quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O vai e vem do impeachment

A admissão da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff serviu para escancarar ainda mais o nível de deterioração da classe política brasileira. A atitude foi tomada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), movido apenas pelo desejo de retaliação, ao saber que três parlamentares do PT votariam contra ele na Comissão de Ética, onde enfrenta um processo. Agora, sucedem-se as manobras para acelerar ou protelar o andamento da ação de impeachment. A oposição queria, inicialmente, a suspensão do recesso parlamentar, para votar a questão o quanto antes. Como o governo manifestou que também gostaria de ver tudo resolvido já, os opositores começaram a rever sua postura, imaginando que uma votação após o recesso potencializaria a crise que o país atravessa, gerando insatisfação popular e facilitando a aprovação do impeachment. Em todo esse vai e vem do impeachment por parte das forças golpistas, fica evidenciada a total ausência de compromisso com o interesse público. A oposição está numa busca encarniçada pelo poder, tentando obter, de modo espúrio, o que as urnas, única maneira legítima de conquista do mando político, lhes negaram. Sigo com a convicção de que o impeachment não irá ocorrer, e, por isso mesmo, entendo que o país poderia ser poupado desse triste espetáculo de politicagem, enquanto há tantos assuntos relevantes que deveriam ocupar o tempo dos parlamentares na defesa dos interesses dos seus eleitores.