quinta-feira, 1 de julho de 2021

A confissão do governador

Em entrevista ao programa "Conversa com Bial", da Rede Globo, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), revelou que é homossexual. A confissão do governador não surpreendeu ninguém, pois há muito tempo eram feitos comentários a respeito. Leite fez essa declaração pouco tempo após o Dia do Orgulho Gay. Aliás, o governador disse ter orgulho da sua orientação sexual. Dada a maneira preconceituosa e hipócrita como o assunto é tratado na sociedade brasileira, a entrevista de Leite "bombou" na internet. Porém, é preciso deixar claro que não há nada de errado em ser homossexual. Ao declarar-se gay, Leite mostra não estar disposto a se deixar intimidar por quem queira tirar proveito da sua orientação sexual para o constranger ou chantagear. Pré-candidato a presidente, Leite demonstra que não quer que a questão se transforme num calcanhar de Aquiles na sua trajetória poĺítica. Num país que vive um terrível período obscurantista, a atitude de Leite torna-se ainda mais relevante. Particularmente, a sexualidade do governador em nada me afeta. O que reprovo em Leite é seu pensamento no campo político e econômico, suas ideias neoliberais, sua defesa das execráveis privatizações, ser adepto do criminoso encolhimento do Estado. A confissão de Leite, no entanto, leva a uma pergunta que não quer calar. Como pode um gay assumido ter apoiado a candidatura a presidente de um homofóbico como Jair Bolsonaro? Se sabe que os políticos, em nome de suas ambições e interesses, costumam ser muito pragmáticos, no pior sentido do termo. Há limite para tudo, entretanto, e o apoio de Leite a Bolsonaro, em 2018, é uma contradição insanável.