segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Plebiscito

Um plebiscito, a ser realizado em dezembro, fará com que os eleitores do Pará, decidam se são favoráveis, ou não, à divisão do território paraense para a criação de mais dois estados, Carajás e Tapajós. O instrumento do plebiscito é, sem dúvida, bastante democrático, porém, o assunto em questão sequer deveria ser objeto de consulta. No Brasil, não se passa muito tempo sem que alguém venha a propor a criação de novos estados, argumentando que a vastidão do território brasileiro ensejaria uma nova divisão geográfica que facilitaria a administração, impulsionando o desenvolvimento. A mesma justificativa levou, há alguns anos, a uma febre de emancipação de distritos, fazendo surgir novos municípios. O Rio Grande do Sul, por exemplo, que, há pouco mais de vinte anos, tinha 232 municípios, hoje tem 496! Em termos de novos estados, tivemos, no mesmo período, a divisão do Mato Grosso em dois, e a criação de Tocantins, surgido de parte do território de Goiás. Por trás das aparentes boas intenções estão os interesses políiticos de sempre. Cada novo município ou estado que surge implica na criação de toda uma estrutura político-administrativa, com inúmeros cargos e, consequentemente, muitos gastos. No caso dos municípios, há que se ter, no mínimo, prefeito, secretários e vereadores. No caso de novos estados, governador, secretários, deputados estaduais, deputados federais, senadores, tribunal de justiça.. São novos cargos, que geram, em torno deles, centenas de outros, numa verdadeira farra sustentada pelo dinheiro do contribuinte. Torço para que o eleitor paraense diga não à divisão do seu estado. Não vejo nenhum benefício na criação dos dois novos estados propostos. A simples divisão do território paraense em outros estados não garantirá um maior desenvolvimento para tais áreas. O ganho imediato será dos políticos ávidos por cargos e de todos os que gravitam em torno deles. O Brasil pode encontrar formas bem melhores de impulsionar o desenvolvimento de suas diversas regiões sem ter de redesenhar sua configuração geográfica. Não precisamos de novos estados, mas, sim, de administrar corretamente os já existentes.