quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Agressão ao bom senso

O estádio Beira-Rio está, novamente, com suas obras de reforma paralisadas. A razão, desta vez, é uma greve dos operários, que reivindicam melhores salários. O Beira-Rio já teve suas obras paradas durante 10 meses por desacertos entre o Inter e a construtora Andrade Gutierrez, situação que só foi resolvida com a intervenção da presidente Dilma Rousseff que, alegando sua condição de torcedora do clube, dispôs de seu precioso tempo para tratar da questão, pressionando a empreiteira. Por força da lentidão do processo de reforma do estádio, Porto Alegre ficou de fora da Copa das Confederações, que será realizada no meio do ano. O Beira-Rio precisa ser entregue pronto em dezembro e, até o momento, suas obras não se aceleravam, pois o estádio, absurdamente, continuou a sediar jogos. Justamente agora, quando o Inter deixará de jogar no estádio para que a reforma se intensifique, surge a greve dos operários. Porém, este era um transtorno evitável. Bastava que as autoridades deixassem de lado qualquer interesse de outra ordem e optassem pela racionalidade, indicando a Arena do Grêmio como o estádio de Porto Alegre para a Copa do Mundo de 2014. A Arena é um estádio novo, construído inteiramente dentro das normas da Fifa, e já foi inaugurada. Não fosse a esdrúxula opção pelo Beira-Rio e Porto Alegre poderia, até mesmo, sediar jogos pela Copa das Confederações. Repito o que já escrevi anteriormente, isto é, não aceito o argumento de que, quando a Fifa designou as cidades que sediariam jogos da Copa, a Arena era apenas um projeto. Um estádio inteiramente novo leva pouco mais de dois anos para ser erguido, e o Brasil foi designado como sede da Copa do Mundo em 2007, ou seja, sete anos antes da data de realização da competição. Uma prova de que essa alegação não é válida é o fato de que o Itaquerão, estádio do Corinthians que sediará os jogos de São Paulo na Copa, não existia nem como projeto quando da escolha do Brasil como sede. O escolhido era o Moruimbi, e a recusa do São Paulo em aceitar as exigências da Fifa para a reforma do estádio resultaram na construção do Itaquerão como saída para o impasse. Ainda há tempo de se corrigir a agressão ao bom senso que foi a escolha do Beira-Rio como um dos estádios da Copa. Basta indicar a Arena do Grêmio em  seu lugar.