segunda-feira, 9 de junho de 2014

Os fantasmas da direita

Na sua luta incansável para derrubar o governo, a imprensa de direita, lança, de forma quase contínua, "fantasmas" para assustar o eleitorado brasileiro. Depois de tentar, de todas as formas, impedir a chegada do PT ao poder, e ver sua pretensão frustrada, a grande imprensa brasileira busca assustar o eleitor para forçá-lo a mudar de lado. A revista "Veja", por exemplo, é especialista nesse tipo de ação. Tentou usar o "escândalo do mensalão" para derrubar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, mas ele se reelegeu. Denunciou que Lula buscaria modificar a legislação eleitoral para obter um terceiro mandato, o que não se confirmou. Alude, seguidamente, aos "radicais do PT", figuras "perigosas", ávidas por "esquerdizar o país". Seu mais novo fantasma é um decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff instituindo a "Política Nacional de Participação Social" e o "Sistema Nacional de Participação Social". Conforme "Veja", essas iniciativas visam "sovietizar" o Brasil. Na verdade, o governo nada mais faz do que, coerentemente com as bandeiras históricas do PT, estabelecer que as instâncias decisórias dos órgãos da administração direta tenham a participação de conselhos formados por representantes da sociedade civil. Nada mais democrático. Sempre que possível, deve-se caminhar na direção da democracia direta, ou seja, com menos intermediação entre as vontades populares e o Poder Executivo. Os movimentos sociais são cada vez mais atuantes, e isso não constitui uma ameaça para a sociedade, pelo contrário. Só pode se sentir atemorizado por eles quem defende uma sociedade elitista, sectária, desigual, injusta. Não é á toa que entre os que ergueram a voz contra o decreto está o jurista Ives Gandra da Silva Martins, um reacionário notório. Ives Gandra argumenta que nas democracias é o Congresso que representa o povo. Típica conversa de quem tem horror ao povo, e morre de medo que ele possa influir diretamente nas decisões de governo. Afinal, isso ameaçaria os privilégios de sua classe. Na matéria em que trata do assunto, na edição dessa semana, "Veja" prevê que o decreto será derrubado, "felizmente, para os brasileiros". Tomara que não. A democracia representativa clássica não atende ás expectativas da população, não responde às suas necessidades. Ao assinar o decreto, contrariando os conservadores, Dilma caminha em direção ao rumo que sempre deveria ter tomado, o de um governo de feição marcadamente popular.