terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A injustiça como regra

O tema está longe de ser original, eu sei, mas é pertinente. No Brasil, de forma usual, o poder Judiciário age com rigor para com os despossuídos, e com leniência para os mais abastados. Isso se comprova, mais uma vez, com o caso referente a um acidente de trânsito, ocorrido no dia 1º de janeiro, numa rodovia do Rio Grande do Sul, no município de Xangri-lá. Um carro dirigido por uma modelo brasileira radicada em Portugal, que estava embriagada e sem carteira de habilitação, colidiu com dois outros carros, um deles um táxi, causando a morte de seus condutores, uma jovem de 27 anos, e o taxista, já sexagenário. O carro dirigido pela modelo pertence a  um amigo da mesma, vereador num município do litoral gaúcho, que, como ela, tem 27 anos. Os dois foram autuados em flagrante e conduzidos a um hospital para cuidar de seus ferimentos. Após obterem alta médica deveriam ser recolhidos a um presídio, mas uma decisão judicial já lhes garantiu que respondam ao processo em liberdade. Assim é a Justiça brasileira. Pune com rigor os praticantes de pequenos furtos, ou outras ilicitudes de pouca monta. Já quando se trata de pessoas com alguma influência, capazes de contarem com bons advogados,  a impunidade é o procedimento mais comum. Com base em argumentos do mais puro "juridiquês" ou em falsos conceitos de defesa dos direitos do cidadão, permite-se que pessoas que cometeram crimes por uma conduta temerária e irresponsável, como no caso da modelo embriagada e sem carteira de habilitação e seu amigo que lhe cedeu o volante, ceifem vidas sem que sejam privados de sua liberdade. Enquanto isso, uma mãe deixa órfão o seu filho de apenas 7 anos, e um pai de família humilde e trabalhador é arrancado do convívio dos seus. No Brasil, ontem e hoje, a justiça é uma exceção, a injustiça é uma regra. Tomara que, no futuro, mesmo que distante, isso venha a mudar. Sem isso, continuaremos a ser um país que cresce economicamente, mas que continua estagnado no seu processo civilizatório,