sábado, 23 de dezembro de 2023

O exemplo da Argentina

A diferença de consciência política entre argentinos e brasileiros sempre foi flagrante, em favor dos platinos. O exemplo da Argentina, infelizmente, não faz eco no Brasil. No governo de Jair Bolsonaro foi aprovada a criação da Sociedades Anônimas do Futebol -SAF's. Hoje, vários clubes já aderiram ao modelo, que transforma associações civis sem fins lucrativos em empresas privadas. Na Argentina, o presidente recém-empossado Javier Milei, de extrema-direita como Bolsonaro, autorizou a criação das SAF's. Porém, a Associação de Futebol da Argentina (AFA) e os clubes se opõem à medida. Muitos clubes argentinos, inclusive, tem no seu estatuto a proibição de mudar a condição de associação civil sem fins lucrativos para formas de privatização. No Brasil, a medida não encontrou nenhuma resistência. Clubes como Botafogo, Vasco, Cruzeiro e Bahia já se tornaram SAF's, controladas por grupos investidores de fora do país. Outros já preparam a mudança. A imprensa esportiva brasileira, sempre marcada pelo deslumbramento e sabujice em relação ao capital estrangeiro, logo saudou a iniciativa, por ser "modernizadora". Os argentinos, muito mais conscientes e esclarecidos, sabem que o novo mecanismo nada traz de bom para o futebol. Os clubes despertam a paixão de torcedores. A paixão não pode ser privatizada.