terça-feira, 9 de abril de 2013

Os defensores do golpe

No dia 31 de março completaram-se 49 anos do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart e jogou o Brasil nas trevas de uma ditadura assassina que durou 21 anos. Um regime espúrio que indicava presidentes e governadores a revelia da vontade popular, cassava mandatos de políticos de oposição, perseguia, torturava e matava quem a ele se opusesse. Incrivelmente, ainda hoje, há quem exalte e defenda esse período deprimente da história do país. Há alguns meses, uma jovem gaúcha propôs a recriação da Arena, o partido de sustentação do ilegítimo governo militar, ideia que recebeu apoio de muitas pessoas. Uma reportagem levada ao ar ontem no programa CQC, da Rede Bandeirantes, foi exemplar na demonstração dos tipos humanos que defendem o golpe de 64. O programa entrevistou oficiais da reserva que comemoravam a passagem de mais um aniversário da quartelada de 64. Um espetáculo grotesco, patético. Os entrevistados eram todos homens de provecta idade, em adiantado estado de senilidade. Figuras que mal se sustentam sobre as próprias pernas, de raciocínio lento e fala vacilante, repetindo a velha cantilena de que o espúrio golpe livrou o Brasil de uma ditadura comunista, negando a existência de torturas praticadas pelo regime, e, até mesmo, defendendo a ideia de que está na hora de os militares voltarem para restituir a ordem, pôr fim à corrupção, fechar o Congresso Nacional. Tamanha é a decrepitude física e mental desses homens, que poderiam até inspirar pena. Porém, não devemos ceder a impulsos sentimentais dessa ordem. Eles, em que pese sua aparência frágil, não são velhinhos inocentes. São os carrascos da liberdade e da democracia. São a personificação da estupidez e da vacuidade moral do regime golpista. Merecem o desprezo permanente, não a piedade.