segunda-feira, 8 de abril de 2013

A morte da Dama de Ferro

Margareth Thatcher morreu, hoje, aos 87 anos. Sua saúde já vinha debilitada desde 2002, e um AVC tirou-lhe a vida. Por uma questão de princípios, jamais me regozijo com a morte de qualquer pessoa. Não quero o mal dos outros, nem mesmo das pessoas mais vis e asquerosas. A doença e a morte sempre me impactam, e não as desejo para ninguém. Esclarecido esse aspecto, coloco muito claramente minha opinião sobre a ex-primeira-ministra da Inglaterra. Foi uma governante que reuniu tudo que pode haver de pior num político. Entres suas características estavam a insensibilidade social, o desprezo aos mais pobres, o desapreço pela democracia, a amizade com ditadores sanguinários, a opção pelo estado mínimo, que privatiza os lucros e socializa os prejuízos. Para se ter uma ideia de sua visão de mundo, basta destacar que Thatcher era amiga de Augusto Pinochet, o golpista ditador e assassino do Chile, e execrava o venerável Nélson Mandela, ex-presidente da África do Sul. Junto com Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos, Margareth Thatcher empenhou-se pelo fim do bloco comunista. O esfacelamento da União Soviética e a queda do Muro de Berlim foram saudados como o fim de uma era e o início de novos tempos. As consequências práticas da quebra da dicotomia entre comunismo e capitalismo, contudo, foram as piores possíveis. Em vez de um mundo dividido entre dois pólos ideológicos, estabeleceu-se um "samba de uma nota só" em que o capitalismo em sua forma mais selvagem e desumana passou a dar as cartas. A crise econômica que, desde 2008, varre os Estados Unidos e a Europa é a demonstração flagrante da inviabilidade dos preceitos neoliberais. A imprensa conservadora, os banqueiros, os empreiteiros, os donos de grandes fortunas, por certo, tecerão grandes homenagens a Thatcher. Porém, o que ela merece mesmo é o esquecimento. Thatcher pertence a um grupo onde se encontram o já citado Reagan e George W. Bush, outro ex-presidente americano, o dos governantes que reúnem, a um só tempo, autoritarismo, cinismo, insensibilidade, elitismo. O lugar de tais figuras é o rodapé da história, pois não deixarão saudade.