terça-feira, 16 de abril de 2013

Legitimidade

A vitória de Nicolás Maduro sobre Henrique Capriles na eleição para presidente da Venezuela, por uma diferença de votos de pouco mais de 1 %, gerou contestações quanto a legitimidade do resultado das urnas. Partidários e apoiadores de Capriles, e a imprensa conservadora, de dentro e de fora da Venezuela, fizeram insinuações de fraude e pediram recontagem dos votos. A Justiça venezuelana não acolheu tais pretensões e confirmou a vitória de Maduro. Alguns países, entre eles Estados Unidos e Espanha, ainda não reconheceram a legitimidade do novo governo. O Brasil, felizmente, não está entre eles. A escassa margem da vitória de Nicolás Maduro chama a atenção, mas não no sentido de insinuar a ocorrência de uma fraude. Ela só demonstra o óbvio, ou seja, de que Maduro não é Hugo Chávez. Carisma e apelo popular não são atributos que se possam transferir. Maduro é um herdeiro político de Chávez, mas seus predicados pessoais não se mostraram suficientes para ganhar a eleição por larga margem. Ainda assim, Maduro venceu. A pequena diferença de votos não deslegitima sua vitória. Na Venezuela, não há segundo turno. Logo, quem ganhar, ainda que por um voto de diferença, está eleito. Há alguns anos, o país que se diz exemplo de democracia, os Estados Unidos, elegeram um presidente, George Walker Bush, que fizera menos votos que seu concorrente, Al Gore. Tudo ficou por isso mesmo, e a imprensa conservadora não viu maior gravidade no ocorrido. O resultado da eleição venezuelana é um fato consumado. O desafio que se coloca diante de Maduro, contudo não pode ser ignorado. O presidente da Venezuela, conforme demonstram os números da eleição, não dispõe do apoio massivo alcançado por seu antecessor e mentor político, Hugo Chávez. Terá de governar para um eleitorado, praticamente, dividido ao meio entre situação e oposição. Prosseguir com o chavismo sem Chávez é a imensa tarefa que se coloca diante de Maduro.