sexta-feira, 1 de março de 2013

Porta arrombada

Há um ditado que expressa: "Depois da porta arrombada, a tranca de ferro". Tal é o que se verifica, no momento, com a fúria fiscalizatória sobre as condições de segurança das casas noturnas em Porto Alegre. A cada dia, vários estabelecimentos são interditados por ausência de alvará de funcionamento ou por irregularidades as mais diversas. Claro, esta ação toda é consequência da tragédia de Santa Maria, ocorrida em 27 de janeiro, em que 239 pessoas morreram devido a um incêndio na boate Kiss. O procedimento do poder público municipal de Porto Alegre é, sem dúvida, elogiável, mas, cabe perguntar, porque isto não foi feito antes? Como costuma acontecer no Brasil, foi preciso um fato de grande comoção popular para que se  tomassem providências que deveriam ser permanentes. O que, tudo leva a crer, fará com que, depois que a repercussão do acontecido em Santa Maria arrefecer, a fiscalização volte a afrouxar. Ao interditarem tantos lugares ao mesmo tempo, as autoridades municipais de Porto Alegre só deixam evidente de que não estavam realizando seu trabalho adequadamente. A leniência com irregularidades e o descumprimento de normas legais é uma característica brasileira sobejamente conhecida. Só quando há forte pressão da população e da imprensa é que as autoridades abandonam a sua habitual letargia e buscam fazer com que as leis sejam cumpridas. Por enquanto, todos querem mostrar serviço para a sociedade. Resta saber quanto tempo vai durar tamanha disposição. A experiência mostra que não deverá ser por um prazo muito longo.