terça-feira, 30 de abril de 2013

Faltou só um gol

Muitas pessoas não conseguem entender o fascínio que o futebol exerce sobre milhões de seres humanos. Para elas, nada há de interessante em 22 jogadore(a)s correndo atrás de uma bola. Pois um dos exemplos de porque o futebol é tão empolgante foi dado, hoje, no segundo jogo entre Real Madrid e Borússia Dortmund, pelas semifinais da Champions League. O Borússia Dortmund havia goleado por 4 x 1, na primeira partida, jogando em casa. A tarefa do Real Madrid para obter a classificação para a decisão, portanto, era hercúlea, pois precisava vencer por 3 x 0. À medida em que o tempo passava, essa impressão se tornava ainda mais forte. O time alemão controlava bem o jogo, e o primeiro tempo terminou em 0 x 0. Veio o segundo tempo, e o panorama parecia não se alterar. O placar permanecia fechado. Porém, quando tudo indicava que o resultado final seria um empate sem gols, o Real Madrid conseguiu marcar um, aos 38 minutos do segundo tempo. Transcorreram mais cinco minutos, e, aos 43, o Real Madrid fez o seu segundo gol. A partir daí, o que tinha sido um jogo morno em quase toda a sua extensão, virou uma disputa emocionante contra o relógio, em que o time alemão torcia para o tempo correr, para alcançar a sua classificação, e o espanhol buscava mais um gol, que o levaria para a decisão. A partir do segundo gol, o jogo, entre tempo normal e acréscimos, teve mais oito minutos, em que todos prenderam a respiração, pois a definição de quem se classificaria só iria se dar com o apito final do árbitro. O Borússia Dortmund conseguiu resistir bravamente, e é o primeiro finalista da Champions League. Ficará na espera para saber quem será o seu adversário na busca do título, se o Bayern de Munique ou o Barcelona. Tudo está a indicar que seja o Bayern, que goleou por 4 x 0 no primeiro jogo. A expectativa da maioria das pessoas não se confirmou. Em vez de uma decisão entre clubes espanhóis, deveremos ter um enfrentamento entre alemães. O Borússia Dortmund tem menos bagagem na competição do que Bayern e Barcelona, pois só venceu-a uma única vez, em 1997, enquanto os outros dois acumulam quatro cada um.. Seja qual for o campeão, contudo, a Champions League, por jogos como de o de hoje, mostra o porquê do seu prestígio e ajuda a explicar aos renitentes as razões pelas quais o futebol encanta multidões pelo mundo inteiro.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Iguais a todos os outros

O gaúcho é um povo que gosta de cultivar mitos. Vive a trombetear uma suposta superioridade sobre os demais brasileiros em vários aspectos. Na verdade, tudo não passa de mitomania e gabolice. O povo gaúcho não é melhor nem pior do que o de qualquer outra unidade da federação, é, apenas, mais pretensioso. Uma dessas tantas fantasias dava conta de que os gaúchos seriam, na política, mais éticos que os representantes de outras regiões do país. Nada mais falso. Os escândalos do selo e do Detran, ocorridos há alguns anos, e a Operação Concutare, da Polícia Federal, que determinou, hoje, a prisão de 18 pessoas, entre autoridades e empresários, pela venda de licenças ambientais, demonstram que os que habitam o Rio Grande do Sul em nada diferem dos moradores de outras localidades do país quando se trata de corrupção. Entre os que foram presos estão os secretários do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre, este último um notório ex-dirigente do Inter, Luiz Fernando Záchia. Um valor equivalente a mais de R$ 500 mil, em três diferentes moedas foi apreendido pela Polícia Federal na operação. Tomara que tudo seja apurado rigorosamente e que o povo não venha a se frustrar, logo adiante, com a liberação desses criminosos de colarinho branco, que, é claro, podem pagar bons advogados. O envolvimento de nomes conhecidos e de detentores de altos cargos em tais patifarias sempre choca a sociedade. O efeito concreto disso, no entanto, é que tais fatos servem para evidenciar que os malfeitos não estão circunscritos geograficamente, eles se espalham por todo o Brasil, ou seja, nesse como em tantos itens, os gaúchos são iguais a todos os outros. Uma constatação que pode decepcionar muitas pessoas, mas que mostra a realidade dos fatos, demolindo com a fanfarronice da superioridade ética dos gaúchos.

domingo, 28 de abril de 2013

Dever cumprido

O Inter ganhou do Veranópolis por 1 x 0, hoje á tarde, no Francisco Stédile, e está classificado para a decisão da Taça Farroupilha, contra o Juventude. Se ganhar do Juventude, no próximo domingo, será tricampeão gaúcho antecipadamente, pois já venceu a Taça Piratini. No jogo de hoje, o Inter apenas cumpriu o seu dever, e ganhou, como era esperado. A vitória magra, por apenas 1 x 0, com um golaço de Williams, foi suficiente para que o clube atingisse seu objetivo. O Veranópolis teve dois jogadores expulsos, mas a arbitragem agiu corretamente em ambas as situações. O Inter deverá ser tricampeão gaúcho no próximo domingo, sem surpresas. Há poucos dias, goleou o Juventude por 4 x 1, demonstrando a distância entre os dois times. Afora isso, o técnico do Juventude, Lisca, não faz questão de esconder sua condição de torcedor do Inter. Ao eliminar o Grêmio, ontem, Lisca declarou: "Ganhei deles de novo". Só os muito ingênuos, diante de uma declaração como essa, poderiam acreditar numa zebra.

sábado, 27 de abril de 2013

Morte anunciada

O Grêmio empatou em 1 x 1 com o Juventude, hoje à tarde, no Alfredo Jaconi, sendo derrotado nos tiros livres da marca do pênalti por 5 x 4, e foi eliminado da Taça Farroupilha, encerrando sua participação no Campeonato Gaúcho. Nada mais previsível. Um time que vinha de uma única vitória nos últimos sete jogos obtida com um gol contra, que finaliza pouco durante as partidas, que jogando em casa contra um adversário modestíssimo, o São Luiz, não conseguiu balançar as redes, mesmo contando com um homem a mais na maior parte do segundo tempo, que não se indigna com os maus resultados, permanecendo passivo em campo, não poderia ter alcançado melhor sorte. Sim, é verdade que o Grêmio jogou relativamente bem, hoje. Foi superior ao Juventude. Teve um gol legítimo de Vargas, aos 21 minutos do primeiro tempo, absurda e injustificadamente anulado. Porém, no jogo anterior, contra o São Luiz, um pênalti claro em favor do adversário deixou de ser marcado, e, na partida com o Fluminense, também na Arena, um gol de Rhayner foi erradamente anulado. Caso esses erros de arbitragem não tivessem ocorrido, o Grêmio teria sido eliminado do Gauchão com um jogo de antecedência, e já estaria fora da Libertadores. As razões da eliminação do Grêmio não estão fora do clube, e, sim, dentro dele. O trabalho do técnico Vanderlei Luxemburgo é ruim. Luxemburgo indica jogadores ultrapassados, como Dida e Cris, escala mal, substitui ainda pior, não dá padrão de jogo ao time. O Grêmio não tem jogadas ensaiadas, toca demasiada e improdutivamente a bola, abusando de passes laterais e, mesmo dispondo de grandes atacantes, chuta muito pouco ao gol. O time também carece da presença de um motivador no vestiário. Luxemburgo, sabidamente, não tem esse perfil. O preparador físico Paulo Paixão, que poderia cumprir esse papel, foi entregue de bandeja para o Inter, para que Luxemburgo mantivesse junto de si o seu amigo Antônio Melo. Não precisa ser adivinho para prever que o Grêmio também não terá vida longa na Libertadores. A campanha na primeira fase da competição já demonstra isso. O Grêmio tem um bom grupo de jogadores, isso ninguém nega. Para que desse grupo se forme um grande time, contudo, é preciso alterar o comando. Se nada for mudado, o Grêmio continuará indo do nada para lugar nenhum, como vem fazendo há 12 anos, prolongando, ainda mais, o sofrimento do seu torcedor.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A privatização da paixão

O futebol, já faz um bom tempo, transformou-se num negócio, uma indústria altamente rentável. Vai longe a época do "amor à camiseta". Transações de valores astronômicos e jogadores milionários tem sido a tônica desse esporte que mobiliza multidões. O torcedor, contudo, ainda tinha acesso aos jogos por preços relativamente razoáveis. Agora, isso também ficou para trás. As novas arenas, e os antigos estádios que estão sendo reformados no Brasil, estão levando a uma elitização do futebol. O roteiro seguido é o mesmo da privatização de outros setores. Argumenta-se que é preciso dar mais conforto e qualidade aos estádios, que o torcedor necessita ser melhor tratado, que não é aceitável que alguém assista a um jogo em pé ou em condições pouco favoráveis de visibilidade. Parte-se, então, para a construção ou reforma de estádios dentro do chamado "padrão Fifa". Logo a seguir, sob a alegação de que os clubes, ou o Estado, no caso de estádios públicos, não possuem recursos suficientes para tocarem a obra, é constituída uma empresa gestora, de capital privado, para administrar a arena. Finalmente, os novos monumentos em forma de estádio são inaugurados, e o que era sonho vira pesadelo. Em nome do "conforto", estádios tem sua capacidade reduzida a menos da metade da original, casos do Maracanã e do Mineirão. Vias de acesso deficientes, ingressos caríssimos, bilheterias em número insuficiente, serviços e infraestrutura de má qualidade caracterizam as novas arenas. O Mineirão tem sido um eloquente exemplo desse quadro. Tanto na sua reinauguração quanto no jogo de quarta-feira passada, entre Seleção Brasileira e Chile, o torcedor foi maltratado das mais diversas maneiras. Na reinauguração faltou até água no estádio. No jogo da Seleção foi vendida comida azeda para os torcedores. O capitalismo selvagem, que não poupa nada nem ninguém da sua voracidade, conseguiu chegar, agora, na privatização da paixão. Brandindo argumentos ocos como "modernidade", "novos tempos", e outras vacuidades do gênero, que tanto impressionam aos incautos, descaracterizou o esporte das multidões. Onde antes se erguiam estádios capazes de comportar até 150 mil pessoas, dispondo de várias localidades a preço baixo ou razoável, num espetáculo transbordante de emoção, agora foram construídas arenas para menos de 80 mil assistentes, em lugares marcados e caros, matando a alegria e a espontaneidade do ato de torcer. Como sempre acontece quando a iniciativa privada se envolve com alguma coisa, o povo é deixado do lado de fora da festa.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fim da ópera bufa

A Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros aceitaram, hoje, a colocação de barras anti-esmagamento no setor destinado à torcida Geral do Grêmio, na Arena. Por força do vedetismo das duas corporações, alimentado pela tentativa de "mostrar serviço" à sociedade após a tragédia de Santa Maria, o setor permaneceu interditado desde o dia 31 de janeiro, deixando 8.500 lugares do estádio desocupados, retirando do Grêmio o apoio precioso de torcedores e diminuindo a arrecadação da bilheteria. O incidente ocorrido no jogo contra a LDU, em que alguns gradis não resistiram à "avalanche", deixando torcedores feridos, foi maximizado pela imprensa e pelas autoridades, fazendo com que se cogitasse de colocar cadeiras também naquela localidade do estádio. Caso isso se confirmasse, seria uma péssima decisão, por vários aspectos. A colocação de cadeiras na Geral do Grêmio diminuiria a capacidade total do estádio. Afora isso, retiraria da Arena seu único setor com preços mais populares, colaborando para a elitização do estádio. As barras anti-esmagamento, infelizmente, impedirão o belo espetáculo da "avalanche", mas, pelo menos, os torcedores que gostam de assistir aos jogos em pé e pulando poderão fazê-lo. Ganham os jogos em emoção e o estádio se torna mais democrático. Pena que, por força da procrastinação da decisão sobre o assunto, a localidade só deva estar liberada em junho, pois a obra demanda tempo. Ainda bem que, dentro das circunstâncias, tomou-se a melhor decisão, e essa insuportável ópera bufa chegou ao fim.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vaia

A Seleção Brasileira foi vaiada e a torcida saudou o Chile com gritos de "olé", hoje à noite no Mineirão. Não era para menos. A Seleção não passou de um empate em 2 x 2 com o Chile, e Felipão, na sua volta ao cargo de técnico da equipe, até agora, só ganhou da fraquíssima Bolívia. O Chile saiu ganhando, a Seleção virou o jogo, com o segundo gol saindo de uma belíssima jogada tramada entre Ronaldinho, Jádson, Alexandre Pato e Neymar, que concluiu para as redes, mas Vargas fez um golaço decretando o empate que tornou o resultado mais justo. Ainda que se saiba que a Seleção não contava com os jogadores que atuam no exterior, e que o Chile tenha deixado uma boa impressão, a equipe brasileira tinha a obrigação de vencer, pois jogava em casa, para um público de mais de 53 mil pessoas, e conta com maiores valores individuais. Pelo que se viu no jogo, Réver, que inclusive marcou um gol, está merecendo uma convocação para a Seleção "quente", mas Ronaldinho é uma insistência de Felipão que não faz o menor sentido. Alexandre Pato destacou-se mais do que Leandro Damião. Neymar continua sem mostrar todo o seu potencial quando joga pela Seleção. A lateral-direita está carente de valores, mas é preferível escalar Marcos Rocha do que improvisar Jean. A Seleção continua deixando o torcedor muito preocupado. Seja a Seleção completa, ou apenas com jogadores que atuam no Brasil, as vitórias não estão acontecendo, e a Copa do Mundo de 2014 está se aproximando. As vaias, que já se fizeram ouvir quando terminou o primeiro tempo, e os cruéis gritos de "olé" em favor do Chile, demonstram que a paciência do torcedor com uma Seleção que não se afirma, está acabando.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Goleada impiedosa

O fato de Real Madrid e Barcelona terem a vantagem de fazerem os jogos de volta pelas semifinais da Champions League em casa, levou muitas pessoas a projetar uma decisão da competição entre os dois clubes. O raciocínio apressado não levou em conta, no caso do Barcelona, a qualidade do seu adversário, o Bayern de Munique, atual vice-campeão da Champions League. Afora, isso, o time espanhol já vinha dando sinais de queda no seu rendimento, tanto é assim que, na temporada 2011-2012 não conseguiu se classificar para a decisão do título mais cobiçado do futebol europeu, e o técnico Josep Guardiola, multicampeão pelo clube, deixou o cargo. Para o observador mais atento, o favoritismo no confronto deveria ser dado ao clube alemão. O que ninguém poderia imaginar, contudo, era que o Bayern goleasse o Barcelona impiedosamente, no primeiro jogo, por 4 x 0, como ocorreu, hoje, no Alianz Arena, o que faz com que a segunda partida se torne, praticamente, uma mera formalidade. Sim, é verdade que Messi entrou sem condições em campo, o que o transformou num jogador irreconhecível, mas com os valores que possui foi espantoso ver o Barcelona ser totalmente envolvido e não esboçar reação. O time espanhol não criou nenhuma chance de gol e poderia ter perdido o jogo por um placar muito mais elástico. Como já foi referido, o Barcelona já vinha dando sinais de desgaste desde o ano passado. Após ficar sem seu grande comandante de uma fase repleta de títulos, Guardiola, viu seu substituto, Tito Vilanova, ter de se afastar temporariamente para tratar-se de um câncer. A lesão de Messi, que vivia uma fase espetacular, talvez tenha sido a gota d'água para que o time entrasse num período de declínio. Seja como for, a história do futebol nos mostra que os supertimes não conseguem se manter nessa condição por muto tempo. Em geral, entre ascensão, apogeu e queda não transcorrem mais do que três anos. Uma série de fatores colabora para que haja um desgaste na estrutura vitoriosa, impedindo que a hegemonia se prolongue por muto tempo. Claro que o Barcelona ainda é um grande time, e não vai se tornar um coadjuvante nas competições de uma hora para a outra. Seu auge, no entanto, ao que tudo indica, já passou. Como todo o projeto exitoso, terá de se reciclar. No futebol, como na vida, conforme expressa o ditado, não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Futebol abaixo da crítica

O Grêmio empatou em 0 x 0 com o São Luiz, e venceu por 5 x 3 nos tiros livres da marca do pênalti, classificando-se para as semifinais da Taça Farroupilha, o segundo turno do Campeonato Gaúcho. No sábado, o Grêmio jogará contra o Juventude, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, e quem vencer, irá decidir o segundo turno com o ganhador de Inter e Veranópolis, que se enfrentarão, no domingo, no Francisco Stédile, na mesma cidade. Mesmo que tenha se classificado, o Grêmio jogou um péssimo futebol. Não há como aceitar que, jogando em casa, contra um adversário tão modesto, o Grêmio não consiga ganhar no tempo normal. O resultado só não foi pior porque o árbitro deixou de marcar um pênalti claro para o São Luiz, ainda no primeiro tempo. Para tornar o quadro ainda mais constrangedor, o São Luiz teve um jogador expulso, ficou cerca de 30 minutos com um homem a menos, e nem assim o Grêmio conseguiu marcar um gol. Pela enésima vez, o Grêmio foi um fracasso coletivo e também nas atuações individuais. Nem mesmo os desfalques servem como desculpa, até porque as estrelas que entraram em campo estiveram entre os jogadores de pior atuação, casos de Kléber e Barcos, por exemplo, atacantes que não chutam a gol. O Grêmio tem se mantido vivo nas competições que disputa, mas com um futebol abaixo da crítica. O torcedor, novamente, fez a sua parte. Mais de 16 mil pessoas foram ao jogo, numa segunda-feira à noite, mas o time continua a não retribuir esse carinho. A impressão que se tem é de que o Grêmio apenas se arrasta, rumando para eliminações que, cada vez mais, parecem inevitáveis.

domingo, 21 de abril de 2013

Ilusão fugaz

O Inter ganhou do Lajeadense, por 2 x 1, de virada, no Francisco Stédile, em Caxias do Sul, pelo Campeonato Gaúcho. O Lajeadense, um time bem montado, que só havia perdido um jogo em toda a competição, saiu ganhando por 1 x 0, resultado que se manteve até o final do primeiro tempo. Porém, logo aos 2 minutos do segundo tempo, sofreu o gol de empate e, poucos minutos depois, veio a virada. O que parecia uma confirmação da boa campanha, com a façanha de eliminar o Inter da Taça Farroupilha, o segundo turno do Gauchão, tornou-se, apenas, uma ilusão fugaz. O Inter, favorito natural, classificou-se para as semifinais do segundo turno, e, se vencê-lo, será tricampeão gaúcho automaticamente, sem a necessidade de uma decisão. O Inter está, portanto, a apenas dois jogos de conquistar o título de uma competição que segue enfadonha e sem surpresas.

sábado, 20 de abril de 2013

Ele é o cara

Como classificar um cantor e compositor que, aos 72 anos de idade e 52 de carreira, lança um disco, depois de cinco anos sem gravar, e vende mais de 1,2 milhão de cópias em plena crise da indústria fonográfica? O que dizer de alguém que ostenta a condição de segundo maior vendedor de discos da história da música brasileira, com 120 milhões de cópias? Me refiro, é claro, a Roberto Carlos, que, hoje, à noite, realizou um show para 50 mil pessoas na Arena do Grêmio. Durante duas horas, Roberto Carlos cantou e encantou a plateia. Com muitos sucessos em sua longa carreira, o repertório dos shows do "Rei" é sempre um desfile de músicas conhecidas, que levam o público a cantarolá-las. Roberto Carlos aniversariou ontem e, por isso, foi cantado o "Parabéns a você" e um bolo foi levado ao palco. Ele soprou as velinhas e ofereceu fatias do bolo para familiares, membros de sua equipe e algumas pessoas da plateia. A cada show de Roberto Carlos, a emoção se renova, mesmo diante de tantas músicas que atravessam o tempo. O título de seu mais recente sucesso é "Esse cara sou eu.". Sim, como se viu, mais uma vez, Roberto Carlos é o "cara". Numa idade em que a maioria das pessoas só vislumbra a aposentadoria, Roberto Carlos está em plena atividade profissional. Vindo, praticamente, todos os anos a Porto Alegre, é recebido, a cada show, como se fosse a primeira vez. Seu público é fiel e não se cansa de prestigiá-lo. Por certo, já está ansioso por sua próxima apresentação na cidade. Vida longa ao "Rei"!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O fim da privacidade

Todos nós, em algum momento, sentimos necessidade de nos evadirmos, de escapar ao burburinho próprio da existência para alguns instantes de recolhimento. Atualmente, contudo, isso parece cada vez mais difícil. A disseminação da tecnologia faz com que câmeras de vigilância estejam presentes em quase todos os locais. Em, praticamente, todos os lugares onde vamos, nos deparamos com um cartaz que expressa: "Sorria, você está sendo filmado". Conforme mostrado pelo programa "Globo Repórter", até mesmo zonas rurais com estradas de chão batido já contam com o auxílio das câmeras para fins de segurança. A violência dos dias atuais está por trás, é claro, de tamanha preocupação em vigiar os movimentos de todos, de maneira a prevenir ou punir eventuais transgressões, mas isso representa mais um fator de opressão na sociedade moderna, jã tão sufocada. O critério estabelecido para justificar tamanho aparato parece ser o de que todo mundo é suspeito até que se prove o contrário. O recurso de buscar dispersar-se em meio a multidão já não é mais possível. Os locais de grande aglomeração de público também são intensamente vigiados. Em estádios de futebol lotados por milhares de torcedores, por exemplo, as câmeras já tornam possível localizar qualquer pessoa. O mesmo se dá em parques, estradas, manifestações públicas, shows. Ao sairmos de casa, são raros os locais em que não estamos ao alcance de uma câmera. Se por um lado isso pode parecer positivo em nome do combate a violência e ao crime, em termos civilizatórios é algo assustador. Escravizados pelo medo e pela insegurança, renunciamos à privacidade, e eliminamos a sensação, tão desejável, por vezes, do anonimato. Estamos submetidos a uma superexposição que nos rouba o direito de ficarmos a sós com nossos próprios pensamentos, sem sermos observados. Ainda que em nome de uma maior segurança, pessoal e coletiva, é um preço demasiado alto a se pagar.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Classificação medíocre

O Grêmio empatou com o Huachipato em 1 x 1, no estádio CAP em Talcahuano (CHI), e está classificado para as oitavas de final da Libertadores, mas sua campanha, até aqui, na competição, deixa muito a desejar. A classificação só ocorreu devido ao melhor saldo de gols em relação ao Huachipato, pois, em pontos, ambos ficaram empatados. Ainda que seu adversário dessa noite seja o atual campeão chileno, não se justifica que, no confronto direto entre os dois clubes, o Grêmio tenha perdido um jogo e empatado o outro. Foram apenas oito pontos ganhos pelo Grêmio em seis jogos, com duas vitórias e igual número de empates e derrotas. Uma campanha medíocre. O próximo adversário do Grêmio na Libertadores será o Independiente de Santa Fé (COL), o único clube que ainda está invicto na competição, e o segundo e decisivo jogo será fora de casa. Para piorar, afora os jogadores que já estão lesionados, o Grêmio ainda teve as lesões de Adriano e Werley, e ficou sem Zé Roberto para a primeira partida contra o Independiente de Santa Fé, pois ele recebeu o terceiro cartão amarelo. Os mata-matas são uma nova etapa da competição, que nivela mais os disputantes. Ainda assim, o Grêmio precisará melhorar muito o seu futebol para ter algum futuro na Libertadores. No jogo dessa noite, depois de controlá-lo no primeiro tempo, e fazer 1 x 0 aos 30 minutos, o Grêmio recuou demais no segundo e sofreu um gol de falta aos 42 minutos que transformou o final da partida num drama. Há muitos gremistas que exaltam essas classificações sofridas como algo positivo, um lado épico do clube. Assim que o jogo terminou, os dirigentes enveredaram, justamente, por esse discurso de valorização do "heroísmo". Não penso assim. Um time tem de ser tão mais heroico quanto lhe faltem as condições naturais de imposição sobre seus adversários. O Grêmio, com o time que tem, e com os altos salários que paga, precisa jogar muito mais do que vem fazendo. Se não o fizer, o máximo que poderá obter é uma postergação de sua eliminação nas competições, mas não terá como ganhar títulos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Formulismo

A Libertadores é uma competição de grande charme e apelo, até porque concede ao seu vencedor a condição de disputar o Campeonato Mundial de Clubes, mas sua fórmula de disputa é muito ruim. Em primeiro lugar, ha excesso de participantes. Não há como fazer uma competição de alto nível técnico com 32 clubes, pois muitos deles são de pouca expressão no cenário do futebol. Esses 32 participantes são divididos em oito grupos de quatro clubes, dos quais se classificam para as oitavas de final os primeiros e segundos colocados de cada chave. Como os grupos são definidos por sorteio, sua composição é aleatória, com alguns concentrando clubes mais fortes e outros não. Ainda assim, para a definição dos enfrentamentos das oitavas de final, é levado em conta o número de pontos alcançado por cada clube na fase de grupos. O clube que mais pontuou entre os 16 classificados enfrenta o de pior pontuação, ou seja, o  primeiro colocado na classificação geral enfrenta o décimo-sexto, o segundo joga contra o décimo-quinto, e assim sucessivamente. Trata-se de um critério que não premia o desempenho dentro de campo. Afinal, o primeiro colocado na classificação geral pode ser, apenas, um clube que se beneficiou de entrar num grupo com adversários mais fracos, o que lhe possibilitou fazer um número maior de pontos. Por outro lado, a vantagem concedida aos melhores colocados não é tão expressiva. Ela consiste em jogar em casa as segundas partidas dos mata-matas, a partir das oitavas de final. A vitória do São Paulo por 2 x 0 sobre o Atlético Mineiro, hoje à noite, no Morumbi, que classificou o clube paulista para as oitavas de final, exemplifica bem essa situação. O São Paulo classificou-se com apenas 7 pontos, e ficou em décimo-sexto lugar na colocação geral, isto é, o último entre os que foram para a próxima fase da competição. O Atlético Mineiro, que até então havia ganho todos os seus jogos, ficou em primeiro lugar na classificação geral, mas, agora, fará um novo enfrentamento contra o São Paulo, em dois jogos, no qual seu único trunfo será fazer a segunda e decisiva partida em casa. Os defensores do formulismo dizem que ele proporciona mais emoção às competições. Pode até ser. Porém, o principal objetivo de uma competição deveria ser o de favorecer a prevalência da qualidade na definição de seu campeão. Os mata-matas, ao nivelarem adversários de desempenho desigual, não contribuem para isso.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Legitimidade

A vitória de Nicolás Maduro sobre Henrique Capriles na eleição para presidente da Venezuela, por uma diferença de votos de pouco mais de 1 %, gerou contestações quanto a legitimidade do resultado das urnas. Partidários e apoiadores de Capriles, e a imprensa conservadora, de dentro e de fora da Venezuela, fizeram insinuações de fraude e pediram recontagem dos votos. A Justiça venezuelana não acolheu tais pretensões e confirmou a vitória de Maduro. Alguns países, entre eles Estados Unidos e Espanha, ainda não reconheceram a legitimidade do novo governo. O Brasil, felizmente, não está entre eles. A escassa margem da vitória de Nicolás Maduro chama a atenção, mas não no sentido de insinuar a ocorrência de uma fraude. Ela só demonstra o óbvio, ou seja, de que Maduro não é Hugo Chávez. Carisma e apelo popular não são atributos que se possam transferir. Maduro é um herdeiro político de Chávez, mas seus predicados pessoais não se mostraram suficientes para ganhar a eleição por larga margem. Ainda assim, Maduro venceu. A pequena diferença de votos não deslegitima sua vitória. Na Venezuela, não há segundo turno. Logo, quem ganhar, ainda que por um voto de diferença, está eleito. Há alguns anos, o país que se diz exemplo de democracia, os Estados Unidos, elegeram um presidente, George Walker Bush, que fizera menos votos que seu concorrente, Al Gore. Tudo ficou por isso mesmo, e a imprensa conservadora não viu maior gravidade no ocorrido. O resultado da eleição venezuelana é um fato consumado. O desafio que se coloca diante de Maduro, contudo não pode ser ignorado. O presidente da Venezuela, conforme demonstram os números da eleição, não dispõe do apoio massivo alcançado por seu antecessor e mentor político, Hugo Chávez. Terá de governar para um eleitorado, praticamente, dividido ao meio entre situação e oposição. Prosseguir com o chavismo sem Chávez é a imensa tarefa que se coloca diante de Maduro.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Terrorismo

As explosões ocorridas no final da Maratona de Boston (EUA), que deixaram, até o momento em que escrevo esse texto, três mortos, afora vários feridos, já foram classificadas pelo FBI como uma ação terrorista. Passados quase 12 anos dos atentados às torres gêmeas e ao Pentágono, a ameaça terrorista contra o mais poderoso país do mundo volta a concentrar as atenções. Preparemo-nos, portanto, para, nos próximos dias, sermos bombardeados por uma cobertura massiva em torno do assunto. Atos terroristas acontecem, quase diariamente, em várias partes do mundo. No entanto, quando o fato ocorre em território americano, sua repercussão é multiplicada. Não estou a desdenhar da gravidade do que ocorreu hoje, longe disso. Apenas me incomoda a diferença de tratamento para a mesma situação, dependendo do local onde se dê o fato. Em geral, as pessoas recebem com indiferença as notícias sobre atentados terroristas em regiões menos charmosas do mundo, mas se chocam se eles acontecem nos Estados Unidos, mesmo que com um número de vítimas bem menor. Parece que a vida humana sobe ou desce de cotação conforme o local onde se esteja. Lamento o ocorrido em Boston, e  me solidarizo com as famílias das vítimas, mas não acho que devamos nos sensibilizar mais com esse fato do que com outros idênticos em outras partes da Terra. O terrorismo é condenável sempre. A dor das vítimas não é maior ou menor em função de onde seja praticado o atentado. A violência, infelizmente, é uma manifestação humana que se faz presente em todos os tempos, em qualquer lugar. Dela, ninguém está a salvo, nem o mais poderoso país do mundo.

domingo, 14 de abril de 2013

Contrastes

Os jogos de Grêmio e Inter, na tarde de hoje, pelo Campeonato Gaúcho, não poderiam ter sido mais contrastantes. No Estádio do Vale, o Grêmio não passou de um empate em 0 x 0 com o Novo Hamburgo, em mais uma péssima atuação. Como tem ocorrido a cada jogo, o Grêmio foi mal coletivamente e não teve destaques individuais. O resultado só não foi pior porque o árbitro Fabrício Neves Corrêa deixou de marcar um pênalti claro cometido por Cris, que usou um dos braços para controlar a bola. Aliás, Cris, em vez de punido por sua expulsão irresponsável diante do Fluminense, foi brindado com a faixa de capitão no jogo de hoje, numa atitude inaceitável do técnico Vanderlei Luxemburgo. Se dentro de campo o Grêmio foi mal, fora dele não foi melhor. Vanderlei Luxemburgo e Kléber, em entrevistas após o jogo, foram muito infelizes. O treinador admitiu que o time foi mal técnica e taticamente, mas ao elogiar o Corinthians e o Palmeiras, que mantiveram seus técnicos depois de resultados ruins, pareceu estar se "vacinando" contra um possível fracasso diante do Huachipato, quinta-feira, pela Libertadores. Kléber criticou Marcelo Moreno abertamente, condenando sua declaração de que queria ver qual dos atacantes atuais do Grêmio marcaria 22 gols, como ele fez em 2012. A fala de Marcelo Moreno foi, sem dúvida, desastrada, mas Kléber em nada ajudou o Grêmio pondo mais lenha nessa fogueira. Pelo que se viu e ouviu dentro e fora de campo, o Grêmio vai para um jogo decisivo em más condições técnicas e anímicas, causando grande apreensão em sua torcida. Por outro lado, na Arena Alviazul, jogando como mandante, o Inter goleou o Juventude por 4 x 1. O primeiro gol do Inter aconteceu logo a um minuto de jogo. O Inter sofreu o gol de empate, teve um anulado pouco depois, mas, ainda assim, chegou à goleada. Enquanto o ataque do Grêmio, seja qual for a sua formação, não consegue fazer gols, o Inter contou, mais uma vez, com a eficiência de seus artilheiros. Diego Forlán marcou dois gols, e Leandro Damião fez um. Os dois mostraram grande entendimento, buscando servir quem estivesse melhor colocado para a conclusão ao gol, sem ser "fominha". Grêmio e Inter estão classificados para a fase decisiva da Taça Farroupilha, o segundo turno do Gauchão. Ambos ficaram em primeiro lugar nos seus grupos. Porém, o ambiente em cada clube é muito diferente. Enquanto no Inter percebe-se mobilização e confiança, no Grêmio prevalece a desarmonia e a insegurança quanto ao futuro.

sábado, 13 de abril de 2013

A escalada da violência

Não há como negar que a violência atingiu níveis altíssimos no Brasil. Ela se espalha por todos os lugares. Se os grandes centros convivem com ela há muito tempo, também as pequenas comunidades passaram a ser  assoladas por episódios de brutalidade. A sociedade, assustada, sai em busca de soluções. Como não poderia deixar de ser, o simplismo e o imediatismo caracterizam as proposições em torno do assunto. Mais uma vez, por exemplo, sugere-se a redução da maioridade penal como uma das formas de atacar a questão da violência. A ideia, prevalente em muitas pessoas, é a de que se há aumento da violência é porque existe frouxidão das autoridades, leniência das leis, impunidade, falta de "pulso" para "enquadrar" os criminosos. Em relação à redução da maioridade penal, o que se argumenta é que se, aos 16 anos, um jovem já pode votar, ele também deve responder pelos seus atos. Se alguém se opõe a tais argumentos, logo ouve, em tom provocativo: "Ah, tu é da turma dos direitos humanos"? Ou ainda: "Já sei, vais dizer que a causa da violência é a desigualdade social". A violência não tem apenas uma, mas várias causas. Elas precisam ser devidamente identificadas, para que possam ser combatidas. Para que se entenda melhor esse aspecto, podemos comparar a escalada da violência com uma febre alta que se abata sobre uma pessoa. A primeira providência, é óbvio, será tomar um antitérmico, para eliminar a febre. Feito isso, contudo, será necessário investigar o que causou a febre, já que ela é apenas um sintoma, não a doença em si. Se tal não for feito, chegará um momento em que o remédio não dará mais conta de debelar a febre, e a pessoa morrerá de uma infecção generalizada. Aumentar a repressão, endurecer a lei penal, e outras medidas do gênero, são ações que tratam apenas dos efeitos, sem buscar as causas. Entre as razões para o aumento da violência estão o culto ao consumismo desenfreado e o empobrecimento das relações pessoais. Com a hegemonia mundial do capitalismo, o ser humano foi reduzido a condição de consumidor e destituído da dignidade que lhe é própria. Só o que importa é adquirir bens e objetos, acumular dinheiro, "se dar bem". Mergulhados nesse caldo de cultura, muitos optam, diante da falta de perspectivas concretas para obter esse padrão de vida almejado, pela via do crime. Claro, medidas de combate e repressão ás ações criminosas não podem, em qualquer época, deixar de serem tomadas. Porém, quando a violência aumenta de maneira significativa é preciso um choque civilizatório. A humanidade, como um todo, precisa repensar os seus valores. Caso contrário, irá aumentar, progressivamente, a dose do antitérmico, até morrer vitimada por uma doença que se recusou a tratar.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Grandes duelos

Pela primeira vez na história da competição, a Champions League teve seus confrontos das semifinais definidos por sorteio, realizado hoje. Os enfrentamentos serão entre Bayern de Munique x Barcelona, e Real Madrid e Borússia Dortmund. Todos os quatro clubes já venceram a competição anteriormente, o que dá a disputa uma condição de alto nível. Pela primeira vez, também, apenas dois países se fazem representar nas semifinais, Espanha e Alemanha. Real Madrid e Barcelona, que, já há algum tempo, tornaram-se os dois clubes mais poderosos do futebol europeu, terão a grande chance de realizar uma final histórica num confronto direto, já que decidirão suas classificações em casa contra os representantes alemães. Serão jogos emocionantes, com estádios lotados, e assistidos por milhões de pessoas, no mundo inteiro, pela televisão. Todos os quatro clubes possuem grandes credenciais. O Real Madrid é o clube que mais vezes foi campeão da Champions League, com nove títulos. O Bayern de Munique tem quatro títulos da competição, e acaba de ganhar o Campeonato Alemão com seis rodadas de antecipação. O Barcelona, melhor time do mundo nos últimos anos, é o virtual campeão espanhol. O Borússia Dortmund foi bicampeão alemão nas temporadas 2010/2011 e 2011/2012. Em  campo estarão jogadores como Cristiano Ronaldo e Benzema, do Real Madrid,  Messi e Iniesta, do Barcelona, Robben e Ribéry, do Bayern, Lewandovsky, do Borússia Dortmund. Imperdível. Em termos de prognóstico, acho que, embora a tendência aparente de uma decisão entre os espanhóis, ela não se confirmará. Aposto numa decisão entre Real Madrid e Bayern de Munique, com vitória do clube espanhol.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Aliança escusa

O crescimento das chamadas igrejas evangélicas ou neopentecostais, no Brasil, é evidente, nos últimos anos. Antes com um número pouco expressivo de adeptos, expandiram a quantidade de seus seguidores. Aproveitando-se da crise de identidade da ainda majoritária Igreja Católica, foram ampliando sua presença. Para isso, utilizaram-se, fortemente, da mídia. Afora emissoras próprias de rádio e tv, compram espaços nas principais redes, para fazer seu proselitismo. A intenção de seus líderes, nada inocente e inaceitável num país laico, é tomar parte nas decisões de cunho político, impondo ao conjunto da sociedade sua visão sectária, preconceituosa, reducionista e obtusa a respeito de temas comportamentais. A escalada dos evangélicos tornou-se ainda mais saliente com a escolha do deputado federal, e pastor da Assembleia de Deus, Marco Feliciano (PSC-SP) para presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Os setores mais conscientes da sociedade, imediatamente, se manifestaram contra sua investidura no cargo. O deputado e pastor, a cada declaração, demonstra a sua total inabilitação para a função, com um discurso obscurantista. Estranhamente, num momento em que milhões de vozes se levantam contra Feliciano, a maior rede de comunicação do país, a Globo, noticiou, hoje, com destaque, em seus espaços na tv e internet, a reeleição do pastor José Wellington para presidente nacional da Assembleia de Deus. Nunca antes, a eleição de alguém para semelhante posto foi objeto de cobertura jornalística. O fato evidencia uma aliança de objetivos pouco nobres, e perniciosa para os interesses da sociedade, entre a Globo e os evangélicos. Dinheiro, sabe-se, não é problema para tais igrejas, que recolhem grandes quantias, a título de dízimo, dadas pelos incautos que aliciam. Esse mesmo dinheiro está levando a Globo a comprometer a sua já tão abalada credibilidade com a inclusão em seu conteúdo jornalístico de uma notícia sem relevância para o público. Uma situação que só não é percebida pelos distraídos ou muito inocentes. Fatos como esse devem servir de reflexão para aqueles que reagem a qualquer tentativa de disciplinar a atuação dos meios de comunicação como uma "ameaça a liberdade de expressão". O que aconteceu, hoje, não tenho dúvida, caracteriza-se como venda de espaço editorial, uma atitude eticamente inaceitável e de consequências perversas para a opinião pública. O Brasil é um país laico, e que vem tendo apreciáveis avanços no campo social. O arcaísmo das posições evangélicas em nada contribuem com essa saudável evolução. Uma aliança entre essas igrejas e a mais poderosa rede de comunicação do país é um fato escandaloso, que não pode passar em branco. Exige, afora o natural repúdio das mentes mais esclarecidas, uma tomada de posição do governo. Liberdade de expressão é uma coisa, traficar espaço editorial é bem outra.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Decepção

O Grêmio empatou com o Fluminense em 0 x 0, hoje à noite, na Arena, pela Libertadores. Mesmo que se saiba que o jogo não era inteiramente decisivo, pois o Grêmio precisa marcar pontos na última partida, contra o Huachipato, fora de casa, o resultado foi decepcionante. Mais uma vez, o Grêmio se mostrou um time sem soluções, que toca demasiadamente a bola sem objetividade, facilitando a tarefa defensiva dos adversários. Como se não bastasse mais uma pífia atuação do Grêmio, o zagueiro Cris, no final do primeiro tempo, foi expulso por uma jogada violenta, comprometendo, ainda mais, as possibilidades do time na partida. Foi mais um dado a comprometer a trajetória de Cris no Grêmio, pois o jogador, até agora, não disse ao que veio. Outros nomes, contudo, também estiveram muito apagados. O ataque inexistiu, pois Vargas e Barcos tiveram péssimas atuações. Zé Roberto voltou a jogar para os lados, os laterais foram muito tímidos no apoio. Agora, o Grêmio vai para um jogo, contra o Huachipato, fora de casa, em que não pode perder. Com o futebol que vem apresentando, não dá nenhuma confiança de que possa evitar a eliminação.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Os defensores do golpe

No dia 31 de março completaram-se 49 anos do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart e jogou o Brasil nas trevas de uma ditadura assassina que durou 21 anos. Um regime espúrio que indicava presidentes e governadores a revelia da vontade popular, cassava mandatos de políticos de oposição, perseguia, torturava e matava quem a ele se opusesse. Incrivelmente, ainda hoje, há quem exalte e defenda esse período deprimente da história do país. Há alguns meses, uma jovem gaúcha propôs a recriação da Arena, o partido de sustentação do ilegítimo governo militar, ideia que recebeu apoio de muitas pessoas. Uma reportagem levada ao ar ontem no programa CQC, da Rede Bandeirantes, foi exemplar na demonstração dos tipos humanos que defendem o golpe de 64. O programa entrevistou oficiais da reserva que comemoravam a passagem de mais um aniversário da quartelada de 64. Um espetáculo grotesco, patético. Os entrevistados eram todos homens de provecta idade, em adiantado estado de senilidade. Figuras que mal se sustentam sobre as próprias pernas, de raciocínio lento e fala vacilante, repetindo a velha cantilena de que o espúrio golpe livrou o Brasil de uma ditadura comunista, negando a existência de torturas praticadas pelo regime, e, até mesmo, defendendo a ideia de que está na hora de os militares voltarem para restituir a ordem, pôr fim à corrupção, fechar o Congresso Nacional. Tamanha é a decrepitude física e mental desses homens, que poderiam até inspirar pena. Porém, não devemos ceder a impulsos sentimentais dessa ordem. Eles, em que pese sua aparência frágil, não são velhinhos inocentes. São os carrascos da liberdade e da democracia. São a personificação da estupidez e da vacuidade moral do regime golpista. Merecem o desprezo permanente, não a piedade.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A morte da Dama de Ferro

Margareth Thatcher morreu, hoje, aos 87 anos. Sua saúde já vinha debilitada desde 2002, e um AVC tirou-lhe a vida. Por uma questão de princípios, jamais me regozijo com a morte de qualquer pessoa. Não quero o mal dos outros, nem mesmo das pessoas mais vis e asquerosas. A doença e a morte sempre me impactam, e não as desejo para ninguém. Esclarecido esse aspecto, coloco muito claramente minha opinião sobre a ex-primeira-ministra da Inglaterra. Foi uma governante que reuniu tudo que pode haver de pior num político. Entres suas características estavam a insensibilidade social, o desprezo aos mais pobres, o desapreço pela democracia, a amizade com ditadores sanguinários, a opção pelo estado mínimo, que privatiza os lucros e socializa os prejuízos. Para se ter uma ideia de sua visão de mundo, basta destacar que Thatcher era amiga de Augusto Pinochet, o golpista ditador e assassino do Chile, e execrava o venerável Nélson Mandela, ex-presidente da África do Sul. Junto com Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos, Margareth Thatcher empenhou-se pelo fim do bloco comunista. O esfacelamento da União Soviética e a queda do Muro de Berlim foram saudados como o fim de uma era e o início de novos tempos. As consequências práticas da quebra da dicotomia entre comunismo e capitalismo, contudo, foram as piores possíveis. Em vez de um mundo dividido entre dois pólos ideológicos, estabeleceu-se um "samba de uma nota só" em que o capitalismo em sua forma mais selvagem e desumana passou a dar as cartas. A crise econômica que, desde 2008, varre os Estados Unidos e a Europa é a demonstração flagrante da inviabilidade dos preceitos neoliberais. A imprensa conservadora, os banqueiros, os empreiteiros, os donos de grandes fortunas, por certo, tecerão grandes homenagens a Thatcher. Porém, o que ela merece mesmo é o esquecimento. Thatcher pertence a um grupo onde se encontram o já citado Reagan e George W. Bush, outro ex-presidente americano, o dos governantes que reúnem, a um só tempo, autoritarismo, cinismo, insensibilidade, elitismo. O lugar de tais figuras é o rodapé da história, pois não deixarão saudade.

domingo, 7 de abril de 2013

Derrota

O Inter perdeu para o Veranópolis por 1 x 0, hoje à tarde, no Antônio David Farina, pelo Campeonato Gaúcho. Foi a segunda derrota do Inter no Gauchão, a primeira com o seu time titular. O Inter tomou um gol cedo, dominou inteiramente o jogo, mas não conseguiu sequer o empate. Nenhum jogador do Inter se destacou individualmente. Alguns, como Dátolo e Rafael Moura, tiveram péssimo desempenho. Outros como Williams e D"Alessandro chamaram  a atenção apenas pela irritação com a arbitragem. A arbitragem, por sinal, foi um capítulo à parte. O árbitro Fabrício Neves Corrêa expulsou um jogador do Veranópolis, deu injustificáveis cinco minutos de acréscimo e, incrivelmente, evitou uma possível briga de D'Alessandro com adversários, afastando-o com um empurrão. Uma atitude inusitada e inexplicável, pois não cabe ao árbitro impedir um jogador de envolver-se em confusões, e sim puni-lo adequadamente caso isso aconteça. O Inter vem jogando mal há muitas partidas. A diferença é que o time vinha ganhando mesmo assim, e, agora, perdeu. Pelos que se está vendo até o momento, quando enfrentar jogos de maior nível de exigência, o que ainda não ocorreu em 2014, o Inter terá muitas dificuldades.

Futebol pífio

O Grêmio venceu o Cerâmica, de Gravataí, por 1 x 0, ontem à noite, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. A atuação do time, contudo, foi, mais uma vez lastimável. Poucas coisas são mais desagradáveis, ultimamente, do que assistir aos jogos do Grêmio. Mesmo contando com grandes jogadores em seu grupo, o Grêmio repete, a cada partida, um futebol pífio, sem ânimo, coletivamente pobre e sem atuações individuais destacadas. O técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, está há um ano e dois meses no cargo e ganha um grande salário. A folha de pagamento do clube, especula-se, chega a R$ 10,5 milhões. Ainda assim, nada se vê em campo que justifique tamanhos gastos. O argumento de que está sendo priorizada a disputa da Libertadores não passa de uma desculpa. Se isso fosse verdadeiro, o Grêmio não estaria numa situação aflitiva na competição continental, tendo perdido dois dos quatro jogos que fez até agora, para os fracos Huachipato e Caracas. A verdade é que, tanto nos jogos do Gauchão, quanto nos da Libertadores, o futebol do Grêmio tem deixado muito a desejar. As perspectivas do Grêmio, nas duas competições, não parecem ser promissoras.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A nova face do Brasil

Duas manifestações públicas, ocorridas nessa semana, de personalidades do meio musical, repercutiram fortemente junto ao público, e mostraram, para desconsolo dos conservadores, a nova face do Brasil, muito menos afeita ao ranço e ao preconceito. A primeira a manifestar-se foi a cantora Joelma, da Banda Calypso, adepta de uma igreja evangélica, que comparou os homossexuais a drogados, entre outras observações de cunho homofóbico. Suas declarações tiveram repercussão imediata, sendo muito mal recebidas pela maioria das pessoas. Joelma, ao perceber o impacto negativo do que dissera, tentou se retratar, sem êxito. Entre outras consequências de suas afirmações, o marido de Joelma, Chimbinha, seu companheiro na Banda Calypso, entrou em depressão e procurou ajuda de um psiquiatra, e o filme que ira ser produzido sobre o grupo foi cancelado. Dias depois, outra cantora agitaria o país com uma declaração. Daniela Mercury, mãe de cinco filhos, dois biológicos e três adotados, e que, em novembro, terminara um casamento, assumiu que está vivendo um relacionamento amoroso com uma mulher. A repercussão do que disse Daniela foi bem diferente em relação ao que falou Joelma. Várias mensagens de apoio a Daniela, tanto de anônimos quanto de famosos, surgiram, rapidamente, nas redes sociais. A coragem de Daniela em assumir sua bissexualidade, sem hipocrisias, foi vista com bons olhos pela maioria das pessoas. Claro que há muitas pessoas que partilham das posturas homofóbicas de Joelma e que condenam veementemente o comportamento de Daniela Mercury, mas elas já não são preponderantes. Seus berros são abafados pelas vozes, em bem maior número, dos que não mais toleram o obscurantismo e o falso moralismo disfarçados de princípios religiosos. Os dois fatos, acontecidos numa mesma semana, evidenciam um embate que se trava, nesse momento, na sociedade brasileira, entre os defensores do atraso e do medievalismo contra os arautos de novos tempos, plenos de liberdade. As reações verificadas na opinião pública não deixam dúvidas de qual grupo sairá vencedor dessa disputa. O Brasil ainda tem muto o que avançar como sociedade, mas já exibe uma nova face. Nela, não há mais futuro para quem aposta na discriminação, na segregação, no ódio e no preconceito. Os que desfraldam tais bandeiras continuarão a gritar seus impropérios, mas serão cada vez menos ouvidos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Objetivo alcançado

O Inter venceu o Rio Branco do Acre por 2 x 0, hoje à noite, na Arena da Floresta, em sua estreia na Copa do Brasil. Com a vitória por dois gols de diferença na casa do adversário o Inter eliminou a necessidade do segundo jogo, alcançando o seu objetivo de ganhar uma folga maior no calendário. Ainda que tenha vencido, o Inter não jogou bem. A vitória só veio no segundo tempo, depois da entrada de Caio no lugar de Rafael Moura. Em sua primeira intervenção no jogo, Caio fez 1 x 0. Nos acréscimos, Caio simulou um pênalti, que foi marcado pelo árbitro. Diego Forlán cobrou e fez 2 x 0, classificando o Inter para a próxima fase da Copa do Brasil. Curiosamente, ao se livrar do segundo jogo contra o Rio Branco, o Inter sofreu dois sérios prejuízos. Como Leandro Damião ainda tem um jogo de suspensão para cumprir, ele ficará ausente do primeiro jogo da próxima fase. O mesmo acontecerá com D'Alessandro, que foi expulso hoje. Caso ocorresse o segundo jogo contra o Rio Branco, ambos cumpririam a suspensão nessa partida. O próximo adversário do Inter, provavelmente, será o Santa Cruz (PE), que ganhou o primeiro jogo contra o Guarani de Juazeiro (CE), fora de casa, por 2 x 1. Mesmo que o Santa Cruz não seja um grande time, exigirá do Inter bem mais do que fez o Rio Branco. Por isso, convém ao Inter melhorar bastante o seu futebol, que, contra o Rio Branco, deixou muito a desejar.

Convocações inesperadas

O técnico da Seleção Brasileira, Luís Felipe Scolari, convocou, ontem, 18 jogadores para o amistoso do próximo sábado, em La Paz, contra a Bolívia. Mesmo sendo um jogo de caráter diplomático, em função da morte do adolescente boliviano Kevin Spada, atingido por um sinalizador disparado por um torcedor corintiano, na partida San José x Corinthians, em Oruro (BOL), pela Libertadores 2013, a convocação trouxe surpresas. Felipão chamou apenas 18 jogadores, todos eles de clubes brasileiros, e incluiu quatro nomes da Seleção Brasileira Sub-20 que fez péssima campanha no recente Campeonato Sul-Americano da categoria, no qual foi eliminada na primeira fase. O goleiro Mateus Vidotto, do Corinthians, o lateral Douglas Santos, do Náutico, o zagueiro Dória, do Botafogo, e o atacante Leandro, emprestado pelo Grêmio ao Palmeiras, são os quatro jogadores em questão. Ainda que seja um jogo amistoso, contra um adversário tecnicamente fraco, é de se perguntar qual a razão da chamada dos quatro garotos, e que proveito isso poderá trazer para uma Seleção Brasileira que corre contra o tempo para formar uma equipe confiável para a Copa do Mundo de 2014. Entre os demais convocados, a insistência com Jean, do Fluminense, um volante de nível apenas mediano, e o retorno de Ronaldinho, do Atlético Mineiro, merecem reparos. O destaque positivo fica para os retornos do goleiro Jefferson, do Botafogo, do lateral-esquerdo André Santos, do Grêmio, do volante Arouca, do Santos, e do centroavante Leandro Damião, do Inter. A convocação de Alexandre Pato, do Corinthians, é discutível, já que o jogador teve uma carreira, até aqui, marcada por um número excessivo de lesões e por um futebol muito abaixo do que se esperava quando iniciou sua trajetória. Seja como for, do ponto de vista técnico, esse é um jogo que, pela fragilidade da Bolívia, pouco servirá como teste para a Seleção Brasileira.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A luta contra o obscurantismo

Por incrível que pareça, um dos grandes desafios dos dias atuais é a luta contra o obscurantismo. Vivemos num tempo de avanços científicos prodigiosos, mas as forças do atraso se movimentam com grande desenvoltura. As chamadas igrejas evangélicas vão ganhando cada vez mais adeptos, e propagando suas mensagens carregadas de irracionalidade, preconceitos, intolerância e exploração da ingenuidade dos incautos. O biólogo britânico Richard Dawkins é uma das mais notáveis personalidades no combate às forças promotoras do misticismo e do culto ao "sobrenatural". Dawkins vende milhões de exemplares de seus livros, que, é claro, sempre geram muita polêmica. Suas palestras sempre atraem um grande público. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Dawkins afirmou que é possível se ter uma vida correta e seguindo critérios éticos sem estar ligado a nenhuma religião. Também declarou que os países com maior número de ateus são os que apresentam mais alto grau de desenvolvimento e bem estar social. Perguntado sobre o que explicaria a propensão de tantas pessoas à religiosidade, Dawkins considera que isso se deve ao medo de estar só diante de uma realidade hostil. Destacou, também, uma tendência, própria das crianças, de sempre procurar uma resposta para todos os fatos. A permanência dessa característica infantil, em muitas pessoas, na idade adulta, resulta na busca dessas respostas pela religião. Porém, como brilhantemente argumenta Dawkins, o fato de não se ter uma resposta para alguma pergunta, não significa que ela não exista, mas que se está em busca dela. Particularmente, esse é o ponto da entrevista que quero destacar. Há muito tempo entendo que um dos grandes trunfos das religiões é fornecer respostas para tudo, mesmo que, na quase totalidade das vezes, sejam totalmente estapafúrdias. Afinal, essa característica vem ao encontro da expectativa e da angústia das pessoas, que sempre desejam saber o porquê dos fatos, principalmente quando abatidas por infortúnios. Acontece que o que é inexplicável hoje poderá ser desvendado no futuro. A caminhada humana na história é marcada pela evolução. O que hoje é banal, um dia já foi um mistério aparentemente inextrincável. As "respostas" fornecidas pela religião nada contribuem para o avanço da sociedade. Dawkins contesta, também a ideia de que se deve respeitar as diferentes crenças. Para o biólogo, não se pode respeitar crenças que se chocam com o consenso científico. Concordo plenamente. A construção de um mundo melhor passa, necessariamente, pelo apreço à racionalidade e o abandono do escapismo próprio das religiões e seitas.