quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Talento desperdiçado

No dia de hoje, foi ampla a repercussão da cobrança displicente de Alexandre Pato, na decisão por tiros livres da marca do pênalti, que deu a vitória ao Grêmio sobre o seu clube, o Corinthians, ontem, na disputa pela classificação para as semifinais da Copa do Brasil. Se os torcedores corintianos ficaram revoltados, mesmo quem não estava envolvido emocionalmente com a partida condenou a forma como o jogador se comportou no lance. Lamentavelmente, não se trata de um fato isolado. Pelo contrário, é mais uma de grandes decepções que o envolvem. Alexandre Pato foi uma revelação fulgurante do Inter, em 2006. Lançado no time em novembro, num jogo contra o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, no Parque Antárctica, causou grande impressão já na sua estreia e, um mês depois, estava no grupo que conquistou o título mundial de clubes. Logo foi adquirido pelo Milan, que pagou o valor da sua multa rescisória. Ainda muto jovem, tornou-se um milionário. No entanto, aos poucos, as expectativas em torno de Alexandre Pato foram se frustrando. Ele jamais comprovou ser o jogador espetacular que se prenunciava. No Milan, teve uma série de lesões, o que fez com que não tivesse uma continuidade de atuações. Fora de campo, teve um casamento fracassado com uma atriz da Globo, mais tarde envolveu-se com a filha do dono do Milan e ex-primeiro-ministro da Itália, Sílvio Berlusconi. Tomou gosto pela vida mundana e pelo bem vestir. O Milan, cansado da falta de retorno em campo, negociou-o com o Corinthians, no início de 2013, por R$ 40 milhões, a maior transação da história do futebol brasileiro. Em momento algum Pato justificou o investimento. Não conseguiu se firmar como titular e fez poucos gols. Pato recém completou 24 anos, mas é improvável que reverta essa situação. Foi vitimado pelo deslumbramento, por empresários e assessores ávidos de faturarem com sua imagem. Tornou-se um produto, mas esqueceu-se de que todo esse esquema só pode se manter de pé se for adubado por grandes atuações em campo. Há poucos dias, já deixara péssima impressão no amistoso da Seleção Brasileira contra Zâmbia, levando a que todos concluíssem que foi a última vez que o técnico Felipão o convocou. Pato é mais um triste exemplo de uma previsão que não se cumpriu, pela falta de maturidade e pelo mau assessoramento. Poderia ter uma carreira grandiosa, mas ficou pelo caminho. Alcançou a fortuna, mas seu nome não atravessará gerações, privilégio reservado aos verdadeiros craques. Cairá no esquecimento, como mais um talento desperdiçado.