sexta-feira, 11 de novembro de 2022

A prostração de Bolsonaro

O período de dois meses que marca a transição de um governo que vive seus últimos dias para outro que está por iniciar é sempre um momento que combina desalento e expectativa. Desalento por parte de quem vê seu ciclo no poder se encerrar. Expectativa de quem conta os dias para começar a governar. Porém, o que vem acontecendo no fim do governo de Jair Bolsonaro chama a atenção. A prostração de Bolsonaro desde que sua derrota foi confirmada, pondo fim ao seu sonho de reeleição é muito grande. O ex-capitão levou dois dias, após a eleição, para se pronunciar publicamente. Desde então, na maior parte dos dias, fica sem agenda. Suas lives foram suspensas. Embora ainda seja o presidente, até 31 de dezembro, Bolsonaro comporta-se como se já tivesse deixado o poder. Atos administrativos e nomeações para cargos ainda são feitos por Bolsonaro, mas, dentro e fora do governo, o clima é de troca de bastão. O atual presidente apostou todas as suas fichas na reeleição. Em caso de não a obter, fomentou a ideia de um golpe. Perdeu a eleição, e viu as Forças Armadas reconhecerem a legitimidade da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, desmentindo a hipótese de fraude nas urnas. O mesmo havia sido feito pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, seus aliados políticos, logo após a divulgação dos resultados. Seus 58 milhões de votos lhe garantem representatividade, mas Bolsonaro se mostra abatido. A perda do foro privilegiado, a partir de 1° de janeiro de 2023, o assusta, pois são muitos os crimes que praticou durante seu mandato. Para o Brasil, o silêncio de Bolsonaro, depois de quatro anos de desmandos e histrionices, é o primeiro efeito benéfico da vitória de Lula.