terça-feira, 9 de outubro de 2012

A catarse da oposição

Não seria possível abordar qualquer outro assunto, no dia de hoje, que não fosse a condenação do ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, no julgamento do mensalão. Há poucos dias, escrevi pela primeira vez sobre o assunto, que vem dominando os espaços da imprensa brasileira nos últimos meses, e hoje torno a fazê-lo, por ter o mesmo atingido o seu momento de maior impacto. A esperada condenação de José Dirceu está sendo uma catarse para a oposição aos governos do PT e os setores da imprensa que com ela se alinham. Eles nutrem uma férrea esperança de que, a partir da comprovação da existência do mensalão e da condenação de seu principal artífice, comece a derrocada do partido, abrindo a perspectiva de sua derrota já nas eleições presidenciais de 2014. Porém, afora a imensa vontade que possuem de que isso aconteça, não há nada de concreto que indique que os fatos se desenrolarão nesse rumo. A ida de Fernando Haddad para o segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo, por exemplo, é um acontecimento em sentido contrário. Evidencia que o prestígio do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, padrinho da candidatura de Haddad, continua altíssimo junto ao eleitorado. O caso do mensalão surgiu em 2005 e foi, desde então, amplamente explorado pela imprensa e pela oposição. Isso não impediu que, em 2006, Lula se reelegesse presidente, nem que, em 2010, fizesse de Dilma Roussef a sua substituta no cargo. Dilma, aliás, atingiu índices de popularidade ainda mais altos que os de Lula, suplantando-o na condição de presidente mais popular da história do país. Por mais que a imprensa e a oposição se empenhem para isso, o mensalão, por si só, não terá a força suficiente para desalojar o PT do governo federal. O eleitor sabe o que quer, não se move em função de escândalos episódicos. Para voltar ao poder, a oposição terá de apresentar ao eleitorado um discurso inovador e um candidato capaz de empolgá-lo, o que não tem conseguido. Caso contrário, continuará protestando contra as ilicitudes, pretensas ou reais, do governo, mas permanecerá na condição de derrotada nas eleições.