quinta-feira, 20 de junho de 2013

A atitude da Globo

Um fato, por certo, surpreendeu muita gente no dia de hoje. A Rede Globo suspendeu durante três horas e meia a sua grade normal de programação para cobrir de forma contínua os protestos que se espalhavam pelo país. A medida, que jornalisticamente parece correta, chama a atenção, em se tratando da Globo, pois, em 1984, quando do movimento das Diretas-Já, a maior rede de televisão do Brasil praticamente ignorou as manifestações que empolgavam o país em favor da volta das eleições diretas para presidente. O que mudou? Será mero interesse jornalístico? Seria bom que fosse, mas, não se pode afastar a ideia de que uma cobertura tão exaustiva dos protestos possa abrigar intenções menos nobres. Não é segredo para ninguém que a imprensa conservadora e as elites brasileiras sonham em tirar a presidente Dilma Rousseff e o PT do poder. Nada melhor, para isso, do que estimular a ideia de que o Brasil se encaminha para uma guerra civil, de que o governo está perdendo o controle da situação. O passo seguinte é exaltar as forças de repressão e seu dever de "repor a ordem". Mais adiante, o incentivo ao golpismo, com a proposição do impechmeant da presidente. Por fim, a direita retomando o poder. Afinal, o grande temor da imprensa conservadora e das elites é de que, algum dia, o Brasil venha, verdadeiramente a mudar, e os grupos historicamente oprimidos se libertem. O Brasil vive uma oportunidade ímpar de concretizar mudanças estruturais há muito sonhadas. O povo, no entanto, não pode subestimar seus inimigos. Eles são muito ardilosos. A hora é de avanço, não de retrocesso. O Brasil tem um governo legitimamente eleito, e qualquer tentativa de derrubá-lo constitui-se em execrável golpismo.