quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O país da roubalheira

O Brasil sempre conviveu com a corrupção. Afinal, o país cultiva a cultura do "jeitinho", ou seja, um meio de se fazer algo fora dos trâmites formais. A propina, o superfaturamento de obras, o "sabe com quem você está falando", o "carteiraço", são manifestações típicas de um país que se acostumou com a impunidade dos poderosos. Porém, em tempo algum o país viveu um quadro como o atual. A cada dia, novos escândalos financeiros são revelados, malas de dinheiro são descobertas. O Brasil tornou-se o país da roubalheira. Os ocupantes de cargos importantes na estrutura de poder roubam com espantosa avidez. Os casos do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, que guardavam expressivas somas de dinheiro dentro de casa, mostram a que patamar chegou a corrupção no país. Antes de se pensar em quem será o próximo presidente, é preciso preocupar-se com o país que ele irá governar. O Brasil atual transmite a ideia de um país em decomposição. A autoestima da população está corroída, a desesperança se instalou na sociedade. Ao contrário do que sustentam os defensores do golpe, as instituições do país não estão funcionando normalmente. O que há no Brasil é um simulacro de normalidade institucional, cada vez menos convincente. A possibilidade de um fascista como o deputado federal Jair Bolsonaro concorrer com chances ao cargo de presidente é um dado revelador do abismo ético em que o Brasil mergulhou. O pior ainda pode estar por vir, por incrível que pareça.