalho, os Beatles permanecem ininterruptamente na mídia, e sua obra é constantemente revisitada. Algumas pessoas mais ácidas poderiam dizer que os constantes relançamentos e remasterizações envolvendo a produção conjunta e solo dos rapazes de Liverpool constitui-se, apenas, em oportunismo mercadológico, um meio de faturar muito dinheiro, mas o fato é que, se isso acontece, é porque o interesse pelas criações do grupo jamais se esgota, atravessando gerações. Agora, é o desenho animado "Yellow Submarine", de 1968, que está sendo relançado, em DVD e Blu-Ray, bem como o CD correspondente, com a trilha sonora. A reedição recebeu um tratamento especial. Pela primeira vez apresentado em resolução digital, toda a animação, desenhada à mão, foi restaurada manualmente quadro a quadro. "Yellow Submarine" vem, também, acompanhado por um minidocumentário chamado "Mod Odissey", que mostra parte do processo de criação do desenho, pelo trailer original, e entrevistas com pessoas que participaram diretamente da elaboração, como produtores, roteiristas, diretores e dubladores. O desenho foi inspirado na pop art de Andy Warhol e mostra Pepperland, um paraíso de música e alegria, mas que está ameaçado pelos Blues Menies. Os Beatles, então, são convocados para salvar o dia a bordo de um submarino amarelo. Uma deliciosa fantasia que merece ser revista por quem já a conhece, e apresentada aos que ainda não tiveram esse privilégio.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Afronta

Foi divulgada, ao longo do dia de hoje, a informação de que, no Gre-Nal do próximo domingo, no Beira-Rio, serão disponibilizados 17.250 ingressos para a torcida do Inter, e 750 para a torcida do Grêmio. A medida, caso confirmada, fere frontalmente o artigo 86 do Regulamento Geral das Competições, da CBF, que determina que, em toda e qualquer competição, seja reservado um mínimo de 10% do total de ingressos para a torcida do clube visitante. Ora, se serão destinados 17 mil ingressos para a torcida do Inter,  os torcedores do Grêmio devem receber 1.700 entradas. A arbitrária e injusta decisão que está sendo divulgada é o ponto culminante de uma situação iniciada pela absurda permissão para que o Beira-Rio, que se encontra em obras, continue a sediar jogos de futebol. O Beira-Rio é o único dos estádios escolhidos para a Copa do Mundo de 2014 que não paralisou suas atividades durante a reforma. Três procuradores do Ministério Público, de maneira ajuizada e socialmente responsável, tentaram parar com esse descalabro, solicitando a interdição do estádio. Sofreram uma saraivada de críticas da imprensa esportiva do Rio Grande do Sul, historicamente alinhada com a defesa intransigente dos interesses do Inter. O mínimo que se disse é que os procuradores eram gremistas e estavam tentando prejudicar o Inter! A Justiça Estadual recusou a proposição dos procuradores e manteve a permissão de funcionamento do Beira-Rio, alegando, entre outros argumentos, de que o estádio recebera a liberação da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros. Incrivelmente, a mesma Brigada Militar que sustentou que o estádio pode continuar a receber jogos, agora resolve limitar o número de torcedores do Grêmio no Gre-Nal, em nome de questões de segurança. Como assim? Não foi a própria Brigada Militar, em conjunto com o Corpo de Bombeiros, que considerou o estádio apto a continuar funcionando durante a realização das obras? Afora isso, a Brigada, ao tomar para si a definição do número de pessoas que podem ir ao Gre-Nal, está extrapolando a sua competência. A Brigada é uma instituição que serve à sociedade, não pode se impor a ela. Não lhe cabe determinar o que quer que seja, pelo contrário, deve, tão somente, cumprir ordens, disciplinadamente. A obrigação da Brigada Militar é dar segurança aos torcedores que comparecerem ao Gre-Nal, sejam eles quantos forem. Se não se sentir apta para isso, estará declarando publicamente sua falência como instituição garantidora da segurança pública. Não é do seu papel, em nome seja lá do que for, pisotear regulamentos esportivos. O Grêmio, ao que parece, em momento algum foi ouvido sobre a questão, e está tendo seus direitos terrivelmente prejudicados. Sua diretoria tem o dever de buscar a defesa dos interesses dos torcedores do clube, apelando, se necessário for, para a esfera jurídica. A situação, tal como se apresenta de momento, é uma afronta inaceitável a um clube de tamanha grandeza e representatividade.

domingo, 19 de agosto de 2012

Momentos diferentes

Os resultados dos jogos de hoje mostraram Grêmio e Inter vivendo momentos diferentes. O Grêmio, no Olímpico, goleou o Figueirense por 4 x 0, com uma grande atuação e, mesmo com a derrota para a Portuguesa, na quarta-feira, vive uma situação de afirmação. O Inter, no Canindé, empatou em 1 x 1 com a Portuguesa, o que não lhe permitirá ingressar no grupo dos quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro nem mesmo com uma vitória no Gre-Nal, no próximo domingo. Enquanto o Grêmio tem uma escalação titular que já começa a ser assimilada por todos, o técnico do Inter, Fernandão, revelou que ainda não encontrou o seu time ideal. A ideia de que a volta de vários titulares e a estreia de mais um reforço, Juan, fariam toda a diferença, não se confirmou. Juan até marcou um gol em sua primeira partida pelo Inter, mas o time, mesmo com os acréscimos de jogadores, não aumentou o seu nível de produção. Em dois jogos seguidos fora de casa o Inter só trouxe um ponto, o que compromete sua campanha. Um fator, contudo, se apresenta em favor do Inter. O Grêmio, na quarta-feira, irá jogar contra o Coritiba, no  Couto Pereira, pela Copa Sul-Americana. Como a vantagem obtida no primeiro jogo, quando ganhou por 1 x 0, foi escassa, o Grêmio terá muitas dificuldades para se classificar para a próxima fase da competição. O cansaço causado no Grêmio por um jogo no meio de semana, somado á frustração de uma eventual eliminação na Sul-Americana, poderão ser fatores favoráveis ao Inter, que terá toda a semana antes do Gre-Nal apenas para treinar. Afora isso, e o fato de jogar em seu estádio, o Inter parece menos credenciado que o Grêmio para vencer o Gre-Nal. Futebol é momento, costuma-se dizer e, nesse aspecto, os ventos parecem bem mais favoráveis ao Grêmio.

sábado, 18 de agosto de 2012

Realidade distorcida

A revista "Veja", fiel ao seu perfil de extrema direita, aborda, em sua mais recente edição, a proposta aprovada pelo Senado, no último dia 7, que restitui a volta da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. A publicação, assim como toda a grande imprensa brasileira, lutou durante anos pelo fim da obrigatoriedade do diploma, o que, afinal, foi conseguido em 2009, em decisão do Supremo Tribunal Federal, cujo presidente, à época, era Gilmar Mendes, uma figura notoriamente espúria do meio jurídico brasileiro, permanentemente afinada com os interesses das elites econômicas. Numa tentativa de convencer seus leitores da inconveniência da medida, a revista apela para o surrado argumento da ameaça à "liberdade de expressão". Conforme "Veja", a obrigatoriedade do diploma foi instituída em 1969 pela junta militar que governava o país, com o intuito de controlar quem teria acesso às redações. A revista sustenta que, desde a queda da exigência do diploma, sindicalistas e faculdades de comunicação, vendo-se ameaçados em sua sobrevivência, iniciaram uma campanha para anular a decisão do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de uma mal intencionada distorção da verdade. O que "Veja" e os demais veículos da grande imprensa brasileira sempre desejaram foi a liberdade para contratar quem bem entendessem para atuar no jornalismo, seguindo critérios que favorecem a busca da audiência ou da expansão de leitores, mas sem nenhum compromisso com  a qualidade. Um exemplo claro disso ocorre no jornalismo esportivo. Nas redes de televisão, visando atrair a audiência, os jornalistas com sólida formação e conhecimento na área são preteridos por ex-esportistas que, em sua grande maioria, exibem enorme precariedade para o exercício da profissão. Não é verdade, como querem fazer crer os defensores do "exercício livre do jornalismo", de que a profissão se caracterize por um caráter generalista que dispense a especialização. Como tantas outras atividades, o jornalismo também exige uma sólida e bem fundamentada formação acadêmica. O contrário disso, que é o que "Veja" deseja, é uma profissão manchada pela presença nas redações de toda a sorte de aventureiros, que desqualificam a atividade e facilitam o seu aviltamento salarial. O fim da obrigatoriedade do diploma foi um absurdo que está em vias de ser corrigido. Só resta esperar que a Câmara dos Deputados tenha tanto discernimento quanto o Senado e confirme a volta da exigência do diploma para o exercício do jornalismo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A decadência da música brasileira

Uma das melhores cantoras brasileiras, Zizi Possi, em recente entrevista, disse sentir falta do tempo em que  as músicas tinham letras com mais poesia. Zizi revelou que fica "passada" ao ouvir certas composições, e que não entende como isso possa acontecer num país que tem nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque de Holanda, Gonzaguinha, Renato Russo e Arnaldo Antunes. Certamente, Zizi não é a única a pensar assim. Com algumas honrosas exceções, o panorama atual da música brasileira é pouco animador. Há uma predominância de gêneros como o sertanejo e sua variante "universitária", pagode romântico e outros, cuja característica são as letras pobres e carregadas de lugares comuns. Com as mudanças ocorridas na indústria discográfica, fortemente abalada pela concorrência da internet, as gravadoras optam apenas pelas fórmulas fáceis, de sucesso garantido. O resultado é o empobrecimento da música brasileira. Outro ponto abordado por Zizi Possi. foi a perda de espaço da música na televisão brasileira. Trata-se de algo lamentável e de difícil explicação. Nos anos 60, 70 e 80, a música ocupava generosos espaços na programação das redes de televisão. Os festivais de música marcaram gerações. Programas como "O Fino da Bossa" e "Jovem Guarda" são lembrados até hoje. A série "Grandes Nomes", focalizando as maiores expressões do meio musical brasileiro, e uma parada de sucessos semanal, o "Globo de Ouro", também eram uma demonstração da relevância que a música tinha na televisão. Hoje, os poucos programas que dão espaço para a música, como o "Som Brasil" e o "Altas Horas", ambos da Rede Globo, são levados ao ar num horário muito tardio, já na madrugada. Afora isso, o "Som Brasil" vai ao ar apenas uma vez por mês. Em outros tempos, a música ocupava o horário nobre, em programas com edições semanais. Essa é uma situação que precisa ser resgatada. A música é uma das grandes riquezas culturais brasileiras. Não há como entender que seja relegada a tal condição de desprestígio. Para retornar á qualidade perdida, entre outras iniciativas, é essencial que a música brasileira recupere o espaço que lhe foi tirado na televisão, um fato para o qual não há justificativa razoável.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Outra derrota

Grêmio e Inter vem tendo uma curiosa coincidência nas rodadas mais recentes do Campeonato Brasileiro. No meio da semana passada, ambos empataram seus jogos, e pelo mesmo placar de 0 x 0. No último domingo, os dois venceram suas partidas, e novamente pelo mesmo placar, de 2 x 1. Ontem, o Grêmio perdeu. Hoje, no complemento da rodada, o Inter também foi derrotado. A diferença, dessa vez, foi, apenas o resultado. O Grêmio perdeu para a Portuguesa por 2 x 1, o Inter para o Corinthians por 1 x 0. Com isso, o Grêmio permanece em 4º lugar no Brasileirão, com um ponto a mais que o Inter. No próximo final de semana, as perspectivas parecem mais animadoras. O Grêmio jogará em casa contra o lanterna da competição, o Figueirense, e o Inter enfrentará a Portuguesa no Canindé, mas terá a volta de vários titulares. O dado a lamentar nas derrotas de ontem e de hoje é que elas não permitiram que a dupla Gre-Nal aproveitasse o fato de que os primeiros colocados não venceram na rodada para subir na classificação. No jogo de hoje à noite, no Pacaembu, Fernandão conheceu sua primeira derrota como técnico do Inter, e o time, praticamente, não criou nenhuma chance de gol em toda a partida. O clube apóia todas as suas expectativas no fato de que, a partir da próxima partida, terá a volta de nomes importantes, como Guiñazu, Dátolo, que já entrou durante o jogo de hoje, Diego Forlán e Leandro Damião. A campanha de Grêmio e Inter, até aqui, vem sendo de bom nível, mas para garantir classificação para a Libertadores e, principalmente, conquistar o título, será preciso que os dois subam de rendimento.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Decepção

Os mais de 19 mil torcedores que foram ao Olímpico, hoje à noite, sofreram uma enorme decepção. O Grêmio perdeu para a Portuguesa por 2 x 1, num jogo em que a expectativa era de que ganhasse até com alguma facilidade. Afinal, o Grêmio vinha de uma vitória de virada, fora de casa, sobre o São Paulo. A permanência, há várias rodadas, no grupo dos quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro é outro fator que animava os gremistas para a partida de hoje, já que o adversário fazia uma campanha modesta. No entanto, uma série de referências positivas, sob a perspectiva do Grêmio, foi por água abaixo no jogo. A começar pelos dados estatísticos. A Portuguesa jamais havia ganho do Grêmio, no Olímpico, em toda a história do Brasileirão. No ano de 2012, o clube paulista ainda não havia vencido nenhum jogo fora de casa. Seu ataque é o segundo pior da competição. Pois, ao vencer o Grêmio, a Portuguesa quebrou, de uma só vez, os dois tabus acima referidos, e seu frágil ataque marcou dois gols. Prosseguindo com a reversão de expectativas, Marcelo Grohe, que vinha tendo grandes atuações, falhou nos dois gols da Portuguesa, e Elano fez sua pior partida pelo Grêmio. Edílson comprovou que o Grêmio está com uma séria lacuna na lateral direita. Naldo mostrou, mais uma vez, que não está à altura das necessidades do Grêmio, Fernando, desde que o time começou a ter dois volantes e dois meias, não conseguiu mais jogar um bom futebol. André Lima, começando a partida, voltou a ser uma nulidade. Kléber, em que pese ter feito o gol de honra, voltou a abusar do entrechoque com os adversários e das reclamações sobre faltas recebidas. O Grêmio perdeu uma grande chance de subir na classificação, pois Atlético Mineiro e Fluminense apenas empataram os seus jogos. Para piorar, poderá perder o 4º lugar para o seu maior rival, caso o Inter ganhe do Corinthians, amanhã, no Pacaembu. Enfim, foi um resultado desastroso, que compromete todas as projeções do Grêmio dentro da competição. Mais do que nunca, domingo, novamente no Olímpico, a vitória sobre o Figueirense, lanterna do Campeonato Brasileiro, tornou-se uma obrigação. Porém, cabe lembrar que o Figueirense é uma tradicional "touca" do Grêmio em jogos no Olímpico. Portanto, todo o cuidado é pouco para evitar mais um tropeço inesperado.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Decisão absurda

Como explicar que um estádio que teve todo o seu anel inferior demolido e está com 25% da sua parte superior interditada continue a sediar jogos de futebol? Esse descalabro, impensável em qualquer outro lugar, vem acontecendo no Rio Grande do Sul, e terá continuidade, conforme decisão tomada, hoje, pela Justiça. O estádio em questão é o Beira-Rio, pertencente ao Inter, que está em obras para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014. Ao contrário de todos os outros estádios que estão sendo reformados para a Copa, no Beira-Rio a realização de partidas não foi suspensa. O Inter, alegando que sofreria prejuízos técnicos, resiste a ideia de jogar em outro local. O mau desempenho de Atlético Mineiro e Cruzeiro em 2011, jogando fora de Belo Horizonte, é citado pelo Inter como exemplo do que pode ocorrer com quem tem de se afastar de seu estádio. Ocorre que há interesses bem maiores que estão sendo desconsiderados. Um estádio parcialmente demolido oferece riscos evidentes para seus frequentadores. Afora isso, com somente o anel superior liberado para o público, e, assim mesmo, apenas parcialmente, a acessibilidade e o conforto de quem assiste aos jogos ficam seriamente comprometidos. Diante de tantas evidências da inconveniência de se realizarem partidas no Beira-Rio, porque se permite tal situação? A imprensa esportiva gaúcha, historicamente identificada com o Inter, desconsiderou todos esses fatores, e apoiou a posição defendida pelo clube, chegando ao ponto de desqualificar a atitude dos procuradores do Ministério Público que, ajuizada e responsavelmente, solicitaram a interdição do estádio, insinuando que estariam movidos pela suposta condição de torcedores do Grêmio. A decisão tomada hoje pisoteia os princípios mais basilares da defesa do interesse público, e reafirma a incrível influência exercida pelo Inter em todos os estamentos de poder do Rio Grande do Sul. Um absurdo jurídico perpetrado em nome de interesses clubísticos. Uma nódoa indelével na história da Justiça gaúcha.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Frustrações olímpicas

Terminada mais uma Olimpíada, o sentimento da maioria dos brasileiros é de frustração. Se é verdade que o  Brasil conquistou 17 medalhas no total, duas a mais que em 2008, obteve apenas três de ouro, contra cinco alcançadas em 2004. Contribuiu para isso, decisivamente, a perda de ouros dados como certos: futebol e vôlei masculinos e César Cielo nos 50 metros livres da natação. Sobre a derrota do futebol masculino, já nos ocupamos. O vôlei masculino foi um tremendo anticlímax, pois vencia o jogo decisivo, contra a Rússia, por 2 x 0, teve dois match points a seu favor e, ainda assim, permitiu a virada. Cielo, que ficou apenas com o bronze, apelou para desculpas esfarrapadas, como a de que teria se cansado por também ter disputado a prova dos 100m. A grande surpresa positiva foi o vôlei feminino. Depois de uma primeira fase fraca, conseguiu chegar à disputa da medalha de ouro, contra os Estados Unidos. Na decisão, depois de perder feio no primeiro set, por 25 x 11, reagiu e ganhou o jogo por 3 x 1, de maneira brilhante. Chama a atenção, também, o fato de que competidores com pouco ou nenhum apoio conseguem resultados tão ou mais relevantes do que o de esportistas e equipes que recebem farto apoio financeiro. Nesse caso estão os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão, medalhas de prata e bronze, respectivamente, no boxe. Nele também se enquadra Yane Marques, medalha de bronze no pentatlo moderno. São competidores que não são acompanhados pela imprensa, que só os descobre na época das Olimpíadas, e que carecem de incentivo e de patrocínio. São os verdadeiros heróis do esporte brasileiro, por seu idealismo e abnegação. O Brasil tem muito a fazer se quiser atingir a propalada meta de dobrar o número de medalhas na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. No entanto, não basta gastar um grande volume de recursos. Isso já tem sido feito. Mais do que tudo, é preciso ter critério na aplicação do dinheiro. Em vez de privilegiar determinados competidores e esportes, as verbas devem ser distribuídas de forma mais equilibrada, proporcionando o crescimento técnico de um maior número de modalidades.

domingo, 12 de agosto de 2012

Viradas

Grêmio e Inter, a cada rodada, vem colhendo os mesmos resultados. Nos três últimos jogos de cada um, obtiveram duas vitórias e um empate. Nas partidas de hoje e do meio de semana, até os placares foram idênticos. Com isso, seguem colados um no outro na classificação do Campeonato Brasileiro. O Grêmio, hoje, ganhou do São Paulo por 2 x 1, de virada, no Morumbi. O Inter, em mais uma coincidência, venceu a Ponte Preta, no Beira-Rio, de virada, por 2 x 1. Outro fato em comum foi que os gols das vitórias de ambos aconteceram aos 46 minutos do segundo tempo, às 17h51min. O Grêmio, assim, continua em 4º lugar no Brasileirão, com 31 pontos. O Inter é o 5º colocado, com 30 pontos. Afora não conseguir se distanciar do seu maior rival, a tentativa do Grêmio de subir de posição tem sido infrutífera, já que o Atlético Mineiro e o Fluminense não param de vencer, e o Vasco, derrotado hoje, ainda tem pontos de sobra na sua frente. O futuro imediato da dupla Gre-Nal, contudo, apresenta perspectivas diferentes para os próximos jogos. O Grêmio irá jogar duas partidas seguidas em casa, contra a Portuguesa e o Figueirense, o que traz a possibilidade, bastante considerável, de que conquiste mais seis pontos. O Inter fará dois jogos seguidos fora de casa, contra Corinthians e Portuguesa, em que as chances de maus resultados são bem mais amplas. Depois desses jogos, virá o Gre-Nal, no Beira-Rio, na rodada de encerramento do primeiro turno. A campanha dos dois clubes, até aqui, é quase semelhante em termos de pontuação. Porém, o Grêmio dá mostras de ser um time mais consolidado e de futebol ascendente. A tendência, em princípio, é que, ao final do primeiro turno, a vantagem do Grêmio, em pontos, sobre o Inter, venha a aumentar.

sábado, 11 de agosto de 2012

Derrota inaceitável

A convicção de quase todos, minha inclusive, era a de que, dessa vez, a medalha de ouro olímpica no futebol masculino não escaparia do Brasil. As frustrantes experiências anteriores, em 1984 e 1988, quando fomos derrotados na decisão do ouro, pareciam ser um alerta suficiente para que o fracasso não se repetisse. Afora isso, a equipe brasileira contava com jogadores de qualificação muito superior em relação aos seus adversários, como Thiago Silva, Marcelo, Oscar e Neymar, por exemplo. Pois, mais uma vez, não deu. A Seleção Olímpica Brasileira perdeu, hoje, em Wembley, para o México, por 2 x 1 e ficou apenas com a medalha de prata no futebol masculino na Olimpíada de 2012. Se é verdade que, nos últimos anos, o México tem sido um adversário incômodo para a Seleção Brasileira, tendo nos derrotado nas decisões de uma Copa das Confederações e de um Campeonato Mundial Sub-17 e vencido o mais recente amistoso entre as duas seleções, ainda assim o Brasil era amplo favorito para o jogo de hoje. Os erros de convocação e escalação, contudo, se mostraram fatais, e o futebol brasileiro continuará, por pelo menos mais quatro anos, sem ter uma medalha de ouro olímpica no seu rol de conquistas, o que não condiz com a sua grandeza. A falta de um goleiro confiável, após o corte de Rafael por lesão, a titularidade do outro Rafael, jogador fraco, na lateral direita, a presença do limitadíssimo Juan na zaga, a convocação do desinteressado Paulo Henrique Ganso, a inexplicável condição de reserva de Lucas, foram alguns dos erros graves cometidos pelo técnico Mano Menezes que levaram o Brasil a mais uma frustração na busca do ouro olímpico no futebol. Junte-se a isso tudo o baixo rendimento de Neymar, talvez o pior jogador em campo hoje, e a consequência é o péssimo resultado final. O único país a ter ganho cinco Copas do Mundo, ainda não tem uma medalha de ouro olímpica no futebol, o que seus vizinhos Uruguai e Argentina já possuem. Um fato inaceitável, mas dolorosamente verdadeiro.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Abjeção

A corrupção no Brasil está longe de ser uma novidade, mas sua disseminação chegou a tal ponto que atinge, até mesmo, instituições pretensamente inatacáveis. O que acontece na Cruz Vermelha Brasileira é espantoso, quase inacreditável. Organização de enorme credibilidade e prestígio, cuja sede mundial fica na Suíça, a Cruz Vermelha vive, no Brasil, um momento vergonhoso. Os recursos doados à instituição, no país, não tem chegado a quem deles necessita. Em 2011, a Cruz Vermelha Brasileira organizou três grandes campanhas de arrecadação no país - uma para as vítimas dos deslizamentos da região serrana do estado do Rio de Janeiro, outra para a Somália, país da África cuja população sofre com a fome e as guerras civis, e mais uma para a tragédia causada pelo tsunami no Japão. Nenhum dos recursos arrecadados nas campanhas foram aplicados naquele locais. As doações foram encaminhadas para contas bancárias da Cruz Vermelha no Banco do Brasil em São Luís, capital do Maranhão. Em São Luís, reside o presidente da Cruz Vermelha Brasileira, Walmir Moreira Serra Júnior, e sua irmã, Carmen Serra, é quem dirige a filial da organização no Maranhão. Apesar das insistentes solicitações da comissão fiscal da instituição no Brasil, e, até mesmo, da Federação Internacional da Cruz Vermelha, o extrato das contas nunca foi mostrado A situação chegou a um ponto em que, quando a comissão fiscal deu em prazo final para que o sumiço do dinheiro fosse explicado, Moreira Serra, simplesmente, determinou a extinção do órgão fiscalizador. Como disse Letícia del Campo, responsável pelo escritório da organização em Petrópolis (RJ), a Cruz Vermelha Brasileira está cometendo crimes contra a humanidade. Letícia acrescentou que, desde que assumiu o cargo, o que mais ouviu foram pessoas dizendo que catástrofes são uma ótima oportunidade para ganhar dinheiro. Um pensamento, sem dúvida, abjeto, típico de um país que desconhece os conceitos éticos mais basilares, e chafurda na corrupção. Uma situação que envergonha os brasileiros dignos e que corrói a imagem do país perante o mundo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Primeiro empate

O Grêmio empatou em 0 x 0 com a Ponte Preta, hoje á noite, no Moisés Lucarelli. Foi o primeiro empate do Grêmio no Campeonato Brasileiro, depois de nove vitórias e cinco derrotas. O jogo foi fraco tecnicamente, e o time gremista não esteve bem no primeiro tempo. O Grêmio melhorou no segundo tempo, e até merecia a vitória pelo volume de jogo, mas não conseguiu traduzir sua superioridade em gols. Com o resultado, o Grêmio se manteve em quarto lugar no Brasileirão, mas aumentou sua distância para os três primeiros colocados, Atlético Mineiro, Vasco e Fluminense, pois todos venceram na rodada. O próximo jogo do Grêmio será novamente fora de casa, contra o São Paulo, no Morumbi. Mais um jogo difícil, numa tabela que, como já disse anteriormente o técnico do clube, Vanderlei Luxemburgo, é madrasta com o Grêmio. A campanha, no geral, é boa, mas, para que o Grêmio alcance seus objetivos na competição é necessário que o desempenho individual dos jogadores cresça significativamente. Com exceção de Elano, atualmente, sem dúvida, o melhor do time, os demais jogadores, inclusive Zé Roberto, tem deixado a desejar. Há razões, contudo, para confiar no Grêmio, como o padrão de jogo e o senso coletivo que já foram obtidos. O caminho do clube na competição continua árduo, mas os resultados, até aqui, tem sido satisfatórios, sinalizando para um futuro promissor.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tropeço inesperado

O Inter empatou em 0 x 0 com o Náutico, hoje à noite, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Um resultado, sem dúvida, inesperado, principalmente após a boa vitória contra o Palmeiras, sábado, em Barueri. Com dois jogos seguidos em casa, contra Náutico e Ponte Preta, a expectativa era de que o Inter obtivesse os seis pontos. Pois, já no primeiro dos dois jogos, o Inter ficou no empate contra um adversário modesto, que, em princípio, luta apenas para não ser rebaixado. Ainda que o Náutico viesse de uma goleada de 3 x 0 sobre o Santos nos Aflitos, o resultado é extremamente decepcionante e parece indicar que o Inter terá dificuldades em ingressar no grupo dos quatro primeiros colocados. Se é verdade que o Inter tem jogado muito desfalcado, mesmo quando esteve completo, ao tempo em que seu técnico era Dorival Júnior, o time não mostrava um futebol consistente. Com o tropeço de hoje, a vitória sobre a Ponte Preta torna-se obrigatória, mas o jogo também poderá apresentar dificuldades, pois o clube do interior paulista vem de uma vitória sobre o Cruzeiro, no Independência e, dependendo do resultado que obtiver, em casa, amanhã, contra o Grêmio, poderá vir muito motivada para a partida no Beira-Rio. A ausência de um centroavante de referência tem pesado contra o Inter, e há indícios de que Leandro Damião possa ser vendido agora, o que agravaria o problema. A diretoria tem tentado contratar um jogador para a posição, mas, até agora, não teve êxito. O jejum de 33 anos do Inter sem conquistar o título do Campeonato Brasileiro, pelo visto, não será quebrado.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O ouro cada vez mais perto

A tão sonhada medalha de ouro olímpica para o futebol masculino brasileiro parece que, dessa vez, não escapa. Jogando, hoje, pelas semifinais do torneio de futebol masculino da Olimpíada de 2012, a Seleção Olímpica Brasileira goleou a Coreia do Sul por 3 x 0. Mesmo com as conhecidas fragilidades defensivas da Seleção, que se repetiram, o jogo, que se prenunciava difícil na opinião de alguns, foi resolvido com relativa facilidade pela equipe brasileira. Resta, agora, um último obstáculo antes de obter a tão sonhada conquista. O adversário da decisão será o México, que venceu o Japão, na outra partida pelas semifinais, por 3 x 1, de virada. O México tem sido um oponente incômodo para a Seleção principal, nos últimos anos. Porém, nessa que será a terceira vez em que o Brasil decidirá a medalha de ouro no futebol, o título não deverá escapar como nas outras duas. A equipe brasileira é bem superior à mexicana, está focada e mobilizada, e vem marcando três gols em todos os jogos. Dessa vez, tudo indica, o futebol brasileiro conseguirá alcançar a única grande conquista que lhe falta.

Caetano também chega aos 70

Num ano marcado por vários nomes ilustres que se tornaram septuagenários, hoje é o dia de Caetano Veloso ingressar no grupo dos setentões. Compositor tão brilhante quanto prolífico, Caetano, nos seus quase cinquenta anos de carreira, jamais saiu dos holofotes. Ainda hoje, numa faixa etária em que muitas grandes estrelas da música arrefecem o seu ritmo, Caetano continua produtivo e inquieto. São inúmeros os clássicos que compôs, gravados por ele próprio ou por outros artistas, mas Caetano não deita nos louros. Em vez de simplesmente cantar os seus maiores sucessos, Caetano continua a compor e gravar febrilmente, e une seu talento com o de emergentes do meio musical, como a excelente Maria Gadú, por exemplo. Desde  o já distante ano de 1967, quando tornou-se conhecido em todo o país com sua música "Alegria, Alegria", Caetano nunca mais saiu de cena. Ao longo de todo esse tempo, foi criando composições que fazem parte da trilha sonora da vida de muita gente. Músicas como "Baby", "London, London", "Trilhos Urbanos", "Dom de Iludir", "Meu Bem, Meu Mal", e tantas outras que, até hoje, encantam um enorme séquito de admiradores. Caetano, aos 70 anos, parece tão criativo e atuante como em qualquer outra época de sua vida. O tempo não tem pesado para esse talento superlativo da música brasileira. Parabéns e longa e inspirada vida para Caetano Veloso.

domingo, 5 de agosto de 2012

Resultado controvertido

O Grêmio, hoje à tarde, no Olímpico, venceu o Bahia por 3 x 1. A vitória manteve o Grêmio em 4° lugar no Campeonato Brasileiro, mas não foi tranquila, e ficou cercada de controvérsias. No primeiro tempo, o Grêmio controlou o jogo, mas só marcou um gol, de Elano, num pênalti contestado pelo Bahia. O panorama do jogo se alterou no segundo tempo, a partir da entrada de Lulinha no Bahia. Lulinha obteve grande vantagem pessoal sobre Edílson, o que levou o jogador do Grêmio a ser substituído. O crescimento do time baiano no jogo acabou redundando no empate, com um gol de Fahel. Dois minutos depois, o que seria o segundo gol do Bahia foi anulado, em razão de um impedimento discutível. A partida já se encaminhava para o seu final quando, numa cobrança de escanteio, Souza fez o segundo gol do Grêmio, numa bola que ainda bateu nas costas de Kléber, que estaria impedido, caso em que a jogada deveria ser invalidada. Nos acréscimos, Marcelo Moreno ainda marcou um golaço, fechando o placar. Os lances referidos são polêmicos, e o Bahia talvez tenha razão em reclamar. As arbitragens devem ser justas, sem prejudicar nem beneficiar ninguém, mas é preciso lembrar que, ainda que possa ter sido favorecido hoje, o Grêmio já teve contra si, no Brasileirão, terríveis erros nos jogos contra Vasco, Santos, Cruzeiro e Atlético Mineiro. Por sinal, as reiteradas falhas verificadas em quase todas as partidas da competição só confirmam que a arbitragem, atualmente, é o que há de pior no futebol brasileiro.

sábado, 4 de agosto de 2012

Vitórias que não convencem

A Seleção Olímpica Brasileira venceu Honduras por 3 x 2, hoje, e classificou-se para as semifinais do torneio de futebol masculino da Olimpíada de 2012. Porém, mais uma vez, mostrou grande fragilidade defensiva e sobreviveu da individualidade de alguns jogadores. A equipe brasileira sofre gols em todos os jogos, e isso não ocorre por acaso. Com o corte de Rafael, por lesão, o Brasil não conta com um goleiro confiável. Neto, que foi colocado, inicialmente, em seu lugar, não aprovou. Gabriel, que substituiu Neto, ainda é muito verde. Afora isso, dois outros integrantes da defesa, o lateral direito Rafael e o zagueiro Juan, estão num nível técnico inferior aos dos demais jogadores. O resultado disso tudo é uma defesa frágil. O Brasil esteve duas vezes atrás de Honduras no placar, o que não é nada recomendável. Para eliminar a Coreia do Sul, nas semifinais, terá de mostrar bem mais do que foi visto até aqui. Por enquanto, o futebol exuberante de Neymar e Marcelo, e o faro de artilheiro de Leandro Damião, tem garantido as vitórias da Seleção Olímpica, mas, se a consistência defensiva da equipe não melhorar, o sonho da conquista da medalha de ouro poderá ser, novamente, adiado.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O fracasso do futebol feminino

Depois de chegar à decisão da medalha de ouro nas duas Olimpíadas anteriores, sendo derrotada em ambas, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino foi eliminada, na edição de 2012 da competição, hoje, nas quartas de final, ao perder para o Japão por 2 x 0. A equipe brasileira, nos quatro jogos que realizou, com duas vitórias e duas derrotas, não mostrou o futebol de alto nível de outras competições. Mesmo com jogadoras da qualidade de Marta e Cristiane, o desempenho da Seleção feminina ficou muito abaixo do esperado. Marta, por sinal, foi um capítulo à parte. Depois de ser escolhida, por cinco vezes consecutivas, a melhor jogadora do mundo, foi uma pálida presença na Olimpíada de 2012. Com apenas 27 anos, a idade não deve ser a explicação para o decréscimo de Marta. De qualquer forma, a partir da decepção causada pela Seleção feminina, está mais do que na hora de se repensar o futebol feminino no Brasil. Em termos de clubes, a modalidade nunca se firmou no país. A atenção do público só se faz sentir em relação à Seleção, principalmente quando da disputa do Campeonato Mundial e das Olimpíadas. Sem um estímulo maior, tanto do governo quanto da iniciativa privada, não há como o futebol feminino se desenvolver no Brasil. A exemplo do que ocorre no futebol masculino, talentos não faltam. O que falta é apoio e organização, com competições estruturadas e um calendário de ano inteiro, não somente de torneios esporádicos. Em termos de potencial, as jogadoras brasileiras nada ficam a dever em relação a equipes como o Japão e os Estados Unidos, as mais destacadas do momento. Depende apenas das autoridades esportivas brasileiras, em conjunto com os clubes e com o apoio de patrocinadores, dar o impulso definitivo para a consolidação do futebol feminino no Brasil. O fato da próxima Olimpíada, em 2016, ser no Rio de Janeiro, talvez seja o estímulo que falta para que isso aconteça.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Chegou a hora do julgamento

Enfim, depois de sete anos de denúncias, investigações, evidências, tentativas de desmentidos, e de uma série de matérias da imprensa a respeito do fato, o "mensalão" começou a ser julgado, hoje, pelo Supremo Tribunal Federal. As tentativas de que o julgamento fosse postergado para depois das eleições municipais de outubro próximo, felizmente, não surtiram efeito. A tradicional morosidade da Justiça brasileira fez com que um caso ocorrido em 2005 só agora esteja sendo julgado. Não faz mal. Antes tarde do que nunca. O importante é que se tome uma decisão justa, de caráter técnico e não político, punindo todos os que tiverem culpa comprovada. Ninguém deve ser absolvido por ser "amigo do rei", nem condenado como forma de atingir quem está no poder. O mensalão existiu, disso não há dúvida, mas qualificá-lo como "o maior escândalo político da história do país", como faz, insistentemente, a revista "Veja", é um exagero que tem sua raiz na conhecida linha editorial de extrema direita da publicação. O Brasil sempre foi pródigo em casos de corrupção na política. O mensalão é mais um deles. O curioso é que pessoas que explodem de indignação com o fato, que envolve nomes ligados ao PT, encararam de forma bem mais branda acontecimentos tão graves quanto o mensalão, como, por exemplo, a compra de votos de deputados federais por parte do governo Fernando Henrique Cardoso para que aprovassem a criação da reeleição nos cargos do Poder Executivo, o que permitiu ao então presidente concorrer a um segundo mandato. Espero que, diante das evidências de sua culpabilidade, os réus do mensalão venham a ser punidos por seus atos. Porém, não nos deixemos levar por aqueles que, de forma mal intencionada, querem crer que é o governo que está em julgamento. Não é verdade. O governo é julgado nas urnas, e nelas Luís Inácio Lula da Silva, do PT,  foi eleito presidente por duas vezes e Dilma Roussef, do mesmo partido, tornou-se a atual detentora do cargo. Com qualquer resultado do caso do mensalão, essa realidade não irá mudar. O mensalão é um escândalo político, e de grande dimensão, mas não é um terceiro turno eleitoral, mesmo que alguns veículos de imprensa assim o desejem.