quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Regra natimorta

Uma medida despropositada, fadada ao fracasso. Assim pode ser definida a limitação no número de demissões de técnicos por clube, instituída pela CBF em 2021. Ela limitava em duas vezes o número de demissões a que um clube teria direito por ano. Caso o clube decidisse ter um terceiro técnico, teria que buscá-lo entre os seus próprios profissionais. Porém, a medida abria uma brecha, caso o técnico saísse em comum acordo com o clube. Os clubes se valeram desse artifício, e tornaram a regra natimorta. Anteontem, em reuniào na CBF, os clubes, liderados pelo Corinthians, decidiram, por umanimidade, acabar com a limitação. Fizeram muito bem. A justificativa de que era preciso seguir exemplos de países europeus é mais uma demonstração do complexo de vira-latas que assola o futebol brasileiro há anos, sempre com a cantilena de que é preciso adotar medidas "modernizantes" implantadas por lá. Ao contrário do que dizem certos cronistas, o futebol europeu não se caracteriza mais pela longevidade dos técnicos em seus cargos. Casos como os de Alex Ferguson, técnico do Manchester United por 27 anos, e Arséne Wenger, que permaneceu no cargo por 20 anos no Arsenal, ficaram para trás. Atualmente, os clubes europeus também trocam de técnico se os resultados não forem satisfatórios. A aposta em "projetos de longo prazo", alardeada por parte da imprensa brasileira como sendo uma prática disseminada no futebol europeu, é uma falácia. Num futebol cada vez mais caro, os resultados são imperiosos, não há tempo a desperdiçar com técnicos que não os conseguem em curto prazo. Como sempre se fez no Brasil, acertadamente.