segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Um ano depois da tragédia

A data de hoje, praticamente, impõe um assunto: a tragédia de Santa Maria. O incêndio da boate Kiss, que resultou em 242 mortos, foi o maior em número de vítimas no Rio Grande do Sul, e o segundo do Brasil. Um fato que chocou não só o país, mas o mundo. Como era de se esperar, o passar do tempo resultou na falta de resultados práticos quanto à punição dos culpados. Enquanto a dor de familiares, parentes, amigos e companheiros dos mortos na tragédia segue imensa, os que deveriam proceder as devidas punições movem-se paquidermicamente e de forma leniente. Até mesmo moradores de Santa Maria que não tiveram familiares vitimados pelo incêndio se mostram incomodados com a insistência em torno do fato, dizendo que isso não trará de volta os que se foram. Eis aí uma argumentação cínica e insensível. Como não foram diretamente atingidas pelo drama que destroçou tantas famílias, tais pessoas querem ver restituído o seu "direito" a uma vida normal, ocupando-se com amenidades. O que elas não percebem é que um fato como o ocorrido na boate Kiss nunca poderá ser apagado da memória coletiva, por ser brutal demais. Claro, o passar dos anos irá tornar a dor menos pungente, a vida que segue imporá os seus apelos, mas a tragédia de 27 de janeiro de 2013 jamais cairá inteiramente no esquecimento. Será uma eterna cicatriz, a nos lembrar de um acontecimento dantesco. Afora isso, enquanto os culpados não forem punidos, não se pode deixar o assunto "esfriar". Chega de impunidade. Sim, infelizmente, os que se foram no incêndio não mais retornarão, mas é preciso honrar a sua memória. Isso só será possível se cada pessoa que concorreu para a tragédia for devidamente punida. Caso isso não ocorra, a dor dos que perderam seus afetos seguirá lancinante, e as vítimas irão morrer pela segunda vez.