sábado, 10 de março de 2012

A eleição em São Paulo

Há poucos dias, José Serra, depois de muitas pressões, decidiu concorrer a prefeito de São Paulo, nas eleições de outubro próximo. Candidato a presidente da República derrotado em duas eleições, Serra já foi prefeito da capital paulista e governador do estado de São Paulo. A pressão para que concorresse se deu pela ideia de seus correligionários de que ele é o único nome capaz capaz de manter o domínio do PSDB em terras paulistas. Estado mais importante do país economicamente, São Paulo ainda não se rendeu ao PT, que sonha em conquistar o poder nessa unidade da federação para consolidar o seu projeto no plano nacional. O PT está jogando todas as fichas em Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, para ser o novo prefeito de São Paulo e abrir caminho para que o partido vença também a eleição para governador, dois anos mais tarde. Como se vê, uma eleição municipal está sendo tratada como trampolim para outros pleitos, de maior magnitude. Os projetos de poder dos partidos levam a essas situações, em que uma eleição está encadeada com a próxima, num permanente jogo do poder.  A dúvida que fica é a de quando os políticos se dedicam, efetivamente, a administrar. Os conchavos, acordos, coligações, alianças e outras coisas do gênero parecem tomar todo o tempo dos candidatos e governantes. Serra já teria prometido que, caso eleito, permanecerá como prefeito de São Paulo durante todo o mandato, sem renunciar ao cargo para concorrer em outra eleição, mas quem pode garantir que isso vá acontecer? Porém, tal quadro não é exclusividade de São Paulo. Em Porto Alegre, a eleição para prefeito também está sendo encaminhada com os olhos voltados para o pleito de governador do Rio Grande do Sul. Ora, eleições para prefeito deveriam se ater a questões mais práticas de cada cidade, já que o município é onde as pessoas efetivamente vivem, ao contrário de estados e do país, que representam abstrações. Assim, o eleitor gostaria de ver, em primeiro plano, a preocupação dos candidatos com assuntos como soluções para o trânsito das cidades, melhorias na qualidade de vida, novas obras, mais investimentos em saúde e segurança, dentre tantos outros que o afetam mais de perto. Ao contrário disso, o que se vê é as eleições para prefeito servirem de pretexto e palanque para projetos políticos mais ousados. Nessa, como em tantas outras situações da política, o cidadão é o grande perdedor.