terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os descaminhos do ensino brasileiro

O ensino, no Brasil, vive o agravamento de uma crise iniciada há muitos anos. A rigor, desde a malfadada reforma realizada em 1971, em pleno regime militar, pelo então ministro da Educação, Jarbas Passarinho, o nível do ensino no país só faz decair. Agora, o sindicato dos professores do Rio Grande do Sul, Cpers, na palavra de sua presidente, Rejane de Oliveira, alerta para mais uma medida que poderá ser danosa aos interesses dos estudantes. Trata-se da reforma do Ensino Médio no Rio Grande do Sul, que dará ênfase, nas escolas públicas, ao ensino profissionalizante. Rejane considera que a medida ampliará a desigualdade no Estado, pois entende que os estudantes das escolas públicas serão preparados para se tornarem mão de obra barata das empresas, enquanto as instituições privadas têm o o foco na parte intelectual do seu aluno. A presidente do Cpers diz que a proposta não vai preparar o aluno da rede pública para o mercado de trabalho e tampouco para disputar um lugar na universidade, pois o ensino profissionalizante será insuficiente e haverá, também, menos tempo dedicado às matérias essenciais. Parece incrível, mas enquanto outros países possuem uma metodologia de ensino alicerçada ao longo do tempo, fazendo, é claro, as necessárias adaptações às novas realidades, o Brasil parece estar num permanente experimentalismo. Isso, é claro, é extremamente danoso para o país. A qualidade da educação brasileira é baixa, e a cada nova avaliação internacional, revela-se pior. A escola pública já foi um primor no país. Hoje, é sinônimo de ensino de má qualidade. Há quem coloque a culpa da deterioração do ensino brasileiro na universalização do acesso à escola. Ora, este é um argumento absurdamente elitista! O ensino fundamental é um direito de todo e qualquer cidadão. Se, após esse estágio inicial, verifica-se enorme evasão no ensino médio e um número ínfimo de alunos ingressa na universidade, a culpa é de uma política educacional que está na contramão dos interesses dos estudantes e do país. Ideias como a que se pretende implantar no Estado em nada colaborarão para uma mudança nesse quadro desolador. No plano nacional, a substituição dos vestibulares pelo Enem está longe de ser uma solução. Trata-se de uma visão "meritocrática" de inspiração americana que também faz com que aumente o fosso entre os alunos mais bem preparados e os de formação mais precária. O sistema de ensino não pode nem deve ser uma forma de perpetuação das desigualdades sociais. A lógica neoliberal para o setor é a da tal "meritocracia", que favorece os mais bem aquinhoados, rejeita as cotas sociais, sucateia o ensino público e retira dos menos favorecidos a possibilidade de ascensão social. Ensino público gratuito e de qualidade, em todos os níveis, fundamental, médio e superior, é um direito da sociedade e um dever dos governos. Forma, junto com o acesso aos serviços de saúde e a garantia de segurança, as três tarefas essenciais e intransferíveis do poder público.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Centenário de Herivelto Martins

O dia de hoje marca a passagem do centenário de nascimento de Herivelto Martins, um dos grandes compositores brasileiros. Ainda em 2012, serão completados, também, os 80 anos de seu falecimento. As novas gerações talvez não saibam quem foi Herivelto Martins, já que o Brasil não é um país que prime pela preservação de sua memória artística e cultural. Herivelto teve uma longa e exitosa carreira. Seu início na música se deu com a "Dupla Preto e Branco", em que fazia dueto com Francisco Sena. Mais tarde, Sena saiu e Herivelto se apresentou sozinho por um tempo, até formar uma nova dupla, com Nilo Chagas, com o mesmo nome da anterior. Os dois, depois, formaram, junto com a cantora Dalva de Oliveira, o "Trio de Ouro". Herivelto, que já tinha sido casado e era pai de dois filhos, uniu-se à Dalva, com quem viveu uma relação tumultuada. O casal teve dois filhos e o relacionamento acabou em total rompimento, com Herivelto obtendo a guarda dos meninos na justiça. Herivelto ainda vivenciou uma outra união, da qual nasceram mais dois filhos, e que só acabou com a morte de sua companheira, depois de 44 anos juntos. Como compositor, Herivelto foi autor de vários sucessos, e dois deles, pelo menos, estão entre as maiores criações da música brasileira, "Caminhemos" e "Ave Maria no Morro". São composições cujas letras são carregadas de lirismo e sentimento, sem resvalar na pieguice. Ao longo do tempo, foram regravadas por artistas de outras gerações, e talvez já esteja na hora de fazê-lo novamente, como uma forma de trazê-las ao conhecimento dos mais jovens. O Brasil possui uma música popular riquíssima e é necessário que ela seja devidamente valorizada. Por isso, datas como o centenário de nascimento de Herivelto Martins precisam ter o devido destaque. Não só hoje, mas durante todo o ano, seria interessante que fossem realizados shows e exposições, se escrevessem livros e se lançassem discos reverenciando a obra de Herivelto Martins, um grande compositor que não pode e nem deve ser esquecido.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sem mudanças

A diretoria do Grêmio prometeu formar um time para 2012 que levasse o clube novamente às grandes conquistas e que estivesse à altura da inauguração de seu novo estádio, o que ocorrerá no final do ano. Até agora, no entanto, os resultados são desanimadores. Em três jogos, pelo Campeonato Gaúcho, todos contra clubes do interior, o Grêmio perdeu dois. Hoje, foi para o Juventude, no Alfredo Jaconi, por 2 x 1. Se é verdade que o ataque, com as contratações de Kléber e Marcelo Moreno, é muito qualificado, o restante do time ainda deixa a desejar. O Grêmio precisa contratar com um urgência um zagueiro que reúna qualidade e experiência. Douglas Grolli ainda não possui condição de ser titular, e, com um parceiro mais rodado, Saimon poderia afirmar suas virtudes. O meio de campo também merece atenção. Léo Gago ainda não se firmou, e talvez seja necessária a vinda de outro volante. O Grêmio não conseguiu trazer Giuliano, mas tem de continuar em busca de um meia. Marco Antônio, até agora, não conseguiu demonstrar nada, simplesmente não é percebido em campo. O mais preocupante, no entanto, é o trabalho do técnico Caio Júnior, que não definiu um esquema e faz modificações sem nenhum proveito para o time, como foi o caso, hoje, das trocas de Douglas por Marco Antônio e Júlio César por Bruno Collaço. Nesses dois casos, os jogadores que entraram são da mesma posição dos que saíram, mas inferiores tecnicamente, ou seja, não houve ganho tático nem  técnico. Enquanto isso, o time sub-23 do Inter venceu o Veranópolis por 3 x 1, sábado, no Beira-Rio,  e D'Alessandro resolveu permanecer no clube. Por enquanto, apesar das promessas dos dirigentes do Grêmio, 2012 começa tão favorável ao Inter quanto foram os últimos anos. Para piorar, domingo já acontecerá o primeiro Gre-Nal do ano, no Olímpico. O sofrimento do torcedor gremista parece, ainda, estar longe do fim.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Comendo insetos

Os hábitos alimentares fazem parte dos usos e costumes dos povos, razão pela qual a culinária é um dos importantes aspectos culturais a serem observados em países e regiões. É bastante comum que comidas apreciadas em determinadas localidades sejam vistas como exóticas em outras, ou até, tidas por intragáveis. Em muitos países, é normal o uso de insetos na alimentação. Conforme o Instituto de Biologia da Universidade do México, os insetos são consumidos por mais de 3 mil grupos humanos em 120 países. No Brasil, comer insetos é tido como algo repugnante, mas há quem aposte que isso possa mudar. O Ministério da Agricultura e o Ibama estão analisando dois pedidos inéditos de registros envolvendo o uso de insetos na alimentação. Um deles é para fabricação de ração animal. O outro, de produção para o consumo humano. O presidente da Sociedade Entomológica do Brasil, Antônio Ricardo Panizzi, considera que a expansão dos insetos comestíveis pode ser encarada como uma tendência viável sob diversos aspectos. Panizzi diz que o valor nutritivo dos insetos é semelhante ao de proteínas de animais de sangue quente, sua oferta é abundante, seus ciclos de reprodução são curtos e o manejo e o processamento adequados eliminam riscos sanitários. Afora a barreira cultural, o preço é outro fator que, ainda, limita o consumo de insetos na alimentação. O quilo de inseto desidratado chega a custar R$ 150,00 para o consumidor final. Se houver a autorização para o uso de insetos na alimentação no Brasil, será a vez de tentar vencer a rejeição da ideia pela população. Confesso que não me disponho a comer insetos e, portanto, não incentivaria ninguém a fazê-lo. Porém, quando se fica sabendo que, de cada dez seres vivos, sete são insetos, não resta dúvida de que eles podem constituir um importante recurso nutricional e no combate á fome. Resta saber se o brasileiro seria capaz de vencer sua repulsa por tal tipo de alimento.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um novo mundo é possível

O Fórum Social Temático, que se realiza em Porto Alegre, afirma, no seu slogan, que um novo mundo é possível.. Visto pela direita como uma reunião de esquerdistas lunáticos, o Fórum Social Temático, na verdade, é um evento importante, durante o qual ocorrem seminários e debates que visam buscar a construção de um mundo mais justo, menos desigual, mais solidário, e que priorize o meio ambiente e a sustentabilidade. O capitalismo desenfreado de nossos dias, com seu incentivo ao consumismo, exploração predatória dos recursos naturais, ânsia desmesurada de lucros, e insensibilidade social, precisa ser confrontado por uma ideia alternativa. A própria crise da economia, que tanto afeta os Estados Unidos e a Europa, é a prova de que o modelo capitalista já não satisfaz, que novos rumos precisam ser vislumbrados. Não é mais tolerável conviver com a desigualdade extrema, com lucros estratosféricos para alguns e miséria absoluta para outros. O consumismo e a aquisição de bens materiais não podem continuar se sobrepondo a todo e qualquer outro valor. Os recursos naturais precisam ser preservados. Uma nova concepção de progresso, menos gananciosa e predatória, precisa ser elaborada. Os que se dizem pragmáticos desdenham de tais aspirações, mas elas não são devaneios, representam, isto sim, uma necessidade inadiável, de estabelecer novos parãmetros para o desenvolvimento. Um desenvolvimento que contemple justiça social e respeito ao meio ambiente. Sim, eu concordo com o entendimento de que um novo mundo é possível. Você pode até achar que eu sou um sonhador, mas, como diria John Lennon, eu não sou o único.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nova derrota

Jogando com seu time sub-23, pelo Campeonato Gaúcho, o Inter sofreu, essa noite, mais uma derrota para um clube do interior, dessa vez em pleno Beira-Rio. O adversário do Inter foi o Cerâmica, de Gravataí, clube que se profissionalizou há poucos anos, e que pela primeira vez participa da Primeira Divisão do Rio Grande do Sul. No domingo, jogando com seu time reserva, reforçado, apenas pelo goleiro titular, Muriel, o Inter, depois de estar vencendo por 2 x 0, perdeu para o Avenida, em Santa Cruz do Sul, por 3 x 2. Contra o Cerâmica, a história foi diferente. O Inter perdeu por 2 x 1. Depois de estar dois gols atrás no placar, conseguiu marcar um, mas não impediu a derrota. Em três jogos, até agora, pelo Gauchão, o Inter usou três times diferentes, ganhou uma partida e perdeu duas. Isso não parece muito preocupante, mas, se o Inter não se classificar para a fase de grupos da Libertadores, esses resultados poderão pesar negativamente. Afinal, nesse caso, o Campeonato Gaúcho seria a única competrição que restaria para o Inter até o mês de maio. A ideia de que os times do Interior são fracos e que, por isso, Grêmio e Inter tem condições de vencê-los com qualquer escalação que colocarem em campo não se sustenta. Se o Inter se classificar contra o Once Caldas, essas derrotas não causarão maior abalo. Em caso contrário, no entanto, serão mais um motivo para alimentar uma crise que seria inevitável. A verdade é que, no futebol, derrota alguma é totalmente inócua. Convém ao Inter olhar o Gauchão com um pouco mais de seriedade, para não se arrepender mais tarde.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Vitórias para o gasto

Os jogos de Grêmio e Inter, na noite de hoje, eram de competições e importâncias diferentes, mas as atuações dos dois times, e os resultados obtidos, estabelecem um fator comum entre ambos, o de terem jogado, apenas, para o gasto. O primeiro a entrar em campo foi o Grêmio, contra o Canoas, no Complexo da Ulbra,  pelo Campeonato Gaúcho. O Grêmio fez seu primeiro gol muito cedo, logo a 1 minuto de jogo, mas cedeu o empate, ainda no primeiro tempo. Mesmo o gol do Canoas tendo sido consequência de um erro grave da arbitragem, que não marcou um toque de mão, não se justifica que o Grêmio termine o primeiro tempo empatando com um adversário tão frágil. A entrada de Gabriel em lugar de Marco Antônio, no intervalo, melhorou o desempenho do Grêmio, e ele próprio marcou o gol de desempate, logo aos 5 minutos do segundo tempo. Marcelo Moreno, já nos minutos finais do jogo, ainda fez mais um gol, fechando o placar em 3 x 1 para o Grêmio. Uma vitória em que o Grêmio não fez mais que a sua obrigação, mas que, pelo empate parcial ocorrido, deixa antever que muito ainda há a ser realizado para que o time possa ser considerado confiável. Já o Inter teve um jogo muito mais importante, contra o Once Caldas, no Beira-Rio, pela Pré-Libertadores. O gol marcado cedo por Leandro Damião, num belo lançamento de D'Alessandro, deu a impressão de que o Inter poderia obter uma vitória fácil e encaminhar sua classificação. Porém, o tempo foi passando, o segundo gol não veio, e o Inter só não enfrentou maiores problemas porque o Once Caldas teve pouca presença ofensiva. A vitória foi alcançada e o Inter não levou gol em casa, fatos que são importantes. No entanto, o placar magro, de apenas 1 x 0, permite que o Once Caldas tenha grande possibilidade de reverter o confronto no segundo jogo. Vitória é sempre bom, e o Inter ganhou, mas o resultado não foi tranquilizador. O Inter terá de lutar muito para obter a classificação fora de casa. O Once Caldas ainda está muito vivo na Pré-Libertadores. Se os desempenhos de Grêmio e Inter foram semelhantes, seu futuro imediato é muito diferente. Enquanto o Grêmio só terá jogos mais exigentes quando estrear na Copa do Brasil, em março, o Inter, já na semana que vem, estará decidindo toda a sua perspectiva para 2012. Resta esperar para ver o que acontecerá com os dois daqui por diante.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Injustificável

Passados cinco dias desde a morte do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, de 56 anos, seguem sendo dadas explicações para a recusa de atendimento por parte de dois hospitais de Brasília. Duvanier, que sofreu um enfarte, só conseguiu atendimento em um terceiro hospital, quando não foi mais possível salvar sua vida. O motivo da recusa dos dois primeiros hospitais, ambos particulares, foi de que não eram credenciados pelo plano de saúde de Duvanier, o Geap. Como Duvanier não tivesse dinheiro nem cheques para depositar uma caução, o atendimento lhe foi negado. Dessa forma, a propria Agência Nacional de Saúde concluiu que não houve erro do plano de saúde, nem negativa de cobertura. Duvanier não foi atendido pelos hospitais Santa Lúcia e Santa Luzia. Levado para o Hospital Planalto, foi, enfim, atendido, mas não resistiu e faleceu. A presidente Dilma Roussef determinou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, uma rigorosa apuração do fato. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pelo Procon do Distrito Federal. Ora, convenhamos, o fato ocorrido com Duvanier é um descalabro, e demonstra que o caos no sistema de saúde brasileiro não poupa nem mesmo pessoas que ocupam cargos importantes na administração federal. Não é possível que alguém numa situação de emergência, como é o caso de um enfarte, onde cada segundo desperdiçado no atendimento pode fazer a diferença entre a vida e a morte, deixe de ser socorrido por questões financeiras e burocráticas. Acima de tudo, médicos e hospitais tem o dever de tudo fazer para salvar a vida de quem lhes procura buscando atendimento. A argumentação da Agência Nacional de Saúde é inaceitável. Não me interessa saber se o plano de saúde de Duvanier era ou não conveniado com os dois hospitais que lhe negaram socorro. Também é irrelevante, para mim, o fato de que Duvanier não tinha dinheiro ou cheques para uma caução. A tarefa precípua de hospitais e médicos é salvar vidas. Ao negarem-se a fazê-lo, cometem um crime, e devem pagar por ele. Não se pode chegar a um tal nível de mercantilização da sociedade, em que até a vida de uma pessoa deixe de ser salva por falta de pagamento dos serviços clínicos. Tomara que Dilma Roussef não esmoreça na busca do esclarecimento do caso. Assim, a morter de Duvanier poderá servir, pelo menos, para que o sistema de saúde brasileiro seja revisto e se torne, senão mais eficiente, pois isso demanda tempo e investimentos, no mínimo, mais humano.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mico

Minha intenção, no dia de hoje, não era escrever sobre um assunto relativo ao futebol, afinal, esse blog ocupa-se, também, de outros assuntos. Porém, não pude deixar de fazê-lo ao saber que o Grêmio deu por encerrada a negociação para a contratação de Giuliano, sem conseguir adquirir o jogador. Trata-se de mais um dos tantos micos protagonizados pela atual diretoria do clube. Depois de, há exatamente um ano, ser motivo de chacota por providenciar até caixas de som para o anúncio da contratação de Ronaldinho, que acabou indo para o Flamengo, o Grêmio, novamente, faz um papelão. O Grêmio não fez segredo da sua intenção de contratar Giuliano e negociava sua aquisição há cerca de um mês. Alguns dias atrás, demonstrando que queria fechar de vez a transação, o Grêmio enviou para a Espanha, onde o clube de Giuliano, o Dnipro, da Ucrânia, realiza pré-temporada, uma verdadeira força-tarefa composta de três dirigentes. Não se tem notícia, ao menos no futebol brasileiro, de algo semelhante. Diante de tal fato, formou-se a convicção, na torcida e na opinião pública, de que o jogador seria contratado, pois não faria sentido deslocar tantas pessoas para o exterior senão houvesse a certeza da concretização do negócio. Na última sexta-feira, no entanto, os indícios de que as coisas não iam bem começaram a aparecer. Dois dos três dirigentes enviados à Espanha, o vice-presidente e o gerente de futebol, retornaram, e apenas o representante do departamento jurídico permaneceu, para dar continuidade às negociações. Hoje, por fim, o Grêmio anunciou em seu site oficial, que as tratativas para a vinda de Giuliano estavam encerradas, sem que o jogador fosse contratado. Giuliano seria adqurido por um grupo de empresários, o Grêmio nada gastaria. O referido grupo ofereceu ao Dnipro 8 milhões de euros pelo jogador. O clube ucraniano pediu 10 milhões de euros. Ora, sabendo-se que o Dnipro pagou algo entre 10 e 11 milhões de euros por Giuliano há apenas um ano, por que iria vendê-lo por um valor inferior, que resultaria em prejuízo financeiro? Se o Grêmio não tinha a certeza de que iria efetivar a contratação, porque enviou três dirigentes para a Espanha, num gasto com passagens e estadias que deve ter sido bastante significativo? Esse é mais um episódio que frustra e desencanta o torcedor do Grêmio. Fica cada vez mais difícil acreditar que o Grêmio possa obter, em 2012, uma volta aos tempos das grandes conquistas. Com os componentes da atual diretoria, tudo que o Grêmio tem colhido são fracassos em campo e humilhações fora dele. Depois de mais essa trapalhada, que resultou em outro sonho não realizado pelo torcedor, não convém alimentar ilusões. O Grêmio de Odone e Pelaipe segue na rota do insucesso, para desalento de sua apaixonada torcida.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Derrota

O Inter, a exemplo do que fez o Grêmio ontem, também perdeu para um clube do interior, em jogo válido pelo Campeonato Gaúcho. Depois de abrir 2 x 0 no placar, no primeiro tempo, permitiu a virada em favor do Avenida, por 3 x 2, no segundo. Duas diferenças entre os jogos de Grêmio e Inter, no entanto, devem ser ressaltadas. O Grêmio jogou em casa, com seu time titular. O Inter teve apenas um titular em campo, o goleiro Muriel, e a partida foi fora de casa. Ainda assim, também a derrota do Inter, tal como a do Grêmio, não pode ser assimilada como algo natural. O time que o Inter colocou em campo, embora reserva, tinha jogadores de expressão, como Marcos Aurélio, recém contratado do Coritiba, e Jô, que ainda está devendo melhores atuações, mas é um atacante que já viveu bons momentos na carreira. Por mais desentrosado que estivesse o Inter, e cansado pela curta pré-temporada, uma derrota para um time modesto do interior, depois de ter aberto dois gols de vantagem, não é aceitável. O que ficou muito claro, definitivamente, é que Bolívar deveria encaminhar o final de sua carreira. Mais uma vez, Bolívar jogou muito mal, falhando em vários lances e, inclusive, cometendo um pênalti claro que não foi marcado pelo árbitro. Seu problema não é técnico, portanto não se trata de uma má fase. O zagueiro não tem mais condições físicas de jogar futebol em nível de competição, pois a idade agravou a sua já conhecida lentidão e ele não possui capacidade de recuperação nos lances de que participa. Foi evidente, tanto na derrota do Grêmio como na do Inter, a falta de condicionamento físico no segundo tempo dos jogos, devido ao pequeno tempo de preparação em comparação com os demais clubes participantes do Gauchão. Ainda assim, os resultados desse fim de semana não fazem jus aos altos investimentos dos dois clubes, que já iniciam o ano frustrando os seus torcedores.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Começo preocupante

O Grêmio fez seu primeiro jogo oficial do ano contra o Lajeadense, pela primeira rodada do Campeonato Gaúcho, e perdeu por 2 x 0, em pleno Olímpico. Uma autêntica ducha de água fria sobre o torcedor. As justificativas de que era apenas a primeira partida do ano, de que a pré-temporada foi curta, que a musculatura do time ainda está presa, que o Lajeadense está treinando há muito mais tempo, são consideráveis, mas, ainda assim, jogando na sua casa, com o apoio de mais de 18 mil torcedores, o Grêmio tinha obrigação de se impor e vencer a partida. As atuações dos jogadores estreantes não foram muito destacadas. Deles, quem mais caiu no gosto do torcedor foi Douglas Grolli, mas ficou evidente que ele ainda não tem condições de suprir a carência do Grêmio na posição e de que um zagueiro ainda precisa ser contratado, o que é admitido pelo próprio técnico Caio Júnior. Léo Gago confirmou que sabe e gosta de chutar forte de fora da área, mas não teve êxito em suas tentativas. Marco Antônio foi apenas discreto e acabou substituído. Kléber foi mal, sendo, inclusive, responsável, em parte, pelo segundo gol do Lajeadense. Entre os jogadores que já estavam no Grêmio, Mário Fernandes e Júlio César tiveram atuação razoável, Douglas fez bom primeiro tempo, mas decaiu no segundo. Miralles não aproveitou a chance que teve e jogou mal, sendo substituído no intervalo, por Leandro, que pecou pelo excessivo individualismo e, também não teve boa atuação. Caio Júnior, cuja carreira como técnico ainda não se firmou, não soube encontrar as soluções para o time, sendo superado taticamente pelo treinador adversário, Ben-Hur Pereira. Nem mesmo o fato de ficar boa parte do segundo tempo com um homem a mais, devido à expulsão de um jogador adversário foi aproveitado por Caio Júnior. Foi apenas o primeiro jogo, é verdade, e as coisas, por certo, deverão melhorar, mas começar um ano com derrota é muito ruim e o sofrido torcedor do Grêmio, há tanto tempo sem alegrias, não merecia passar por isso.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Times incompletos

Os principais campeonatos estaduais começarão nesse fim de semana, sem que os grandes clubes estejam com seus times definitivamente montados. Mesmo tendo tido o mês das férias do futebol para fazer a estruturação dos grupos de jogadores, os dirigentes ainda correm atrás de contratações. O Palmeiras, por exemplo, só agora apresentou seu primeiro reforço de nível, o atacante Barcos, vindo da LDU, do Equador. O São Paulo ainda tenta a contratação de Nilmar. O Inter, que na quarta-feira teve um jogo antecipado pelo Campeonato Gáucho, antes da abertura oficial da competição, está na iminência de perder seu melhor jogador, D'Alessandro, e vasculha o mercado atrás de um substituto. O Grêmio, o clube grande que mais contratou, ainda não fechou o seu ciclo de aquisições, e tenta trazer Giuliano e Rafael Tolói. Como se vê, os times serão montados durante os estaduais e só terão a sua formação definitiva quando do início da Copa do Brasil, em março, e do Campeonato Brasileiro, em maio. Até lá, com exceção dos clubes que estarão na Libertadores, restará aos torcedores se contentarem com insossos e anacrônicos campeonatos em que grandes clubes são misturados com outros de pouquíssima expressão. Não é algo muito entusiasmante, mas, para os que já estavam com saudade do futebol, representa a volta da rotina dos jogos. Tomara que essas competições sirvam, pelo menos, para os grandes clubes ajustarem seus times para disputas de maior nível.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Trinta anos sem Elis Regina

Os trinta anos da morte de Elis Regina, completados hoje, estão sendo lembrados em todo o país, como não poderia deixar de ser. Elis foi uma cantora extraordinária, ainda que afirmar que é a melhor de todas no Brasil possa constituir um juízo apressado, dado que o país tem intérpretes femininas de notável brilho, como Gal Costa, Maria Bethânia e Dalva de Oliveira, para só citar algumas. Afora sua grande capacidade vocal, Elis sabia escolher muito o bem o seu repertório. Em sua discografia, estão presentes composições de autores consagrados e de outros que eram desconhecidos, até ela lançá-los. Elis gravou músicas dos já então famosos Lennon e McCartney, Tom Jobim, Roberto e Erasmo Carlos, Chico Buarque de Holanda. Por outro lado ajudou a catapultar para o sucesso compositores ainda pouco conhecidos, como Ivan Lins e Belchior. O nível de seu repertório é de altíssima qualidade. Algumas músicas tiveram em Elis a sua intérprete definitiva, caso de "Como nossos pais", de Belchior, e "O bêbado e a equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, que, cantadas por outros, não causam o mesmo efeito no ouvinte. Ao longo do ano, por certo, Elis receberá muitas homenagens. Uma delas será feita por sua filha, Maria Rita, que irá interpretar músicas do repertório da mãe.  Dada a expressividade do período completado desde sua morte, trinta anos, e sua inegável qualidade como artista, as homenagens a Elis são mais do que justas. Por sinal, quero, desde já, apoiar a ideia do colunista do jornal "Correio do Povo", Juremir Machado da Silva, de dar o nome de Elis Regina à atual Avenida Castelo Branco, principal via de acesso a Porto Alegre. Dessa forma, seria desfeita uma injustificável deferência com um ditador e liberticida e, por outro lado, se estaria reverenciando a arte e a cultura. Nada mais indicado em se tratando da mais ilustre filha da cidade.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Eliminações

Grêmio e Inter foram eliminados, hoje, da Taça São Paulo de Futebol Júnior. O Grêmio, que saiu perdendo mas chegou a empatar o jogo, acabou sendo goleado pelo Fluminense por 4 x 1. O Inter, depois de empatar em 1 x 1 com o Coritiba, perdeu por 4 x 2 nas cobranças de tiros livres da marca do pênalti. O Inter tem quatro títulos da Taça São Paulo, mas o último foi ganho em 1998. O Grêmio não tem nenhum título da competição. O máximo que alcançou foi o vice-campeonato, em 1991, quando, na decisão, a Portuguesa o goleou por 4 x 0. O desempenho de Grêmio e Inter na Taça São Paulo de 2012 demonstra que as categorias inferiores dos dois clubes, no momento, não possuem qualidade capaz de fazer com que possam fornecer jogadores para o grupo profissional. O caso do Grêmio é mais grave, pois ele o Palmeiras são os únicos grandes clubes brasileiros que ainda não ganharam a Taça São Paulo. Dada a tradição e a visibilidade que a competição possui, está na hora do Grêmio pensar em encará-la, daqui para a frente, com mais seriedade.

Início morno e previsível

O início do Campeonato Gáucho, com o jogo antecipado Novo Hamburgo x Inter, foi absolutamente previsível. O Inter confirmou seu favoritismo e ganhou por 1 x 0, o jogo foi de baixo nível técnico, Guiñazu bateu a vontade e não foi expulso, e um pênalti em favor do Novo Hamburgo deixou de ser marcado. Como se vê, nenhuma novidade nessa competição anacrônica e desqualificada que é o Gauchão, a exemplo de todos os outros campeonatos estaduais. Em termos do futebol jogado, muito pouco a destacar. A dupla de ataque do Inter, Leandro Damião e Dagoberto, tida como mortífera por muitos, nesse primeiro jogo oficial, não funcionou. Os dois jogadores estiveram muito apagados. João Paulo mostrou que, se D'Alessandro for mesmo embora, o Inter não tem um substituto em casa e vai ter de recorrer ao mercado. Bolatti, que ia sobrar do banco e acabou ficando na reserva, teve seu nome gritado pelo torcedor, entrou e, para desgosto de seus críticos, na imprensa e no clube, jogou bem melhor que Josimar, que teve uma atuação inexpressiva. O Inter não jogou bem mas ganhou, porque o Novo Hamburgo mostrou-se um time fraco e a arbitragem, novamente, sonegou a marcação de um pênalti para um adversário do atual campeão gaúcho. O Novo Hamburgo, por sua vez, deve ficar atento a possibilidade de fazer um mau campeonato e, até, correr risco de rebaixamento. Com exceção de Clayton, um jovem e qualificado meiocampista, o restante do time é muito fraco, e não autoriza expectativas otimistas. Foi um começo insosso, bem de acordo com o nível da competição.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Bom gosto

Uma discussão que constantemente toma conta das mais diversas rodas é sobre o nível de qualidade do que é transmitido pelos meios de comunicação. A televisão, em particular, recebe muitas críticas de alguns setores que consideram a qualidade do que é veiculado pelas emissoras como muito baixa. Nesses primeiros dias de 2012, esse debate voltou a ter destaque. Tudo porque está sendo levada ao ar a 12ª edição do execrável "Big Brother Brasil" e as lutas de "MMA" ganharam mais visibilidade, sendo, agora, transmitidas pela Rede Globo. Pessoalmente, considero o "Big Brother Brasil" um lixo absoluto, e não acompanhei nenhuma de suas edições. Também não tenho interesse algum pelas lutas de "MMA". Os que criticam tais programas são os mesmos que não se conformam com o sucesso do cantor Michel Teló e de sua música "Ai, se eu te pego", de que, diga-se de passagem, igualmente não gosto. Porém, a idéia, defendida por alguns, de que se deva controlar o que os meios de comunicação transmitem, em nome do bom gosto e da defesa de "valores essenciais da sociedade" é muito perigosa. Na verdade, essa situação, como tantas outras, não se resolve com leis ou decretos. Se grande parte do povo brasileiro concede expressiva audiência para programas ruins como o "BBB", assiste um esporte violento como o MMA, e reverencia nulidades artísticas como Michel Teló, isso apenas reflete sua escassa condição instrucional e cultural, que não lhe permite formar um senso crítico. A ideia de controlar o que os meios de comunicação transmitem parte de algumas premissas equivocadas. Uma delas é que a programação da televisão deveria dar preferência ao que é educativo, artístico, cultural e informativo. Tal pensamento demonstra desconhecimento sobre o que caracteriza a essência da televisão. A televisão é, fundamentalmente, um meio de entretenimento. Nada impede que, eventualmente, sejam levados ao ar programas que se encaixem nos quatro itens propostos. No entanto, a natureza da televisão como veículo é, basicamente, distrativa. Afora isso, em nome do bom gosto, ou seja lá do que for, o que se está propondo, mais uma vez, é um processo de tutela intelectual da população, com alguns poucos decidindo o que todos devem assistir. Não deixa de ser curioso que tais medidas de controle da programação sejam propostas por pessoas, em grande parte, ligadas à esquerda, que tanto sofreram com a censura oficial nos tempos do regime militar. O bom gosto não é algo que se desenvolva por decreto. Depende de uma educação de qualidade e do acesso aos bens culturais. No dia em que isso for provido ao povo brasileiro, ele próprio, sem necessidade de leis, rejeitará os "BBB's", "MMA's" e Michéis Telós da vida. Afinal, estará dotado de senso crítico. Trata-se de um processo longo, cujos resultados demoram a ser alcançados. Porém, é o caminho que deve ser seguido. Controlar o que é transmitido pelas emissoras é tentar, mais uma vez, tutelar os cidadãos, o que nenhuma intenção, por melhor que seja, torna justificável.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Uma visão muito peculiar

A revista "Veja", da Editora Abril, segue, de forma cada vez mais ardorosa, com a defesa irrestrita do capitalismo. Na edição dessa semana, a revista traz na capa o milionãrio brasileiro Eike Batista. "Veja" afirma que Batista é um ídolo dos novos milionários brasileiros. Tais milionários, segundo a publicação, são pessoas que trabalham muito, competem honestamente, orgulham-se de "gerar empregos" e não se envergonham da riqueza. O exibicionismo desvairado de Eike Batista, que mantém dois carros de luxo, um Mercedes-Benz e um Lamborghini, no hall de entrada de sua casa, é louvado pela revista, em vez de condenado por tão estúpida ostentação. "Veja" chega a afirmar que muitos já consideram Batista "a maior personalidade do Rio de Janeiro". O empresário prognosticou que, já em 2015 ou 2016, será o homem mais rico do mundo. Ao longo da matéria, são feitos elogios em cascata ás virtudes do capitalismo e é exaltado o fato de que os novos milionários não tem vergonha de serem ricos. Conforme a publicação," o Brasil, finalmente, vem se livrando do preconceito contra a riqueza e o sucesso". O curioso é que, na mesma edição da revista, uma matéria aborda o "engessamento dos empregos", causado pela excessiva rigidez da legislação trabalhista brasileira. "Veja" condena o fato de que a lei impede a redução do salário dos funcionários, o que, em períodos de crises agudas, permite a manutenção dos empregos. O aumento do aviso prévio, recentemente instituído, o alto custo da formalização do emprego, a multa para a demissão sem justa causa, o excesso de processos trabalhistas e o entrave à livre negociação entre patrões e empregados, também são fortemente criticados por "Veja" como fatores inibidores da geração de novos postos de trabalho. Trata-se de uma visão de mundo muito peculiar. Para um lado, a garantia de cumprimento dos contratos, do direito ao lucro e à propriedade, de um enriquecimento sem culpas. Para o outro, redução salarial, ausência de indenização nas demissões sem justa causa, diminuição de direitos, flexibilização das leis trabalhistas. O pior é que tal receituário, absurdamente elitista e socialmente predatório, é tido como moderno, em contraposição à busca de garantia dos direitos dos trabalhadores, vista como ultrapassada. Se ser moderno é viver no modelo de sociedade preconizado por "Veja", prefiro voltar para a Idade da Pedra.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Balanço

No dia 1º de janeiro, a presidente Dilma Roussef completou o seu primeiro ano no cargo. Apesar do desgaste no campo político, com a demissão de sete ministros, seis deles por práticas indevidas no exercício do cargo, o balanço é positivo. O país continua sólido economicamente, com boa geração de empregos e expansão da classe média. Os programas sociais seguem cumprindo a tarefa de minorar as consequências da pobreza extrema, cuja erradicação é uma das metas do atual governo. A popularidade de Dilma, em consequência disso, já é mais alta que a de seu antecessor, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, até então o presidente mais popular da história do Brasil. Se os resultados, de um modo geral, são bons, por outro lado, há muito para se fazer. Dilma deveria diminuir o número de ministérios. Não é possível uma administração séria com 38 ministérios, grande parte deles sem nenhuma função prática. O preenchimento de cargos do primeiro escalão tem de ser feito levando-se em conta a capacidade dos escolhidos, e não apenas obedecendo ao loteamento ditado pela governabilidade. Setores como saúde, educação e segurança continuam em situação muito ruim, necessitando maciços investimentos para sua melhoria. A infraestrutura do país também está em condição precária. Estradas esburacadas e sem conservação, transporte público urbano deficiente e aeroportos subdimensionados são alguns dos problemas a exigir urgente solução, ainda mais com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olímpíadas de 2016. O Brasil tem avançado muito, mas os desafios são enormes. Dilma tem de aproveitar o imenso respaldo popular que as pesquisas lhe conferem para tomar as medidas necessárias na busca de um país melhor.Usando sua capacidade gerencial, aliada a sua grande popularidade, Dilma tem tudo para levar o Brasil para tempos cada vez melhores, e conseguir reeleger-se, em 2014, sem maior dificuldade.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O som do verão

Depois de um dia sem postagem, devido a problemas técnicos (é, a internet também falha), retorno abordando um dos temas palpitantes, por assim dizer, dos últimos dias. O verão, por ser uma estação quente, descontraída, em que boa parte das pessoas estão em férias, presta-se para situações e fatos tão alegres quanto fugazes. Assim, há os chamados amores de verão, que não sobrevivem a volta da rotina pós-férias. Também em outras áreas tal condição efêmera se apresenta. É o caso da música. Os sucessos musicais de verão costumam ser tão alegres quanto descartáveis. Já houve, em épocas passadas, sucessos de verão como a discoteca e a lambada que, após um enorme êxito, logo caíram no esquecimento. Não deverá ser diferente com Michel Teló e a sua "Ai se eu te pego", música que está tomando conta das rádios em todo o Brasil e cuja repercussão já chegou ao exterior, com o cantor sendo recebido por jogadores do Real Madrid. Os críticos, como não podia deixar de ser, estão "torcendo o nariz" para a falta de qualidade da música em questão. Trata-se, também, de uma discussão de verão. Teló vai aproveitar a fama e o dinheiro que lhe serão proporcionados por sua música de sucesso, mas, no próximo verão, outro artista, com um trabalho tão ou mais carente de qualidade, irá dominar a programação das rádios. O verão é intenso, fugaz, descompromissado, inconsequente. Não serve para alimentar discussões mais sérias. Nessa estação do ano, tudo passa como uma onda, tal como as do mar. Com "Ai, se eu te pego", não será diferente.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O encerramento de uma carreira exemplar

A imprensa brasileira vem dando grande destaque ao encerramento da carreira do goleiro Marcos, do Palmeiras. Marcos merece todo o respeito com que vem sendo tratado. Num mundo, o do futebol, em que o mercenarismo se tornou regra, Marcos foi um exemplo de identificação com seu clube, o Palmeiras, o único pelo qual jogou. Alguém poderá lembrar que Rogério Ceni, goleiro do São Paulo, também é jogador de um clube só. Verdade. A diferença é que, afora ter sido um profissional exemplar, Marcos é um ser humano como poucos, um bonachão, ao contrário do vaidoso Rogério Ceni. Tecnicamente, também, Marcos foi melhor que Rogério Ceni. Goleiro titular da Seleção Brasileira na conquista da Copa do Mundo de 2002, teve atuações notáveis na competição. Marcos fez mais de 500 jogos com a camisa do Palmeiras, mas seu número de partidas poderia ser bem maior se não tivesse sido perseguido por lesões. Por não ter tido o mesmo problema, Rogério Ceni já ultrapassou os 800 jogos com a camisa do São Paulo. O fato é que, pelo jogador que foi e pelo bom caráter que é, Marcos merece todas as homenagens e, inclusive, um grande jogo de despedida. O Palmeiras já decidiu que vai homenageá-lo com um busto na futura Arena Palestra Itália. Também a camisa 12, vestida por Marcos todos esses anos, não deverá mais ser usada. Confesso que não concordo com números de camisa sendo retirados de circulação, mas quanto ao busto, aprovo plenamente. Marcos foi um jogador cuja simpatia o fez transcender a questão clubística. Mesmo os torcedores de clubes rivais do Palmeiras gostavam dele. Jogadores com comportamentos como o de Marcos fazem bem não só ao futebol, mas à sociedade como um todo. Obrigado, Marcos, pelos belos momentos com que nos brindou, e pelo exemplo de conduta que deixa para atuais e futuros jogadores.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

As contratações de Pelaipe

O gerente de futebol do Grêmio, Paulo Pelaipe, tem se mostrado um homem dinâmico na busca de contratações para 2012. Durante o período de recesso do futebol, Pelaipe trabalhou incansavelmente e contratou muitos jogadores. O problema é que o Grêmio está trazendo jogadores em quantidade, mas a maioria são apostas. Indiscutíveis, mesmo, só Kléber e Marcelo Moreno. Mais um exemplo disso foi dado ontem. Com a nova lesão de Sorondo, que terá de fazer outra cirurgia no joelho operado em abril de 2011, o Grêmio rescindiu o contrato do jogador e contratou o zagueiro Naldo. Ocorre que o Naldo em questão não é o do Werder Bremen, de comprovada qualidade e que interessa ao Inter. Trata-se de um zagueiro que foi reserva do Cruzeiro em 2011, ano em que o clube mineiro só escapou do rebaixamento no Campeonato Brasileiro na última rodada. Obcecado em resolver o problema da fragilidade da defesa do Grêmio na bola áerea, Pelaipe já trouxe três zagueiros, Douglas Grolli, Pablo e Naldo, todos muito altos. Naldo, por exemplo, tem 1,88m. Porém, são jogadores de parca biografia, o que não autoriza maiores entusiasmos com relação a resposta que podem dar em campo. Muito melhor teria sido investir na qualidade trazendo Alex, que está de saída do Chelsea, um autêntico "zagueiraço". Alex é caro? Por certo que sim, mas vale cada centavo. O Grêmio corre o risco de ter muitos nomes para a zaga e, ainda assim, não conseguir uma dupla titular de bom nível.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Demagogia

A ocorrência de desastres naturais, como secas e enchentes, gera inúmeros prejuízos e impõe pesadas perdas a muitas pessoas. Uma consequência perversa dessas situações é sua exploração demagógica por parte de políticos. O deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), em função dos problemas enfrentados pelos agricultores gaúchos com a estiagem, aproveitou para tirar a sua "lasquinha". Goergen sabe que seu partido tem muita força junto aos agricultores, notadamente mais conservadores que outros segmentos da população, e resolveu fazer uma média com eles. O parlamentar criticou o fato do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) não ter interrompido suas férias em Cuba diante do drama vivido pela agricultura do Estado em consequência da estiagem. Goergen foi além e fez reparos, também, pelo mesmo motivo, à participação do governador em exercício, Beto Grill (PSB) em atividades como a visita a uma escola de samba. Demagogia barata! O fato do governador estar ou não presente no Estado em nada altera o quadro causado pela seca. O mesmo acontece em relação a ida do governador em exercício a uma escola de samba. Na verdade, conhecedor que é da índole dos gaúchos, Goergen tenta tirar proveito político da situação. Os gaúchos, infelizmente, cultuam ideias como a de que um governante não pode tirar férias ou mostrar-se em situações descontraídas se a sociedade como um todo, ou algum de seus segmentos, vive um grande drama. Ora, convenhamos, nada é mais previsível do que a seca no Sul e as enchentes no Sudeste. Elas ocorrem em todos os verões. Todos nos solidarizamos com os efeitos danosos que elas ocasionam na vida de muitas pessoas, mas isso não significa que a rotina dos governos e dos mandatários tenha de ser alterada. As providências a serem tomadas para resolver, ou ao menos minorar, tal quadro, são conhecidas. Consistem, basicamente, na liberação de recursos para as regiões e pessoas atingidas. Isso é uma ação administrativa que independe da presença ou não do governante. Também não há nenhum descaso ou desconsideração com os atingidos pela seca na visita do governador em exercício a uma entidade carnavalesca. O que está implícito nas críticas de Goergen é a ideia de que "enquanto eles descansam  e se divertem, o povo sofre". Não passa de populismo barato e, para desencanto de Jerônimo Goergen, não terá nenhum efeito eleitoral prático. É só esperar para ver.

domingo, 8 de janeiro de 2012

O azar de Sorondo

O zagueiro Sorondo foi contratado pelo Grêmio sob grande desconfiança da torcida e da imprensa. Afinal, adquirido em 2007 pelo Inter, jogou poucas partidas, e sofreu uma série de lesões. O receio de todas essas pessoas acabou se confirmando. Em um de seus primeiros treinos no Grêmio, Sorondo lesionou novamente o joelho que havia operado em março de 2011. Em princípio, Sorondo sofreu uma entorse, mas a hipótese de uma nova ruptura existe, e pode levar a que ele tenha o seu contrato rescindido, antes mesmo de jogar pelo Grêmio. O fato é lamentável, para o jogador e para o clube. Em relação ao jogador, é possível cogitar que, talvez, aos 32 anos, e com tantas lesões que não lhe permitem manter uma continuidade de partidas, tenha de encaminhar o encerramento de sua carreira. O Grêmio que buscava com Sorondo resolver um problema na zaga com um jogador qualificado e experiente, terá de voltar ao mercado. O drama maior, no entanto, é mesmo de Sorondo. Um zagueiro qualificado, e profissional dedicado, Sorondo está sendo derrotado por seu próprio corpo. Poucas vezes se teve notícia de um jogador tão azarado. Uma pena, pois, embora já tendo passado dos 30 anos, Sorondo ainda teria muito o que mostrar. Sua fragilidade física, contudo, não está lhe permitindo levar adiante sua carreira. Tomara que as coisas ainda possam melhorar para Sorondo, profissionalmente, mas após esse novo revés, isso parece, cada vez mais, improvável.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Crueldade com os aposentados

Todos os governos possuem os seu apaniguados e as suas vítimas preferenciais. Com o governo da presidente Dilma Roussef não é diferente. Dando prosseguimento ao que fizeram os dois presidentes que lhe antecederam, Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, Dilma elegeu os aposentados como o seu alvo favorito. Em 2012, mais uma vez, os aposentados que ganham acima de um salário mínimo não terão aumento real, apenas a reposição da inflação. Com isso, cada vez mais, como já admitiu a própria Previdência Social, os ganhos de quem recebe mais vão se achatando, até se aproximarem daqueles que percebem apenas o salário mínimo. O aposentado, há muito tempo, foi escolhido pelos governos brasileiros como bode expiatório. A culpa de todos os males do país parece recair sobre eles. Fernando Henrique Cardoso criou o famigerado fator previdenciário, prorrogando o tempo necessário para a concessão da aposentadoria, sendo que ele já recebia uma desde os quarenta e poucos anos. Lula e Dilma mantiveram o nefasto dispositivo e prosseguiram, também, com o achatamento dos valores pagos aos aposentados. Pessoas que contribuíram durante uma vida inteira para a Previdência Social, visando ter um final de vida digno, são lançadas à uma existência de privações, justo quando mais necessitam de amparo, pela idade avançada e as limitações a ela associadas. Uma crueldade! Lula e Dilma somaram muitos méritos em seus governos, mas estão falhando com os aposentados. Considerá-los vilões das finanças públicas é algo típico da direita, incompatível com a trajetória dos dois governantes. Um bom governo administra para todos, não exclui segmentos da sociedade. O tratamento dado, até aqui, aos aposentados, é o calcanhar de Aquiles dos governos do PT.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dramas que se repetem

O verão é a mais alegre das estações do ano, época de muito sol, calor, praias lotadas, férias. Por outro lado, também é a estação em que ocorrem grandes secas em algumas regiões e chuvas intensas em outras. Todo ano é a mesma coisa. Chuvas torrenciais que desabam morros, invadem casas, destroem pontes e estradas, deixam muitas pessoas desabrigadas. Ao mesmo tempo, localidades onde não chove, ocasionando problemas de abastecimento de água e perdas na agricultura. No primeiro caso, por exemplo, encontra-se o estado do Rio de Janeiro. No segundo, o Rio Grande do Sul. Ainda está na retina de todos o que aconteceu, em função das fortes chuvas, na região serrana do Rio de Janeiro, no verão de 2011. Nesse ano, as chuvas jã começaram a castigar aquele estado, levando a interrupção de uma estrada, na região onde se localiza o município de Campos. No Rio Grande do Sul, como consequência da seca, 25% da safra de milho já foi perdida. O ser humano não pode domar a natureza, é verdade, mas, diante de acontecimentos que são cíclicos, é preciso desenvolver meios de minorar seus efeitos danosos. Todo ano vemos prefeituras e governos estaduais pedindo recursos do governo federal para fazer frente aos estragos causados por secas e enchentes. A engenhosidade humana tem de ser capaz de propor mais do que simples ações paliativas, que não resolvem os problemas. É claro que isso demanda um enorme volume de recursos, mas é necessário. Remoção de habitações em morros e encostas, novos métodos de absorção da água da chuva, meios de garantir a irrigação de lavouras em épocas de seca, são medidas que, embora de cara e difícil realização, podem ser praticadas. O que não pode mais continuar é a rotina de enchentes, destruições, secas, falta de água potável, perdas na lavoura. Mesmo que custem muito dinheiro e um grande esforço científico para sua concretização, soluções para esses problemas tem de ser buscadas. Não basta remediar, é preciso prevenir a ocorrência de tais desastres climáticos e diminuir drasticamente os danos que causam.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Campeões do mau humor

O fato de nos defrontarmos com uma determinada situação durante anos não faz com que, necessariamente, nos acostumemos com ela. Faço essa afirmação porque, embora nascido, criado e domiciliado no Rio Grande do Sul, não consigo me acostumar com a crônica vocação dos gaúchos para o mau humor e a infelicidade. Basta ler algumas coisas nos jornais de Porto Alegre, nesses primeiros dias do ano, para entender ao que me refiro. Na edição de ontem de um jornal, um cronista revela que, depois de alguns anos, resolveu passar o Revéillon em Porto Alegre e não no litoral. O texto faz uma louvação da decisão tomada, com seu autor referindo o fato de que a cidade estava tranquila, não havia filas nos supermercados nem nos cinemas, e sobravam lugares nos restaurantes. Hoje, na mesma publicação, outro cronista descreve uma Porto Alegre de ruas vazias, quase desabitada nesses dias de festas e início de veraneio. Apesar do cenário desolador da sua narrativa, o autor do texto não parece estar lamentando o fato, pelo contrário, dá a impressão de que tal quadro o agrada. Em outro jornal da capital gaúcha, hoje, na seção de cartas, um leitor mostra-se inconformado com a duração dos espetáculos pirotécnicos de Ano Novo nas principais capitais brasileiras e o grande número de fogos de artifício que são gastos em tais festividades. Conforme o leitor, por menor que seja o gasto com os fogos, esse dinheiro poderia  ser melhor aplicado em creches, hospitais e escolas. Acrescenta o autor da carta que em Sidney, na Austrália, o espetáculo de fogos durou bem menos que nas cidades brasileiras, e que não entende o porquê de se comemorar tanto uma passagem de ano, como se fosse a última de nossas vidas. Na mesma seção outra carta questiona o rigor que fez com que a Usina do Gasômetro fosse fechada por falta de estrutura para combate a incêndios, enquanto bares e casas noturnas que expõem seus frequentadores a riscos e perturbam o sossego público são tratados com condescendência. Por trás de todas essas manifestações, tanto as dos cronistas como as dos leitores, está visível a vocação do gaúcho para a infelicidade. O maravilhoso e saudável jeito de ser de cariocas e baianos, com sua exaltação do viver, seu gosto pelas festas e celebrações, é classificado, por muitos gaúchos, como coisa de vagabundos e desocupados. Por aqui, os fogos de Ano Novo são vistos como uma crueldade para os ouvidos de cães e gatos, bem mais sensíveis que os dos seres humanos. Os bares e casas noturnas são tidos como antros de permissividade e desordem. Em vez de celebrar a vida,  o gaúcho parece ter obsessão por defender o direito ao sossego. O argumento é o de que as casas de diversão são barulhentas, não permitindo que quem mora em seu entorno possa descansar após um dia árduo de trabalho. Ora, tanto quanto é direito de alguns buscar o sossego, o é de outros tantos de se divertir. Certos argumentos chegam a ser ridículos, pela pobreza de seu conteúdo. É o caso  do leitor já citado acima que acha que os recursos gastos com fogos seriam melhor aplicados em creches, escolas e hospitais. Trata-se de um discurso demagógico e falso moralista. Primeiro porque os gastos com fogos são de valor irrisório diante do que necessitam esses estabelecimentos. Em segundo lugar porque, muito provavelmente, o leitor em questão, apesar da manifestação que faz, não deve ter por hábito contribuir do seu próprio bolso com tais instituições. Há alguns anos, algumas personalidades da capital gaúcha criaram a Sociedade dos Amigos de Porto Alegre (SAPA), uma instituição sem sede nem estatuto, que visava difundir a ídeia de que, no verão, bom mesmo é ficar em Porto Alegre e aproveitar seu trânsito calmo, seus cinemas sem filas, seus restaurantes com várias mesas á disposição. Isso numa cidade que não tem praia, nenhum ponto turístico, e que, nessa época do ano, apresenta um calor sufocante. O gaúcho, por não saber ser feliz, incomoda-se com a felicidade alheia. Vive mergulhado num estado de mau humor. Não é por acaso que, embora esses dados sejam pouco divulgados pela imprensa, Porto Alegre seja a capital brasileira que, percentualmente, tem o maior número de jovens que consomem drogas, e o Rio Grande do Sul é o estado do país onde mais ocorrem suicídios. A vida não combina com o silêncio, ela é, naturalmente, buliçosa, movimentada, trepidante, frenética. Se você acha isso um absurdo tente pensar no primeiro lugar que lhe vem a mente como sendo absolutamente silencioso. Muitos  lembrarão, logo, de um cemitério. Afinal, lá todos estão mortos.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A volta do futebol

O dia de hoje marca a volta de vários clubes do futebol brasileiro às atividades, incluindo Grêmio e Inter. A última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011 aconteceu no dia 04/12, portanto, há exatamente um mês, período previsto para as ferias dos jogadores. Alguns clubes voltarão aos trabalhos nos próximo dias, e o Santos, cujo ano se prolongou com  a disputa do Campeonato Mundial de Clubes, só retornará no dia 11. A bola no Brasil, na verdade, não para por muito tempo. No dia seguinte ao encerramento do Brasileirão começou o Campeonato Brasileiro Sub-20, que terminou quatro dias antes do Natal. Agora, antes que os jogos  dos profissionais recomecem, está sendo disputada a tradicional Taça São Paulo de Futebol Júnior, que terminará dia 25, data do aniversário da cidade de São Paulo, quando os campeonatos estaduais e a pré-Libertadores já terão iniciado. Como se vê, o show não pode parar. Os grandes clubes não apresentam muitas novidades nesse retorno, com exceção do Grêmio, que contratou em qualidade e quantidade  e ainda não encerrou a busca por reforços. O Palmeiras contratou um único jogador. Os reforços do São Paulo não empolgam. O Flamengo não adquiriu reforços de peso e ainda tenta manter Thiago Neves. O Fluminense, depois do Grêmiio, foi quem melhor contratou. O Inter trouxe apenas um reforço. Atlético Mineiro, Cruzeiro, Vasco e Botafogo não fizeram grandes movimentos em termos de contratações. O  Santos também não. O Corinthians parece querer, apenas, preservar seu time campeão brasileiro de 2011, sem fazer maiores acréscimos. Não há, como se vê, grandes mudanças nos times brasileiros, mas, mesmo assim, os torcedores já estão se preparando para mais um ano. Em breve, a bola vai rolar novamente. Confesso que, apesar de amante do futebol, acho que poderíamos ter um período maior de recesso, para descansar da imensa carga de jogos com que lidamos a cada ano. Porém, a realidade é que, nos próximos dias, começa tudo de novo no futebol. Então, que sejamos brindados com um bom futebol. Bom 2012 futebolístico para todos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A injustiça como regra

O tema está longe de ser original, eu sei, mas é pertinente. No Brasil, de forma usual, o poder Judiciário age com rigor para com os despossuídos, e com leniência para os mais abastados. Isso se comprova, mais uma vez, com o caso referente a um acidente de trânsito, ocorrido no dia 1º de janeiro, numa rodovia do Rio Grande do Sul, no município de Xangri-lá. Um carro dirigido por uma modelo brasileira radicada em Portugal, que estava embriagada e sem carteira de habilitação, colidiu com dois outros carros, um deles um táxi, causando a morte de seus condutores, uma jovem de 27 anos, e o taxista, já sexagenário. O carro dirigido pela modelo pertence a  um amigo da mesma, vereador num município do litoral gaúcho, que, como ela, tem 27 anos. Os dois foram autuados em flagrante e conduzidos a um hospital para cuidar de seus ferimentos. Após obterem alta médica deveriam ser recolhidos a um presídio, mas uma decisão judicial já lhes garantiu que respondam ao processo em liberdade. Assim é a Justiça brasileira. Pune com rigor os praticantes de pequenos furtos, ou outras ilicitudes de pouca monta. Já quando se trata de pessoas com alguma influência, capazes de contarem com bons advogados,  a impunidade é o procedimento mais comum. Com base em argumentos do mais puro "juridiquês" ou em falsos conceitos de defesa dos direitos do cidadão, permite-se que pessoas que cometeram crimes por uma conduta temerária e irresponsável, como no caso da modelo embriagada e sem carteira de habilitação e seu amigo que lhe cedeu o volante, ceifem vidas sem que sejam privados de sua liberdade. Enquanto isso, uma mãe deixa órfão o seu filho de apenas 7 anos, e um pai de família humilde e trabalhador é arrancado do convívio dos seus. No Brasil, ontem e hoje, a justiça é uma exceção, a injustiça é uma regra. Tomara que, no futuro, mesmo que distante, isso venha a mudar. Sem isso, continuaremos a ser um país que cresce economicamente, mas que continua estagnado no seu processo civilizatório,

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Felicidade

O jornal "Zero Hora", em sua edição de ontem, publicou uma interessante matéria tendo como tema a felicidade. Trata-se de um assunto pertinente, nesse período em que um ano se encerrou e outro se inicia. Como bem colocou a matéria, felicidade é um conceito vago, variável em diferentes épocas e culturas. Porém, e o texto também aborda esse aspecto, vivemos, atualmente, uma tentativa de padronização da felicidade, estabelecendo determinados propósitos que devem ser atingidos para que ela seja alcançada. Essas metas pré-estabelecidas estão, invariavelmente, ligadas ao consumismo. Dessa forma, para ser feliz seria necessário ter um bom padrão de vida, morando numa bela casa, tendo um bom carro, viajando com assiduidade ao exterior, comprando artigos caros. O que se vê, no entanto, como resultado da busca por esse modelo de felicidade, é uma enorme frustração, ou, até mesmo, depressão. Os que alcançam todas essas conquistas, depois de obtê-las, percebem que seu vazio interior não foi preenchido. Sentem-se tão infelizes quanto antes. Os que não conseguiram atingir essa ascensão no plano material, sofrem por acreditar que essa é a razão de não serem felizes. Todos, portanto, ricos ou pobres, ainda que por motivos diferentes, sentem-se insatisfeitos, incompletos. Primeiro, porque a felicidade completa não existe, é uma ilusão. Em segundo lugar porque buscam a felicidade onde ela não está, na abastança material. A felicidade não é fácil de se conseguir, mas não é cara. Ela está presente em coisas simples. Amor, carinho, amizade, solidariedade,  convivência familiar, uma vida menos estressante, atividades de lazer, são caminhos mais eficientes no rumo da felicidade do que várias sacolas cheias de compras. Falamos em felicidade mais do que em qualquer outro momento da história, e estamos, a cada dia, mais distanciados dela. Ao nos depararmos com uma realidade totalmente diversa da felicidade propalada pela publicidade, apelamos para o álcool, as drogas, os ansiolíticos, os antidepressivos. Também neles não encontraremos o que tanto buscamos. Ser feliz exige esforço, mas não é caro, nem possui uma fórmula química. Mais do que tudo, para ser feliz é preciso redimensionar os valores sobre os quais se assenta a sociedade. Enquanto estivermos tomados pela fúria consumista e pela ideia de que só uma vida trepidante pode nos fazer felizes, estaremos cada vez mais longe de alcançar esse objetivo. Vivemos os estertores de um processo civilizacional voltado para o consumo. Ele terá de, necessariamente, ser sucedido por um retorno a uma procura maior pela reflexão, pela interiorização,  por uma visão mais humanista, da busca por valores sólidos e não descartáveis. Só quando esse dia chegar é que poderemos avistar, ao menos em perspectiva, essa tão almejada felicidade.

domingo, 1 de janeiro de 2012

A careta

Um fato, ocorrido já nos últimos dias de 2011, mostrou-se emblemático em relação ao país em que vivemos. A careta de Daniel Barbalho, de 9 anos, filho do senador Jáder Barbalho (PMDB-PA), que tomava posse naquele momento, com autorização judicial, representa a consciência, mesmo por alguém de tão pouca idade, de que há dois Brasis convivendo paralelamente. Um deles é o Brasil dos que dão duro, dos que levantam cedo, estudam e trabalham, muitas vezes sem alcançar a recompensa para tal esforço. O outro é o país dos privilegiados, dos que são mais iguais do que os outros, dos que dão o "carteiraço" para assegurar suas vantagens e prerrogativas. A posse de Jáder Barbalho, em si, já é um escárnio, uma afronta aos brasileiros honestos. Porém, como em nosso país, algumas pessoas parecem estar acima das leis, Barbalho assumiu sua cadeira no Senado. Seu filho, mesmo ainda sendo uma criança, demonstrou saber que pertence a um grupo de brasileiros para quem a lei é algo que só se aplica aos outros. Sua careta é um tapa na cara do brasileiro médio, com suas dificuldades e privações. Com apenas 9 anos, Daniel Barbalho já ostenta sua condição de privilegiado com indisfarçável satisfação. Sabe que a vida lhe reserva dinheiro fácil, mordomias, vantagens, e toda uma série de condições que são negadas ao cidadão comum. Isso não lhe constrange, pois acostumou-se a encarar tais fatos como naturais. O menino, ainda tão pequeno, é o retrato de um país brutalmente injusto e desigual, e que, pelo que mostra a sua atitude, continuará assim por muito tempo.