segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Carnaval politizado

O Carnaval é tido por alguns como algo alienante. Nada mais equivocado. Manifestação popular por excelência, o Carnaval é, antes de tudo, uma grande festa, mas que sempre abriu espaço para a crítica, ainda que de forma bem humorada. A primeira noite dos desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, ontem á noite, confirmou essa tendência. Foi uma noite de Carnaval politizado, com os desfiles da Paraíso do Tuiuti e da Mangueira criticando governantes abertamente. A Paraíso do Tuiuti fez um desfile empolgante, com um enredo marcante que abordava a escravidão ao longo da história em suas diversas formas, e os ataques contra os direitos dos trabalhadores. O presidente Michel Temer foi representado como um vampiro. A Mangueira, por sua vez, não poupou o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que reduziu as verbas para as escolas de samba. Porém, aproveitou o fato para fazer um Carnaval sem luxo e pirotecnia, mas nem por isso com menor brilho e animação. As letras dos sambas das duas escolas primaram pela incisividade, e no caso do da Paraíso do Tuiuti, por um embalo contagiante que fez o público cantar junto nas arquibancadas. O Carnaval é apaixonante, e, ainda que de forma satírica, sabe ser crítico quando se faz necessário. Portanto, nada tem de alienante.