quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Diferenças

A ação devastadora do furacão Sandy sobre Nova York e a Costa Leste dos Estados Unidos mostrou uma situação que já havia se verificado quando do ataque ás torres gêmeas, em 2001. A imprensa brasileira dá ao fato, cujas consequências são, sem dúvida, lastimáveis, um espaço muito maior do que a quaisquer outros acontecimentos do gênero. Até mesmo as tragédias ocasionadas por enchentes no Brasil, com um número, muitas vezes, maior de vítimas do que as do furacão Sandy, não recebe um tratamento editorial tão amplo. Não que se esteja, aqui, a minimizar o significado do que ocorre em Nova York e região.. Longe disso. O que chama a atenção é que, quando se trata dos Estados Unidos, tudo ganha uma amplitude maior. Ora, catástrofes naturais, e as mortes por elas ocasionadas, devem ser lamentadas seja qual for o local em que ocorram, e na mesma proporção. O fato de, nesse momento, a glamurosa Nova York estar sendo abatida pela fúria de um furacão, não faz desse acontecimento algo mais importante do que se ocorresse em qualquer outro lugar do mundo. O rastro de destruição e as vidas perdidas deixados por tais fenômenos devem ser encarados com o mesmo pesar, seja em cidades de grande evidência ou em localidades pouco conhecidas. Não há vida humana de maior ou menor valor. Lamento o que está acontecendo em Nova York, mas acho que o que lá ocorre não é mais grave por se tratar daquela que é a mais badalada cidade do mundo. A dor e o sofrimento não respeitam critérios geográficos. Não há mortos de primeira ou segunda classe.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Grêmio não tem ataque

A vitória do Grêmio sobre o Millonarios (COL), por 1 x 0, hoje à noite, no Olímpico, pela Copa Sul-Americana, deixou evidente, mais uma vez, o crônico problema ofensivo do time. Kléber não jogou, vetado pelo departamento médico, mas, pelo rendimento que vinha tendo, isso não chega a fazer diferença. O ataque que saiu jogando, com Leandro e Marcelo Moreno, foi totalmente inexpressivo. O Grêmio não jogou mal, até teve uma produção superior em relação às últimas partidas. No entanto, a falta de poder ofensivo fez com que obtivesse uma vitória magra, que não o tranquiliza para o segundo jogo, em Bogotá. Afora o desgaste físico, bastante evidente nos últimos jogos, o motivo dos seguidos empates e das vitórias de placar escasso do Grêmio está na ineficiência dos seus homens de frente. Kléber e Marcelo Moreno chegaram com enorme cartaz, ganham altos salários, mas suas atuações são decepcionantes. Leandro e André Lima são jogadores muito deficientes, e não se constituem em boas alternativas. O Grêmio criou um número razoável de chances de gol contra o Millonarios, mas fez apenas um. Com isso, jogará pelo empate em Bogotá, mas terá muitas dificuldades. Menos mal que a classificação para a Libertadores está praticamente assegurada via Campeonato Brasileiro. Para o ano que vem, contudo, o Grêmio terá de contratar novos atacantes. Os que possui são jogadores de grande prestígio, mas não estão rendendo o que deles se espera.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A mercantilização da saúde

A revista "Veja" traz, nas páginas amarelas de sua edição dessa semana, uma entrevista com Edson de Godoy Bueno, que vendeu 60% das ações da Amil, a maior operadora de planos de saúde do Brasil, para a empresa americana United Health Group. O interessante na entrevista de Bueno, que já era milionário e aumentou ainda mais a sua fortuna, é a maneira como encara os planos de saúde privados. Para ele, percebe-se por suas respostas, trata-se de um bom negócio como outro qualquer. Os planos de saúde privados, no Brasil, cobram caro e atendem mal a sua clientela, mas tornaram-se necessários diante da   perspectiva, aterradora para a maioria das pessoas, de depender do Sistema Único de Saúde (SUS). A venda de ações da Amil, por certo, trará mais prejuízos aos adquirentes dos seus planos, pois a United costuma trabalhar em regime de coparticipação, isto é, o cliente paga uma parte da consulta. Bueno, no entanto, é a favor da coparticipação. Para o empresário, esse é um sistema mais eficiente e justo, pois cobra do paciente uma taxa que desestimula a ida ao consultório sem necessidade, mas não impede o atendimento quando for preciso. "Aumentando a produtividade é possível melhorar o atendimento sem aumentar custos", argumenta Bueno, como se estivesse falando de produção industrial, e não de vidas humanas. Bueno rebate as críticas aos planos privados de saúde, e diz que eles atendem bem à sua clientela. Ele critica o usuário brasileiro de classe média que, conforme diz, quando vai para o hospital, não quer nem ouvir falar em enfermaria. "O paciente precisa é de um bom atendimento, não do melhor quarto", declara Bueno. Dentro de seu pragmatismo, Bueno propõe, para os clientes de baixa renda, unidades que possibilitem a realização de exames de madrugada, pois não vê mal algum nisso. "Ao criar produtos para essa faixa de renda, é preciso considerar que, se o paciente não que esperar um mês para fazer um exame, talvez tenha de fazê-lo à noite e até de madrugada", afirmou Bueno. Ler as atrocidades ditas por Bueno só teve um efeito prático sobre mim, que foi o de aumentar minha ojeriza à economia de mercado.

domingo, 28 de outubro de 2012

A vitória de Haddad

O que as pesquisas das últimas semanas anunciavam confirmou-se, hoje, e Fernando Haddad (PT)  é o novo prefeito de São Paulo. Uma vitória de grande expressão, porque teve de enfrentar muitos obstáculos, inclusive, no próprio partido. A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, esperava ser indicada para concorrer novamente ao cargo. O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, no entanto, optou por Haddad, o que gerou a inconformidade de Marta e um abalo partidário. Depois de meses de turbulência, Marta foi aquinhoada com o cargo de ministra da Cultura e se engajou na campanha de Haddad. Porém, o candidato ainda teria outros desafios a superar. A imprensa tratava de desconstruir sua imagem, classificando sua gestão como ministro da Educação de fracassada. As primeiras pesquisas lhe davam um índice baixíssimo de intenção de votos, e apresentavam Celso Russomano (PRB) como o favorito para ganhar a eleição. Russomano sequer chegou ao segundo turno, que foi disputado por Haddad e José Serra (PSDB). O noticiário dava conta da perspectiva de um grande fracasso do PT na eleição de São Paulo, enterrando Lula como indutor de votos e mostrando os sinais de um tal "efeito mensalão". Haddad, contudo, repetiu a trajetória de Dilma Roussef na eleição para presidente. Ela também começou com índices mínimos de intenção de voto, e acabou se elegendo com grande vantagem, assim como aconteceu com Haddad. O mais interessante é que ambos enfrentaram, no segundo turno, o mesmo adversário, José Serra, que, tudo indica, teve sepultada sua carreira política, pelo menos para a disputa de cargos majoritários. A vitória de Haddad é, sobretudo, um triunfo de Lula. Ele elegeu, num espaço de dois anos, Dilma e Haddad, candidatos tidos como sem apelo junto ao eleitorado. Dessa forma, Lula confirma a ideia de que é capaz, até, de eleger um poste, se assim o desejar. O ex-presidente mostra que ainda é o maior líder popular brasileiro, que o mensalão em nada arranhou essa condição, e de que a possibilidade do PT perder o poder na próxima eleição para presidente é quase inexistente. O eleitor de São Paulo desconsiderou as invectivas contra Haddad e o escolheu para prefeito. Preferiu optar pelo novo, em vez de apostar em velhas e desgastadas alternativas.

sábado, 27 de outubro de 2012

Melhora tardia

O Inter venceu seu segundo jogo consecutivo no Campeonato Brasileiro, ambos por 2 x 1 e de virada. Dessa vez o derrotado foi o Palmeiras, no Beira-Rio. No entanto, ainda que muitos torcedores continuem a sonhar com a classificação para a Libertadores, a melhora do Inter ocorreu tardiamente. Se é verdade que a vitória sobre o Palmeiras, combinada com a derrota do Vasco para o Corinthians, fez com que o Inter ultrapassasse o clube carioca na tabela, a distância para o 4º colocado, o São Paulo, permanece de sete pontos, e faltam apenas cinco rodadas para o fim do Brasileirão. Afora recuperar um pouco da auto-estima do clube e da torcida, as vitórias do Inter nos seus dois últimos jogos não deverão ter maiores efeitos práticos. O despertar do Inter se deu tarde demais.

Podia ser bem melhor

O Grêmio empatou apenas um jogo em todo o primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Porém, no segundo turno, os empates se sucedem. Hoje, no 1 x 1 com o Bahia, no Pituaçu, o Grêmio empatou o seu quarto jogo consecutivo no Brasileirão, e, a exemplo de outras partidas, poderia ter obtido um resultado bem melhor. Depois de um primeiro tempo em que teve pouca posse de bola e quase não chutou a gol, mas teve a sorte de empatar dois minutos depois de o Bahia abrir o placar, o Grêmio dominou amplamente o segundo tempo, perdeu, pelo menos, duas grandes oportunidades, ambas com Leandro, e poderia ter saído com a vitória. A falta de poder ofensivo do Grêmio, no entanto, está cobrando o seu preço. Kléber, ainda que tenha feito o gol, voltou a não jogar bem. Marcelo Moreno nada fez, e acabou substituído por Leandro que, como já foi referido, desperdiçou duas grandes chances de gol. Afora isso, no meio de campo, Elano segue em sua preocupante má fase. Os vários jogos sem vitória já apresentam suas consequências. O Grêmio já está apenas dois pontos na frente do São Paulo, que vem fazendo uma grande campanha de recuperação. Com isso, poderá perder o terceiro lugar na competição, que parecia ter assegurado. Menos mal que ainda haverá o confronto direto entre os dois clubes, e ele será no Olímpico. Agora, prosseguindo em sua incrível maratona de partidas, o Grêmio jogará, terça-feira, em casa, contra o Millonarios (COL), pela Copa Sul-Americana. Como o segundo jogo é fora de casa, convém ao Grêmio estabelecer uma vantagem confortável na primeira partida, a fim de melhor encaminhar sua classificação para a próxima fase.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A elitização do futebol

Está gerando grande e negativa repercussão entre os sócios do Grêmio o fato de que terão de comprar ingresso para assistir ao jogo inaugural do novo estádio do clube, a Arena, contra o Hamburgo, no dia 8 de dezembro. São muitas as alegações do clube para assim proceder. Entre outras coisas, a de que o jogo será apenas a culminância de todo um dia de festejos e atrações as mais diversas. Argumenta-se, também, que os direitos dos sócios no novo estádio só começarão a vigorar a partir de janeiro. Outra razão apresentada é a de que os patrocinadores não cobriram inteiramente os custos do evento. Seja como for, os sócios tem todos os motivos para se sentirem insatisfeitos por terem de disputar ingressos que lhes deveriam estar assegurados, quanto mais não seja, porque enfrentarão uma significativa majoração no valor de suas mensalidades quando da migração para o novo estádio. Se me ocupo de uma questão que parece muito específica e de interesse restrito é porque vejo nela a ponta de um iceberg. O futebol, reconhecido como o esporte das multidões, entranhado nas camadas mais humildes da população, caminha, no Brasil, para uma evidente elitização. A realização, no país, da Copa do Mundo de 2014, levou à construção de novos e modernos estádios e à remodelação de antigas praças de esporte, ainda que nem todos irão sediar jogos da competição. Isso é ótimo, porém, como costumam dizer os defensores do capitalismo, não existe almoço grátis. Já nos dias de hoje, o preço médio do ingresso nos estádios brasileiros tem afastado os torcedores menos aquinhoados financeiramente. Nos novíssimos e sofisticados estádios, bem como nos reformados, isso se acentuará. Em troca de uma série de confortos, recursos e comodidades hoje inexistentes nos estádios, o que era um espetáculo para todos, ficará restrito aos bolsos mais cheios de alguns. Para o "povão", restará ver os jogos pela televisão. O prazer de conferir o jogo no local de sua realização ficará fora de seu alcance. Uma incrível contradição num país que é governado, há nove anos, pelo Partido dos Trabalhadores.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Tatata Pimentel

Toda a cidade tem seus personagens característicos, pessoas que são indissociáveis da sua paisagem urbana. No caso de Porto Alegre, Tatata Pimentel era uma dessas figuras. Sua morte, aos 74 anos, priva a cidade de uma de suas personalidades fundamentais. Tatata foi professor e comunicador, mas, também, muito mais do que isso. Foi agitador cultural, intelectual, boêmio. Sua cultura era vasta, enciclopédica. Amava os livros e a música. Era um apreciador das óperas. Lia compulsivamente. Era um homem extravagante em suas atitudes, mas que sempre teve o respeito de todos, que nele reconheciam o talento e o brilhantismo. Esse final de ano está sendo cruel com Porto Alegre. Na mesma semana, duas pessoas das mais queridas e emblemáticas da cidade faleceram. Primeiro Jorge Mendes, agora Tatata Pimentel. A sensação que se abate sobre seus amigos e admiradores é a de um imenso vazio, e de uma grande saudade.

Dando força para o rival

Claro que a intenção do Inter não era essa, mas com sua vitória sobre o Vasco, por 2 x 1, de virada, hoje á noite, em São Januário, beneficiou muito mais ao Grêmio, seu maior rival, do que a si próprio. Embora diga acreditar nas possibilidades matemáticas que lhe restam, o Inter sabe que não tem chances de se classificar para a Libertadores. Ao ganhar do Vasco, e deixá-lo nove pontos atrás do Grêmio, faltando apenas seis rodadas para o final do Campeonato Brasileiro, o Inter praticamente definiu os quatro clubes brasileiros que irão para a Libertadores. Pela distância em pontos que possuem sobre os demais clubes, e pelo reduzido número de rodadas que falta até o final do Brasileirão, Fluminense, Atlético Mineiro, Grêmio e São Paulo, deverão ser os quatro classificados para a competição continental. A vitória serviu para o Inter satisfazer seu torcedor depois de duas derrotas consecutivas, proporcionou a primeira grande atuação de Diego Forlán, que fez os dois gols, com a camisa do clube, e marcou a volta de D'Alessandro às grandes atuações. Porém, em termos práticos, foi uma enorme ajuda para o seu mais tradicional adversário.

Só valeu pelo resultado

A vitória do Grêmio sobre o Barcelona de Guayaquil, por 2 x 1, de virada, hoje à noite, no Olímpico, valeu pela classificação obtida para a próxima fase da Copa Sul-Americana. Porém, o desempenho do time, mais uma vez, foi sofrível. O Grêmio padece de falta de poder ofensivo. Kléber continua a não jogar nada, e Marcelo Moreno só foi notado na partida quando desperdiçou uma oportunidade de gol de maneira bisonha, fazendo com que o torcedor perdesse a paciência de vez. Elano foi poupado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, e ficou no banco. Pois foi somente após a sua entrada em campo, no segundo tempo, que o Grêmio melhorou de produção. Novamente, o Grêmio mostrou enormes dificuldades diante de um adversário que se feche e marque forte. Os erros de passe levaram a torcida à exasperação. Com exceção de Anderson Pico, de boa atuação, os demais jogadores deixaram a desejar. O Grêmio segue com boas campanhas nas duas competições que disputa paralelamente, o Campeonato Brasileiro e a Copa Sul-Americana, mas seu futebol não suscita nenhum entusiasmo. Existe uma base de time, mas ela precisará ser substancialmente reforçada se o Grêmio tiver grandes ambições para 2013.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Vício autoritário

O Brasil é um país que ainda não se habituou à prática da democracia. A rigor, o país só vivenciou períodos de efetiva democracia, no plano político, de 1946 a 1964 e de 1985 até os dias de hoje. Como se vê, muito pouco para um país com 512 anos de história. Isso gerou consequências terríveis, e a pior delas é o desapreço de grande parte da população pelas práticas democráticas, a defesa dos direitos humanos, e a pluralidade de ideias e comportamentos. Ao contrário do país libertino e licencioso pintado por alguns, o Brasil é, lamentavelmente, de um conservadorismo muito acentuado. Isso pode ser verificado no atual clima de polarização política que vive o país. A guerra entre PT e PSDB, ou, mais amplamente, entre os partidos de esquerda e os de direita, pelo poder, nunca esteve tão acirrada. Porém, ela não se dá, como deveria, no plano das ideias, mas, sim, em manifestações de ódio e intolerância cada vez mais explícitas. O antipetismo de colunistas como Reinaldo Azevedo e Guilherme Fiúza, das revistas "Veja" e "Época", respectivamente, atingiu um nível fóbico e doentio. Nas redes sociais, a intolerância para com os que pensam diferente é flagrante. Ninguém, por mais ilustre que seja, é poupado. Até mesmo Caetano Veloso, artista notável, foi vítima dessa ira. Por ter dito que apoia a candidatura de Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) para prefeito de Salvador, Caetano foi atacado por muitos no Facebook. A opção política do cantor e compositor, nesse caso, é surpreendente e lastimável, mas não dá a ninguém o direito de ofendê-lo ou tentar diminuir a qualidade do seu trabalho. A democracia ainda é uma planta frágil no Brasil. Precisa de muito sol e água para que possa crescer e atingir a maturidade. A radicalização de posições em nada colaborará para isso. A postura autoritária é uma marca perceptível tanto da esquerda quanto da direita. Todos querem, apenas, fazer valer sua visão de mundo, excluindo os contrários. Menos mal que, com tantos apostando no pior, as instituições brasileiras tem mostrado solidez. Contra a vontade dos radicais, o Brasil, mesmo com todas as suas mazelas, tem avançado na construção da democracia. O país ainda é muito injusto e desigual, mas tem eleições livres em todos os níveis, cujos resultados são respeitados. Os que pensam diferente de nós devem ser vistos como adversários num embate leal e democrático, não como inimigos a quem se deva destruir.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O decano sai de cena

Jorge Mendes, decano da crônica esportiva do Rio Grande do Sul, faleceu hoje, dois dias antes de completar 90 anos. Simpático e afável, era um verdadeiro repositório de histórias e fatos do futebol gaúcho e brasileiro, pois começou sua carreira em 1939. Trabalhou em diversos orgãos de imprensa e foi presidente da Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (ACEG). Mesmo com a idade avançada, permanecia lúcido e com grande vitalidade. Fazia-se presente em, praticamente, todos os jogos da dupla Gre-Nal em Porto Alegre. Afora ser um profissional competente, era um ser humano admirável. Com a sua morte, o jornalismo e a sociedade do Rio Grande do Sul ficam empobrecidos. Vai fazer muita falta!

A volta do multicampeão

Pela terceira vez, Fábio Koff foi eleito presidente do Grêmio. Koff é o dirigente mais vitorioso da história do Grêmio. Foi duas vezes campeão da América, e venceu, uma vez cada, a Recopa Sul-Americana, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Em 1995 ganhou, também, um Campeonato Gaúcho em que o Grêmio jogou a decisão com um time misto, o "Banguzinho", vencendo a competição em mais duas oportunidades. Seu retorno se dá 16 anos depois do encerramento de seu segundo período como presidente do Grêmio, e cercada de enorme expectativa da torcida. Koff já está com 81 anos, mas todos confiam de que possa ter energia para alcançar as ambiciosas metas que traçou. Tomara que as esperanças da torcida sejam plenamente atendidas. O Grêmio não merece ficar tanto tempo sem a conquista de grandes  títulos. O jejum já dura 11 anos. Fábio Koff promete o retorno aos bons tempos. Esperemos que essa aspiração se concretize, para o bem do Grêmio e, por extensão, do futebol gaúcho.

Tropeço

O empate do Grêmio com o Coritiba em 0 x 0, no Olímpico, no sábado, foi um terrível tropeço na reta final do Campeonato Brasileiro. O Grêmio não está sabendo tirar proveito da tabela que lhe concede maioria de jogos em casa nos últimos jogos do Brasileirão. Seus três últimos jogos no Olímpico terminaram empatados. Depois de empatar apenas um jogo no primeiro turno, o Grêmio já acumula sete empates no segundo. São pontos preciosos que lhe tiraram a chance de aspirar ao título e, agora, tornam difícil até a obtenção do vice-campeonato, que garantiria a classificação direta para a Libertadores, já que, com a vitória de ontem sobre o Fluminense, o Atlético Mineiro está com quatro pontos de vantagem. Menos mal que o São Paulo perdeu para o Flamengo, fazendo com que o Grêmio abrisse mais um ponto de distância sobre o clube paulista na classificação. As próximas rodadas serão decisivas para o Grêmio alcançar seus objetivos. Suas chances ainda são muito boas, mas é preciso parar de desperdiçar pontos.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Paixão nacional

O Brasil parou na noite de hoje. Estava sendo exibido o último capítulo de "Avenida Brasil", novela de um sucesso estrondoso, que mesmerizou a audiência durante meses. Não é de hoje que as novelas de televisão mostram essa capacidade de magnetizar o público. Talvez em nenhum outro país esse gênero de programa televisivo alcance tamanha repercussão. A novela surgiu praticamente junto com a televisão no Brasil. A primeira emissora brasileira, a Tupi, de São Paulo, foi inaugurada em 1950 e, já em 1951, a primeira novela ia ao ar. Ao contrário das novelas atuais, que são exibidas de segunda à sábado, a primeira tinha apenas dois capítulos por semana. A telenovela, que buscou sua inspiração inicial nas novelas de rádio, também de grande sucesso popular, foi, aos poucos, se consolidando no gosto do público. O primeiro grande sucesso do gênero talvez tenha sido "O Direito de Nascer", levada ao ar no início dos anos 60. A partir daí, até os dias de hoje, tivemos uma sucessão de novelas com grande êxito de audiência. Os setores mais intelectualizados da sociedade brasileira, ainda hoje, torcem o nariz para esse fenômeno. As novelas são consideradas, por tais grupos, como um produto culturalmente pobre e alienante. Há outros que entendem que as novelas exercem uma influência nefasta sobre o público, por difundir ideias licenciosas e comportamentos vulgares. Tanto num caso como no outro o que se manifesta é o preconceito. Como tudo que alcança grande repercussão, as novelas atraem a crítica dos invejosos e dos eternos ranzinzas. A verdade, e o ocorrido com "Avenida Brasil" só reafirma isso, é que a novela é uma paixão do povo brasileiro. Se há algo que o Brasil faz bem são as telenovelas. Sua qualidade de produção é cada vez melhor. Há várias décadas já tornaram-se um produto de exportação, sendo vendidas para países de todos os continentes. Por mero ranço ideológico, há quem manifeste desprezo às novelas. Não há razão para isso. Trata-se basicamente de uma forma de entretenimento, e que, ao contrário do viés alienante que lhe é atribuído, muitas vezes leva o público a importantes reflexões sobre as mazelas do país. Com ou sem opositores, o sucesso das novelas no Brasil permanecerá por muito tempo. Até mesmo os jornais do exterior repercutiram o fato de que o país iria parar na noite de hoje para assistir ao final de uma novela. Isso só mostra a qualidade do trabalho da equipe que a realizou, desde o autor, passando pelos atores, diretores e equipe técnica. Uma prova de que os brasileiros são capazes de realizações de alto nível, ao contrário do que pensam os propagadores do complexo de vira-latas que tanto assola o país ao longo de sua história.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Os vetos de Dilma

A presidente Dilma Rousseff vetou nove artigos do novo Código Florestal Brasileiro, aprovado pelo Congresso Nacional. Não cabe, aqui, citar em detalhes os vetos de Dilma, pois tornaria o texto muito extenso e pormenorizado. O que deve ser destacado é que, com sua atitude, a presidente atingiu diretamente os interesses de médios e grandes proprietários rurais, que eram flagrantemente beneficiados pelo novo código. A proposta original do código, aliás, foi reabilitada pelos vetos de Dilma, já que havia sido modificada durante sua tramitação no Congresso Nacional, favorecendo os médios e grandes proprietários e comprometendo a preservação ambiental. Por medidas como essa é que Dilma, a exemplo de seu antecessor e padrinho político, Luís Inácio Lula da Silva, obtém índices altíssimos de popularidade e de aprovação ao seu governo. Erros e malfeitos ocorrem em todos os governos, e no de Dilma isso também acontece. O que concede credibilidade a um governante é a coerência entre o discurso e a prática e a fidelidade aos seus princípios. Com seus vetos, Dilma mostra-se alinhada com sua trajetória histórica de esquerda. A bancada ruralista, é claro, já reclamou contra a decisão de Dilma. O vice-líder do DEM na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO), disse que a presidente está querendo legislar por decreto e quer que seus vetos sejam julgados pelo Congresso. Isso, no entanto, não deverá acontecer. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) declarou que não há espaço na pauta para o julgamento dos vetos, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que o Código Florestal Brasileiro é uma página virada. Por essas e por outras é que a direita brasileira, apoiada pela imprensa conservadora, ataca frontalmente o governo. Afinal, é a primeira vez na história do país que seus interesses estão sendo contrariados.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Desolação

A derrota do Inter para o Figueirense, por 2 x 1, em pleno Beira-Rio, estabelece, para o clube, um quadro de absoluta desolação. Depois de perder, no sábado, para o lanterna absoluto do Campeonato Brasileiro, o Atlético Goianiense, no Serra Dourada, o Inter foi batido, também, pelo vice-lanterna, e o que é pior, dentro de sua casa. Em ambos os jogos, o Inter saiu vencendo, ou seja, permitiu que os adversários ganhassem de virada. As declarações do técnico Fernandão, e do vice-presidente de futebol, Luciano Davi, soam patéticas, demonstrando a falta de rumo do clube nesse momento. O Inter fazia uma campanha insatisfatória. Agora, ela já começa a ser vexatória. A cada dia, os resultados evidenciam a necessidade de mudanças profundas no Inter. Para o ano que vem, será preciso fazer alterações radicais. Não dá para manter a mesma base de time por mais um ano. Vários jogadores já cumpriram o seu ciclo, não havendo razão para que permaneçam. O Inter do novo ano não poderá ser apenas mais um remendo numa base vitoriosa mas já envelhecida. Terá de ser um time renovado. Só assim as vitórias poderão retornar. Por enquanto, resta ao torcedor sofrer com a sucessão de fiascos, e sonhar com dias melhores.

Montanha-russa

O empate do Grêmio em 2 x 2 com o Fluminense, hoje à noite, no Engenhão, levou seus torcedores, a exemplo do que já havia acontecido no domingo, a viverem uma montanha-russa de emoções. O Grêmio jogou melhor, praticamente, durante toda a partida. Ainda no primeiro tempo, poderia ter feito gols. No início do segundo tempo, finalmente, abriu o placar, mas não sustentou a vantagem, permitindo o empate numa falha de marcação, após uma cobrança de escanteio. Um pouco depois, sofreu a virada, num chute de longa distância de Rafael Sóbis. Mesmo que o chute tenha sido forte e bonito, houve falha do goleiro Marcelo Grohe, pois ele estava adiantado e a bola foi na sua direção. Como se não bastassem esses terríveis erros, Marcelo Moreno, que estava no banco, foi expulso 43 segundos depois de entrar em campo, por uma cotovelada em Rafael Sóbis. O cenário que se apresentava para o Grêmio era desastroso. Afinal, perdia o jogo e tinha um homem a menos. No entanto, o Grêmio mostrou capacidade de reação, e o que poderia se transformar numa goleada do Fluminense acabou num empate. Ficou a impressão, ainda, de que se o jogo durasse mais alguns minutos, o Grêmio conseguiria virar a partida, novamente. Em termos de classificação, o resultado foi pouco útil, pois o Grêmio continua 11 pontos atrás do Fluminense, e, agora, restam, apenas, sete rodadas para o final do Campeonato Brasileiro. Porém, o Grêmio soube reagir à adversidade, o que mantém seu ânimo em alta para os jogos que faltam até o encerramento do Brasileirão.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Com cara de Seleção

A goleada da Seleção Brasileira por 4 x 0 sobre o Japão, hoje, em Breslávia, na Polônia, parece apontar novos rumos para a equipe. Ainda que o Japão esteja longe de ser um adversário fortíssimo, também não é uma seleção desprezível. Na semana passada, por exemplo, ganhou da França, em Paris. Se antes não se tinha ideia de qual era a equipe titular da Seleção, agora ela já parece ter sua definição encaminhada. Com a entrada de Kaká, a lacuna existente no meio de campo pode, finalmente, estar sendo preenchida. Com exceção do goleiro, posição ainda em aberto, a defesa parece estar escalada, com Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo. Daniel Alves e Marcelo estão machucados, mas, quando voltarem, serão titulares, sem discussão. O meio de campo achou sua dupla de volantes, Paulinho e Ramires, ambos em excelente fase de suas carreiras. Com Kaká e Oscar nas meias, o setor apresenta um alto nível técnico. No ataque, Neymar dispensa considerações. O único senão é a presença de Hulk, um atacante vigoroso e esforçado, mas sem o padrão técnico dos demais jogadores. O técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, está optando por uma equipe sem um centroavante de ofício, com o que não concordo. Acho imprescindível a presença de um centroavante, e entendo que o técnico deve passar por cima de qualquer atrito pessoal e convocar Fred que é, indiscutivelmente, o melhor do país. O que fica do jogo de hoje, contudo, é que, com todas as ressalvas que se façam em relação ao nível de exigência da partida, a Seleção Brasileira apresentou  uma ideia de conjunto, mostrou identidade. Depois de mais de dois anos sob o comando de Mano Menezes, a Seleção Brasileira, enfim, tem uma cara.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O escândalo das arbitragens

O Campeonato Brasileiro de 2012 já vinha chamando a atenção pelo péssimo nível das arbitragens, num patamar nunca antes visto. Porém, depois da rodada do último fim de semana, o que parecia apenas fruto da má qualidade dos árbitros já dá margem a desconfianças de que algo mais grave esteja por trás de tal quadro. Os erros cometidos pelo árbitro Niélson Nogueira Dias (PE) no jogo entre Fluminense 2 x 1 Ponte Preta, em São Januário, são intoleráveis, pois determinaram o resultado da partida e praticamente definiram quem será o campeão do Brasileirão. O Fluminense perdia o jogo até os 38 minutos do segundo tempo quando o árbitro, que já havia expulsado um jogador da Ponte Preta, marcou um pênalti inexistente para o clube carioca. Poucos minutos depois, inverteu uma falta em favor da Ponte Preta, marcando-a para o Fluminense que, nesse lance, obteve o gol da vitória. No jogo entre Atlético Mineiro 2 x 1 Sport, no Independência, um pênalti claro em favor do clube pernambucano, aos 48 minutos do segundo tempo, não foi marcado pelo árbitro Flávio Rodrigues Guerra (SP), influindo diretamente no resultado. Os árbitros dessas partidas, e o bandeirinha Bruno Boschilia (PR), que trabalhou no jogo Flamengo 1 x 1 Cruzeiro, no Engenhão, e marcou um impedimento inexistente num gol do rubro-negro foram suspensos, o que já havia ocorrido com outros que haviam errado anteriormente. O efeito prático dessas suspensões, contudo, não parece ser relevante. Afora isso, os clubes que foram prejudicados não recuperarão seus pontos. Os erros sucessivos e cada vez mais graves das arbitragens já mancharam o campeonato de maneira irremediável. Mais cedo ou mais tarde, por mais que a Fifa resista à ideia, terá de ser implementado no futebol o auxílio eletrônico às arbitragens, a exemplo do que ocorre em outros esportes. Por mais cara e de difícil implementação que seja essa medida, ela terá de ser tomada, ou a credibilidade do futebol ficará totalmente comprometida.

domingo, 14 de outubro de 2012

Um dia de sonhos e frustrações

O empate do Grêmio com o Botafogo em 1 x 1, hoje, no Olímpico, causou uma enorme frustração no seu torcedor. O resultado, combinado com as vitórias de Fluminense e Atlético Mineiro, deixou o Grêmio, novamente, em terceiro lugar no Campeonato Brasileiro. Agora, o Grêmio está 11 pontos atrás do Fluminense, o que torna a conquista do título quase impossível. O pior para a torcida do Grêmio é que os resultados parciais chegaram a ser inteiramente favoráveis. O Atlético Mineiro estava perdendo para o Sport, no Independência, e só virou o jogo no final. O mesmo aconteceu na partida entre Fluminense e Ponte Preta, em São Januário. Caso os resultados iniciais persistissem, o Grêmio, com uma vitória, ficaria com três pontos a mais que o Atlético Mineiro e diminuiria para seis pontos a sua desvantagem para o Fluminense. Como se não bastassem as viradas de seus concorrentes, o Grêmio permitiu o empate ao Botafogo já no final do jogo. Uma enorme ducha de água fria, que, afora a decepção do torcedor, deve ter abalado o ânimo do grupo. Porém, mais do que nunca, o jogo do Grêmio contra o Fluminense, na próxima quarta-feira, no Engenhão, é decisivo. Se ganhar, o Grêmio diminui um pouco sua distância para o adversário, impede que o Atlético Mineiro também amplie sua diferença sobre ele, atualmente de dois pontos, e evita a aproximação de clubes que estão atrás na tabela. A boa notícia é que titulares importantes, cujas ausências foram muito sentidas hoje, estarão de volta. O empate contra o Botafogo foi um baque, mas nada está perdido. O título, embora cada vez mais distante, ainda não está decidido, e a classificação para a Libertadores continua muito bem encaminhada. Não é hora para o Grêmio se deixar abater. O Brasileirão ainda pode trazer muitas alegrias para o clube.

sábado, 13 de outubro de 2012

Hecatombe

A derrota do Inter para o Atlético Goianiense, lanterna do Campeonato Brasileiro, por 3 x 1, de virada, hoje, no Serra Dourada, é um desastre de imensas proporções. O Inter acumula erros desde 2011, mas insiste em não reconhecê-los, no que é seguido pela imprensa esportiva do Rio Grande do Sul que, historicamente simpática ao clube, sempre trata de tapar o sol com a peneira quando se trata de apontar os equívocos nele praticados. Os problemas do Inter não são de agora. O clube já havia cometido um erro brutal quando, no final de 2010, renovou o contrato de Celso Roth, técnico do maior vexame não só do Inter mas de um clube brasileiro em toda a história, a derrota para o Mazembe, do Congo, pelas semifinais do Mundial de Clubes daquele ano. Roth iniciou o trabalho em 2011, mas, ainda durante a primeira fase da Libertadores, foi demitido. Veio Falcão que, mesmo tendo sido campeão gaúcho, ficou, apenas, três meses no cargo. O Inter ainda seria treinado, no ano passado, pelo interino Osmar Loss, até que veio Dorival Júnior. Como o Inter conseguiu, na última rodada do Brasileirão, classificar-se para a Pré-Libertadores, parecia que estava tudo bem. Não estava. Uma análise mais detalhada da campanha do clube naquela competição mostraria que ele teve mais sorte que juízo. Afinal, das 38 rodadas, apenas em três delas o Inter alcançou o quarto lugar. Uma delas foi a última, o que lhe valeu a ida para a Libertadores. Porém, em 17 rodadas, o Inter esteve em 7º lugar. Em 2012, o que era ruim ficou pior. O Inter ficou o campeonato inteiro oscilando entre o 5° e o 8° lugares, sempre insistindo, com a concordância da imprensa, de que iria entrar na zona de classificação para a Libertadores. A goleada de 3 x 0 sobre o Atlético Mineiro, na quarta-feira passada, serviu para sustentar o discurso fantasioso, pois fez o Inter diminuir sua diferença para o 4º colocado. Hoje, finalmente, a máscara caiu. Não há mais como sustentar um discurso esperançoso, dizer que o Inter não vai jogar a toalha. Não há mais toalha, ela já caiu das mãos do Inter faz tempo. As possibilidades matemáticas do Inter se classificar para a Libertadores existem, mas não são mais que um exercício de ficção dos mais delirantes. Seria preciso vencer sete jogos e empatar um nos oito que faltam. A realidade é que 2012 acabou para o Inter. Dentro de campo resta-lhe, somente, cumprir tabela. Fora dele, buscar, na eleição para presidente do clube, que terá seu primeiro turno em novembro, a retomada do caminho que leva ás vitórias. Não é crível que a sujeira continue a ser empurrada para debaixo do tapete. O Inter, há muito tempo, necessita de mudanças. A derrota para o Atlético Goianiense é uma hecatombe. A partir dela, um novo rumo será inevitável.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Esforço inútil

Várias vezes abordei aqui matérias publicadas pela revista "Veja", destacando sua linha abertamente direitista. Muitos talvez considerem minha conduta persecutória à publicação, e entendam que ela tem o direito de proceder dessa forma. Respeitosamente, não concordo com essa visão. "Veja" é a revista semanal de informação brasileira de maior tiragem, mais de 1 milhão de exemplares. A própria publicação gaba-se de ser a 3ª maior revista semanal de informação do mundo. Ora, um veículo de comunicação desse porte não pode se mostrar tão faccioso e panfletário. A objetividade jornalística fica longe de suas páginas, sempre carregadas de um ódio fóbico à esquerda e de uma louvação ao neoliberalismo. O mais curioso é que todo esse esforço tem sido infrutífero. Com toda a sua carga contra o PT, "Veja" não conseguiu evitar que Luís Inácio Lula da Silva se elegesse duas vezes presidente, nem que fizesse de Dilma Rousseff a sua substituta no cargo. No entanto, apesar dos reiterados fracassos, a revista não desiste. Temerosa de que o PT consiga vencer a eleição para prefeito de São Paulo, o que fortaleceria, ainda mais, o projeto de poder do partido, "Veja" procurou bombardear a candidatura de Fernando Haddad desde o início. Haddad era apresentado como um candidato de índices baixíssimos de intenção de voto. Porém, abertas as urnas, Haddad chegou ao segundo turno junto com José Serra, o candidato preferido da revista. As primeiras pesquisas já indicam que Haddad deverá ganhar a eleição. "Veja", então, como não poderia deixar de ser, assumiu abertamente sua defesa de Serra. O apoio do execrável pastor Silas Malafaia à Serra não é criticado por "Veja". Em sua edição on-line, quem é atacado é Haddad que estaria desrespeitando o direito de Malafaia de, em nome de sua "fé", atacar o "kit-gay", criado pelo Ministério da Educação, para distribuição nas escolas, no período em que Haddad era o responsável pela pasta. Na verdade, tratava-se de um kit anti-homofobia, iniciativa bastante pertinente nos tempos atuais. Em suas matérias e nos textos de seus colunistas, "Veja" continua engajada na tarefa de desalojar o PT do poder, colocando a direita, novamente, em seu lugar. Pelo que estão a demonstrar as pesquisas para o 2º turno da eleição para prefeito de São Paulo, esse esforço, mais uma vez, deverá mostrar-se inútil.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mais um amistoso sem valor

Em mais um amistoso sem nenhum proveito técnico, a Seleção Brasileira goleou o Iraque, hoje, em Malmöe, na Suécia, por 6 x 0. Diante de adversário tão fraco, qualquer avaliação fica prejudicada, mas o jogo serviu, pelo menos, para que Oscar mostrasse, mais uma vez, sua técnica exuberante, Kaká, em seu retorno, jogasse um grande futebol, Neymar e Lucas, ainda que em lampejos, exibissem sua qualidade, Hulk reafirmasse sua vocação para fazer gol. O próximo amistoso, terça-feira, contra o Japão, também não será um grande teste, mas, por certo, apresentará um grau de exigência maior. Ainda assim, estará muito longe do nível que se espera dos adversários da Seleção Brasileira, para que se possa verificar sua potencialidade.

Subindo mais um degrau

Com a vitória de 3 x 1 sobre o Sport, hoje á noite, na Ilha do Retiro, o Grêmio alcançou o segundo lugar no Campeonato Brasileiro. Embora tenha o mesmo número de pontos que o Atlético Mineiro, 56, o Grêmio o supera em número de vitórias, o que lhe confere, temporariamente, a vice-liderança. O fato é importante porque, afora galgar mais uma posição, o Grêmio, se nela permanecer, garantirá a classificação direta para a Libertadores, sem a necessidade de disputar a fase prévia da competição. Outra possibilidade, ainda que remota, é a luta pelo título. O Fluminense, primeiro colocado, tem nove pontos de vantagem sobre o Grêmio, faltando apenas nove rodadas para o final do campeonato, uma diferença muito difícil de ser tirada. Porém, ainda que em casa, o Fluminense terá confrontos diretos contra Grêmio e Atlético Mineiro, e irá jogar, no Morumbi, contra o São Paulo, que está em ascensão. Caso venha a sofrer tropeços nessas partidas, o Fluminense ainda poderá conceder, para Grêmio e Atlético Mineiro, a chance de chegar ao título. O próximo jogo do Grêmio será domingo, no Olímpico, contra o Botafogo, certamente com o estádio lotado. Depois, na quarta-feira, a esperada partida contra o Fluminense, no Engenhão. Serão jogos importantíssimos, que poderão definir não só a sorte do Grêmio no Brasileirão, mas, até mesmo, a eleição para presidente do clube, que terá o seu segundo turno no dia 21.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Título encaminhado

A vitória do Fluminense por 2 x 0 sobre o Bahia, no Pituaçu, combinada com a goleada de 3 x 0 do Inter contra o Atlético Mineiro, no Beira-Rio, praticamente encaminhou o título do Campeonato Brasileiro para o clube carioca. Afinal, o Fluminense, primeiro colocado, abriu nove pontos de vantagem para o Atlético Mineiro faltando apenas nove rodadas para o término do Brasileirão. Mesmo que o Grêmio ganhe do Sport amanhã também ficará nove pontos atrás do líder. O Fluminense ainda fará alguns jogos difíceis ate o final da competição, é verdade, mas sua vantagem é muito ampla para que possa ser desmanchada. Afora isso, enfrentará seus mais próximos perseguidores, Atlético Mineiro e Grêmio, jogando em casa. Não bastasse fazer uma campanha excepcional, com apenas duas derrotas em 29 partidas disputadas até aqui, o Fluminense tem o mesmo nível de desempenho quer o jogo seja em casa ou fora. Outros fatores também o tem ajudado, como a não marcação de pênaltis claros em favor de seus adversários e a absurda suspensão, por uma partida, de Ronaldinho, principal jogador do Atlético Mineiro, por um lance em que o árbitro não marcou falta, nem apresentou cartão. Essa confluência de dados favoráveis torna quase impossível que outro clube venha a ser o campeão brasileiro. Resta para Atlético Mineiro e Grêmio a chance de tentar vencer o Fluminense no confronto direto, ainda que na incômoda condição de visitantes, para que o título não seja definido antes da rodada final. Ao golear o Atlético Mineiro, o Inter beneficiou muito mais a outros do que a si próprio. O resultado aumentou as chances de título do Fluminense, e permitirá que, caso vença o Sport amanhã, o Grêmio, maior rival do Inter, suba para o 2 º lugar na tabela, que garante classificação direta para a Libertadores. Para o Inter, a vitória teve pouco efeito prático, pois sua classificação para a Libertadores continua sendo uma hipótese altamente improvável.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A catarse da oposição

Não seria possível abordar qualquer outro assunto, no dia de hoje, que não fosse a condenação do ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, no julgamento do mensalão. Há poucos dias, escrevi pela primeira vez sobre o assunto, que vem dominando os espaços da imprensa brasileira nos últimos meses, e hoje torno a fazê-lo, por ter o mesmo atingido o seu momento de maior impacto. A esperada condenação de José Dirceu está sendo uma catarse para a oposição aos governos do PT e os setores da imprensa que com ela se alinham. Eles nutrem uma férrea esperança de que, a partir da comprovação da existência do mensalão e da condenação de seu principal artífice, comece a derrocada do partido, abrindo a perspectiva de sua derrota já nas eleições presidenciais de 2014. Porém, afora a imensa vontade que possuem de que isso aconteça, não há nada de concreto que indique que os fatos se desenrolarão nesse rumo. A ida de Fernando Haddad para o segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo, por exemplo, é um acontecimento em sentido contrário. Evidencia que o prestígio do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, padrinho da candidatura de Haddad, continua altíssimo junto ao eleitorado. O caso do mensalão surgiu em 2005 e foi, desde então, amplamente explorado pela imprensa e pela oposição. Isso não impediu que, em 2006, Lula se reelegesse presidente, nem que, em 2010, fizesse de Dilma Roussef a sua substituta no cargo. Dilma, aliás, atingiu índices de popularidade ainda mais altos que os de Lula, suplantando-o na condição de presidente mais popular da história do país. Por mais que a imprensa e a oposição se empenhem para isso, o mensalão, por si só, não terá a força suficiente para desalojar o PT do governo federal. O eleitor sabe o que quer, não se move em função de escândalos episódicos. Para voltar ao poder, a oposição terá de apresentar ao eleitorado um discurso inovador e um candidato capaz de empolgá-lo, o que não tem conseguido. Caso contrário, continuará protestando contra as ilicitudes, pretensas ou reais, do governo, mas permanecerá na condição de derrotada nas eleições.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Força subestimada

O fato mais impactante das eleições municipais realizadas ontem foi, sem dúvida, a passagem de Fernando Haddad (PT) para o segundo turno da disputa para o cargo de prefeito de São Paulo. Haddad foi uma escolha do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que, para indicá-lo, teve de contrariar interesses e afastar candidatos em potencial como Marta Suplicy e Aluísio Mercadante. A grande imprensa, liderada, é claro, pela revista "Veja", tratou de desacreditar a candidatura de Haddad desde que ela foi definida. As pesquisas de intenção de voto o mostravam com índices baixíssimos. Pesquisas em outras capitais davam aos candidatos do PT poucas possibilidades de vitória. A soma desses fatores fez com que a imprensa conservadora apostasse no "efeito mensalão", que levaria o PT a um fracasso histórico e enterraria Lula como um líder capaz de influenciar o eleitorado. Embora o PT tenha tido, mesmo, resultados pífios em algumas capitais, o que, verdadeiramente, interessava ao partido e ao ex-presidente Lula era a eleição de São Paulo. Afinal, trata-se da maior e mais rica cidade do país e que, até hoje, permanece sob o domínio do PSDB. Lula nunca escondeu seu objetivo de conquistar São Paulo para solidificar o projeto de poder do PT, tornando o partido, praticamente, imbatível nas eleições presidenciais durante muitos anos. Pois, para surpresa e desespero de muitos, Lula está muito perto de alcançar seu objetivo. Haddad passou para o segundo turno com apenas 2% de votos a menos que José Serra (PSDB). Dada a altíssima taxa de rejeição de Serra, é bem provável que Haddad ganhe a eleição. O PT, então, finalmente, alcançaria o poder em São Paulo, fortalecendo-se, ainda mais, no plano nacional. Erraram os que subestimaram a força de Lula. Será que esqueceram que ele lançou a candidatura de Dilma Rousseff para presidente, cujos índices iniciais de projeção de votos eram, também, muito ruins, que ela ganhou a eleição, e seu governo tem alta aprovação popular? Lula tem tudo para conseguir o mesmo com Haddad. Não se deve, jamais, subestimar um adversário como Lula. A oposição e a imprensa que lhe dá apoio, mais uma vez, incorreram nessa prática. Novamente, suas previsões não se confirmaram, restando, apenas, o amargo sabor de uma enorme frustração.

domingo, 7 de outubro de 2012

O grande erro do PT

A esmagadora vitória de José Fortunati, que reelegeu-se prefeito de Porto Alegre ainda no primeiro turno, com mais de 60% dos votos válidos, deve-se, em grande parte, a um erro grave cometido pelo PT. A ânsia de protagonismo do PT faz com que ele, numa coligação, queira sempre a cabeça de chapa para si. Em função disso, em vez de concorrerem unidos na eleição, PT e PC do B, antigos parceiros, estavam em raias separadas. O PC do B tinha uma candidata de grande densidade eleitoral, a deputada federal Manuela D'Ávila, mas o partido ainda não tem a estrutura necessária para ganhar uma eleição majoritária. O PT, por sua vez, possui uma máquina partidária invejável, mas não dispunha de nenhum candidato com viabilidade eleitoral. Ora, o que indicava o bom senso, nesse caso, era que o PT se associasse à Manuela, indicando o candidato a vice-prefeito e participando da administração, em caso de vitória. Seria a reunião do imenso potencial de votos da candidata com a grande estrutura do partido, uma combinação que teria amplas possibilidades de êxito. No entanto, o PT resolveu lançar um candidato próprio. O escolhido foi o deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Adão Villaverde. Tímido, sem nenhum carisma, Villaverde mostrou-se um candidato inviável, levando o PT a um dos maiores fracassos da sua história. Sua participação no último debate antes da eleição foi constrangedora. Por não querer ceder espaço aos seus aliados, tratados sempre como subalternos, o PT entregou, de bandeja, a vitória para Fortunati. Resta saber se o partido aprenderá a lição, ou se sua busca pelo protagonismo lhe impingirá novas derrotas tão contundentes como a de hoje.

sábado, 6 de outubro de 2012

Superação

A vitória do Grêmio por 2 x 1 sobre o Cruzeiro, hoje, no Olímpico, repetiu fatos de outros jogos do clube em sua casa. Mais uma vez, o público foi muito bom, 31 mil pessoas. Novamente, também, o time jogou mal. O primeiro tempo terminou com o Grêmio perdendo por 1 x 0. As ausências de Fernando, sacado porque vai ficar de fora de três jogos em que estará na Seleção Brasileira, e Marcelo Moreno, poupado por ter tido febre em consequência de uma amigdalite, pesaram muito contra o Grêmio. Menos mal que Marcelo Moreno entrou no segundo tempo, no lugar de André Lima que, como já ocorreu tantas vezes, mostrou-se uma nulidade. Marcelo Moreno fez um belíssimo gol que empatou a partida. Costuma-se dizer que quem escala mal substitui bem e esse argumento ganha força porque o segundo gol também teve a participação decisiva de um jogador que não começou a partida, Leandro, que entrara em lugar de Zé Roberto. O jovem atacante deu uma bela escapada pela direita e chutou forte, obrigando o goleiro Fábio, do Cruzeiro, de grande atuação, a rebater a bola, que caiu nos pés de Marquinhos, o autor do gol. Foi uma vitória de superação, obtida muito mais pelo empenho demonstrado pelo Grêmio no segundo tempo do que pela qualidade do futebol praticado pelo time que, como em outras oportunidades, deixou a desejar. Foi uma vitória importantíssima, pois tanto os clubes que estão acima do Grêmio na tabela, quanto os seus mais próximos perseguidores, também venceram na rodada. O próximo jogo do Grêmio será fora de casa, contra o Sport, que está na zona de rebaixamento e, no sábado, foi goleado pela Portuguesa por 5 x 1, no Canindé. Uma excelente oportunidade de somar mais uma vitória, que não pode ser desperdiçada.

O recordista de empates

O Inter empatou em 1 x 1 com o Santos, hoje á tarde, na Vila Belmiro. Foi o 12° empate do Inter no Campeonato Brasileiro, o maior número dentre todos os participantes da competição. Com isso, o clube segue distante da zona de classificação para a Libertadores. Em relação ao Vasco, 4° colocado, o Inter já está sete pontos atrás, e com quatro vitórias a menos, ou seja, cada vez mais, a classificação para a Libertadores torna-se um sonho, praticamente, irrealizável. O Inter terminou o primeiro tempo perdendo por 1 x 0. Logo no início do segundo tempo, obteve o empate, mas apesar da melhora de rendimento, não conseguiu virar o placar. A próxima partida do Inter será em casa, mas dificílima. O adversário será o Atlético Mineiro, vice-líder, que, hoje, goleou o Figueirense por 6 x 0, no Independência. As possibilidades matemáticas do Inter ficar entre os quatro primeiros colocados ainda persistem, mas são tão improváveis de se concretizar que o melhor que o clube tem a fazer é projetar o próximo ano, para que ele possa ser bem mais exitoso do que 2012.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vandalismo

O enfrentamento entre manifestantes e brigadianos na noite de ontem, no centro de Porto Alegre, foi lastimável sob todos os aspectos. A começar pelo fato de que o protesto em questão era de um conteúdo dos mais vagos e imprecisos. Buscava, pretensamente, manifestar-se em favor da "alegria" e contra a "privatização do espaço público". O que começou sendo um protesto terminou como um combate, com manifestantes e soldados da Brigada Militar feridos. Tudo porque, os participantes do ato público saíram do ponto onde estavam, em frente à Prefeitura, e atravessaram a rua, até o Largo Glênio Peres, onde derrubaram o boneco inflável com a figura do tatu-bola, escolhido como mascote da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil e terá Porto Alegre como uma das suas sedes. O tatu-bola, na visão dos manifestantes, representaria s tal "privatização do espaço público", por estar vestido com uma camisa da Coca-Cola. Foi mais uma manifestação de hostilidade com a realização da Copa no Brasil, um fato que não consigo entender, nem aceitar. O Brasil é o país que mais ganhou Copas do Mundo, e o único que participou de todas as edições da competição. Ainda assim, a Copa só foi realizada no Brasil uma única vez, em 1950. Portanto, era para existir, em todo o país, um clima de entusiasmo em relação á Copa. Não é o que se vê. Nem mesmo a imprensa esportiva exalta a magnitude do fato da próxima Copa ser realizada no Brasil. Preferem, quase todos, apontar os gastos excessivos, a corrupção em torno da organização da Copa, e outros fatos semelhantes. Junte-se a esse quadro um grupo de rebeldes procurando uma causa e o resultado é a derrubada do boneco do tatu-bola, como já fora a destruição do relógio dos 500 anos, em 2000. Na época, a revolta contra o relógio era porque o mesmo tinha sido uma inciativa da Rede Globo, sempre vista por tais rebeldes como a grande vilã que aliena e anestesia o povo, impedindo-o de conscientizar-se politicamente. Nada justifica as agressões de brigadianos contra os manifestantes na noite de ontem. Porém, não se vá, também, transformar os participantes do protesto em vítimas da repressão. Suas atitudes exacerbaram o direito de livre manifestação próprio da democracia. O que era para ser um protesto culminou num ato de injustificável vandalismo. Ninguém, em nome de que causa for, tem o direito de promover a baderna. A prática da democracia não pressupõe o abandono da ordem e da paz social. Pelo contrário, consolida-se com a existência de ambas.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Debate final

Na noite de hoje foram realizados os últimos debates televisivos entre os candidatos a prefeito das capitais e  cidades de maior porte. Trata-se da última chance do eleitor ratificar ou rever sua intenção de voto. O modelo dos debates, com suas regras rígidas, sem que haja a possibilidade de um confronto direto entre todos os candidatos, está longe do ideal, mas é melhor assim do que não realizá-los. No caso específico de Porto Alegre, um dado que merece ser ressaltado é que todos os candidatos, sem exceção, mostraram ter preparo e conhecimento para participar do processo eleitoral. Não há nenhum concorrente folclórico, do tipo que agride o idioma ou mostra total desconhecimento sobre os temas abordados. Em relação ao desempenho de cada um, o formato do debate não favorece a que alguém "roube a cena", pois as intervenções são com tempo limitado. O que se pode notar é a maior ou menor segurança com que cada um se pronuncia. Nesse aspecto, dois candidatos chamaram a atenção. O atual prefeito, José Fortunati (PDT), parecia ser o mais tranquilo, certamente respaldado pelas pesquisas que apontam a possibilidade de que ele vença a eleição ainda no primeiro turno. Adão Villaverde (PT), a exemplo do que já se percebia nos programas eleitorais, mostrou-se tímido e um tanto nervoso. Em relação aos demais concorrentes, Manuela D'Ávila (PCdoB) não chegou a se destacar, Roberto Robaina (PSOL) assumiu o papel de franco atirador e foi o mais agressivo, Jocelin Azambuja (PSL) mostrou firmeza em suas intervenções e Wambert di Lorenzo (PSDB) pareceu o mais vago em suas propostas. Em geral, todos mostraram conhecimento sobre as questões abordadas. Particularmente, independentemente de quem venha a ser eleito, desejo que a disputa vá para o segundo turno, pois isso possibilita uma escolha mais amadurecida por parte do eleitorado.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Papelão

O chamado Superclássico das Américas já era uma disputa de relevância discutível. Reedição da antiga Copa Roca, o confronto atual entre Brasil e Argentina reúne, apenas, jogadores que atuam nos dois países, o que exclui das partidas alguns dos maiores astros das duas seleções. A época em que os jogos são realizados, no final do ano, coincide com a reta decisiva do Campeonato Brasileiro, o que reduz o seu interesse junto ao torcedor. Para culminar, o segundo jogo do confronto, na noite de hoje, foi marcado para a pequena cidade de Resistência, na Argentina. O estádio, inaugurado em 2011, embora novo, tem capacidade para apenas 25 mil pessoas. Pois bem, depois de executados os hinos, as luzes de três torres de iluminação do estádio se apagaram e não foi possível fazer voltar a energia. Com isso, o jogo foi cancelado. Agora, a CBF e a Associação de Futebol da Argentina irão decidir se haverá um segundo jogo, ou se a Seleção Brasileira, por ter ganho a primeira partida, será declarada campeã do Superclássico das Américas. Um verdadeiro "papelão"! Foi mais um episódio pouco digno envolvendo a Seleção Brasileira. Antes motivo de orgulho dos brasileiros, a Seleção, hoje em dia, se depara com a indiferença dos torcedores, e, vez por outra, é até motivo de chacotas. Um triste quadro para a Seleção do país onde se realizará a próxima Copa do Mundo.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Benevolência

O governo federal está empenhado em realizar mudanças nas regras para concessão de pensões por morte. Tudo porque, o governo entende que os gastos da Previdência Social com tais pensões estão muito altos. O secretário de Políticas do Ministério da Previdência Social, Leonardo Rolim, afirma que o Brasil tem o sistema de pensões mais "benevolente" do mundo e que não é possível manter essa situação. A ideia do governo é aproximar o modelo brasileiro das fórmulas utilizadas na maioria dos países, que estabelecem maiores restrições em relação aos valores pagos e às pessoas aptas a recebê-los. Há algumas coisas no Brasil que causam espécie. Uma delas é a perseguição que os governos, de qualquer matiz ideológico, fazem aos aposentados e pensionistas. Pessoas que já se encontram em idade avançada, muitas vezes com problemas de saúde, eles são tungados em seus já parcos ganhos sob a alegação de supostos "rombos na Previdência", nunca devidamente comprovados. São o lado mais fraco, onde, como expressa o ditado, a corda sempre arrebenta. O famigerado fator previdenciário foi criado no governo de Fernando Henrique Cardoso, condenando à miserabilidade um multidão de aposentados. Em seus oito anos de mandato como presidente, Luís Inácio Lula da Silva, um homem do povo e que fez carreira como líder sindical, não corrigiu tamanha agressão aos mais desprotegidos na escala social. Agora, no governo de sua discípula, Dilma Rousseff, mais uma crueldade está por ser perpetrada contra os pensionistas. No Brasil, infelizmente, os diversos governos só diferem em seus discursos. Na hora de escolher as vítimas de suas atrocidades, optam sempre pelos mesmos grupos sociais, ou seja, os mais frágeis e indefesos. Resta a tênue esperança de que o Congresso Nacional impeça a consumação de mais essa barbaridade.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mudança indispensável

O historiador Eric Hobsbawm, que faleceu, hoje, aos 95 anos, era um intelectual brilhante, autor de uma vasta bibliografia. Comunista por várias décadas, Hobsbawm  nasceu no Egito, mas devido ao domÍnio, na época, da Grã-Bretanha sobre aquele país, possuía nacionalidade britânica. Desiludiu-se com o regime soviético a partir dos anos 50, mas jamais se postou fora do espectro político de esquerda. Radicado há vários anos em Londres, onde faleceu, Hobsbawm admitia que o socialismo havia fracassado, mas, diante da atual crise econômica internacional, concluíra que o capitalismo também falira. A partir daí, Hobsbawm, num enfoque baseado, mais especificamente, na situação da Grã-Bretanha, mas que se encaixa no panorama econômico mundial como um todo, disse que é necessário que se tomem decisões públicas voltadas para o desenvolvimento social coletivo, que deve beneficiar todas as vidas humanas. Hobsbawm afirmava que essa é a base de uma política progressista, e não a maximização do crescimento econômico e das rendas pessoais. O historiador declarou que, seja qual for o logotipo ideológico que escolhermos para isso, enfrentar essa crise vai exigir um afastamento importante do livre mercado e uma aproximação da ação pública. Dado o caráter agudo da crise econômica, Hobsbawm entendia que essa mudança precisará ser feita em pouco tempo. A análise do grande intelectual traduz o que qualquer pessoa com discernimento pode constatar. O modelo capitalista consumista de nossos tempos chegou a um esgotamento, isto é, como definiu Hobsbawm, faliu. Há que se buscar uma nova alternativa, e ela passa, necessariamente, por uma maior ação pública. O "estado mínimo", a "sociedade de mercado", são conceitos superados pela realidade, que só encontram defensores em publicações comprometidas ideologicamente com as elites predatórias. Os que, ainda hoje, vibram com o fim do "império soviético" relutam em admitir, mas o capitalismo também não deu certo. O novo caminho, a "terceira via", já foi apontado por Hobsbawm. Nele, todos são beneficiados, não apenas alguns.