terça-feira, 23 de abril de 2013

Goleada impiedosa

O fato de Real Madrid e Barcelona terem a vantagem de fazerem os jogos de volta pelas semifinais da Champions League em casa, levou muitas pessoas a projetar uma decisão da competição entre os dois clubes. O raciocínio apressado não levou em conta, no caso do Barcelona, a qualidade do seu adversário, o Bayern de Munique, atual vice-campeão da Champions League. Afora, isso, o time espanhol já vinha dando sinais de queda no seu rendimento, tanto é assim que, na temporada 2011-2012 não conseguiu se classificar para a decisão do título mais cobiçado do futebol europeu, e o técnico Josep Guardiola, multicampeão pelo clube, deixou o cargo. Para o observador mais atento, o favoritismo no confronto deveria ser dado ao clube alemão. O que ninguém poderia imaginar, contudo, era que o Bayern goleasse o Barcelona impiedosamente, no primeiro jogo, por 4 x 0, como ocorreu, hoje, no Alianz Arena, o que faz com que a segunda partida se torne, praticamente, uma mera formalidade. Sim, é verdade que Messi entrou sem condições em campo, o que o transformou num jogador irreconhecível, mas com os valores que possui foi espantoso ver o Barcelona ser totalmente envolvido e não esboçar reação. O time espanhol não criou nenhuma chance de gol e poderia ter perdido o jogo por um placar muito mais elástico. Como já foi referido, o Barcelona já vinha dando sinais de desgaste desde o ano passado. Após ficar sem seu grande comandante de uma fase repleta de títulos, Guardiola, viu seu substituto, Tito Vilanova, ter de se afastar temporariamente para tratar-se de um câncer. A lesão de Messi, que vivia uma fase espetacular, talvez tenha sido a gota d'água para que o time entrasse num período de declínio. Seja como for, a história do futebol nos mostra que os supertimes não conseguem se manter nessa condição por muto tempo. Em geral, entre ascensão, apogeu e queda não transcorrem mais do que três anos. Uma série de fatores colabora para que haja um desgaste na estrutura vitoriosa, impedindo que a hegemonia se prolongue por muto tempo. Claro que o Barcelona ainda é um grande time, e não vai se tornar um coadjuvante nas competições de uma hora para a outra. Seu auge, no entanto, ao que tudo indica, já passou. Como todo o projeto exitoso, terá de se reciclar. No futebol, como na vida, conforme expressa o ditado, não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.